A maior parte dos homens e mulheres, recebe do Senhor a chamada para santificarem-se no estado matrimonial; outros, também muitos, recebem o dom do celibato, com o qual servem à Igreja e às almas indivíso corde [2], com o coração indiviso. Em qualquer caso – seja no casamento, seja no celibato – trata-se sempre de uma vocação divina, um chamamento que o Senhor dirige a cada criatura.
Já desde os anos 30 do século passado, São Josemaria pregava com plena convicção esta realidade; tempos, nos quais a vocação à santidade era considerada quase exclusiva dos sacerdotes e daqueles que escolhiam a vida religiosa. No entanto, nosso Padre insistiu, na sua pregação e na direção espiritual com as pessoas jovens: Estás rindo porque te digo que tens “vocação matrimonial”? - Pois é verdade: isso mesmo, vocação[3].
Para a boa educação dos filhos, é preciso ajudar-lhes a adquirir a preparação adequada para escolher livremente o caminho que lhes levará a Deus. Também é uma tarefa muito própria dos pais. A Igreja sempre insistiu que os pais e mães não podem delegar esta obrigação a outras pessoas. Já Pio XI denunciou os males desse «naturalismo que (...) invade o campo da educação em matéria delicadíssima como é a honestidade dos costumes»[4]. E São João Paulo II, na exortação apostólica Familiaris consortio, reafirma que «A educação para o amor como dom de si constitui também a premissa indispensável para os pais (...). Diante de uma cultura que «banaliza» em grande parte a sexualidade humana, porque a interpreta e a vive de maneira limitada e empobrecida coligando-a unicamente ao corpo e ao prazer egoístico»[5], aqueles que são responsáveis do lar devem considerar muito seriamente, nesse papel, a dignidade da pessoa, criada a imagem e semelhança de Deus.
Neste contexto, é irrenunciável a educação para a castidade, como virtude que desenvolve a autêntica maturidade de cada homem, de cada mulher, e lhes tornam capazes de respeitar e promover a verdade de que o corpo pertence a Deus. Por isso, aqueles que presidem a família devem ter uma atenção e um cuidado especial, para discernir os sinais da chamada de Deus à educação para a virgindade, como forma suprema do dom de si mesmo que constitui o sentido intrínseco da sexualidade humana [6].
Certamente, os pais e mães podem e – em alguns casos – devem buscar o conselho de pessoas bem formadas, mas a iniciativa e a responsabilidade pertencem sempre a eles. Não devem mostrar escrúpulos ou medos de abordar estes temas. Dirijo-me especialmente aos fiéis e os Cooperadores da Obra chamados ao estado matrimonial. Com sentido sobrenatural e carinho humano, com muita liberdade, advertireis as preocupações que surgem em vossos filhos, e atuareis então com delicadeza, apoiados na oração.
[2] Cf. 1 Cor 7, 32-34.
[3] São Josemaria, Caminho, n. 27.
[4] Pio XI, Litt. enc. Divini illius Magistri, 31-XII-1929, n. 49.
[5] São João Paulo II, Exhort. ap. Familiaris consortio, 22-XI-1981, n. 37.
[6] Cf. Ibid.
(D. Javier Echevarría, Prelado do Opus Dei na carta do mês de agosto de 2015, excerto a partir do site do Opus Dei no Brasil)
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