O primeiro título deste artigo era «Ploërmel, Publier, Vendée, Béziers, Villefranche-de-Rouergue, Charleville-Mézières, (mais as outras povoações da França) e o Ser Supremo», mas o título não cabia na página, sobretudo se escrevesse o nome de todas as aldeias francesas. Assim, para poupar papel, ficou só o Ser Supremo.
Em 2006, o russo Zourab Tseretli fez uma escultura do polaco Karol Wojtyla e resolveu oferecê-la à câmara de Ploërmel. O executivo camarário ficou muito agradecido, a população gostou do monumento, mas um juiz raivoso resolveu que a coisa não ficava por ali. A condenação judicial abateu-se há dois dias sobre a povoação de Ploërmel.
A câmara de Publier colocou uma imagem de Nossa Senhora num parque. O Governador Civil achou que era liberdade a mais e resolveu agir. Para escapar à perseguição, a Câmara desfez-se da imagem por 35.000 € e vendeu também o pequeno pedaço de terreno onde estava a estátua. A fúria do Governador Civil subiu à estratosfera, porque queria que a imagem fosse destruída. A perseguição contra a povoação de Publier subiu de escalão.
Todos os anos, os funcionários do Conselho Regional de Vendée instalavam umas decorações de Natal no edifício, incluindo um pequeno presépio. Um juiz de Nantes decidiu acabar com a tradição e, para o caso de o povo não concordar, decidiu que o Presidente do Conselho Regional devia proibir as decorações de Natal. O Presidente respondeu que não era essa a sua função.
Espera-se a todo o momento a condenação judicial.
Na povoação de Béziers também há uma polémica tremenda por causa de um presépio.
Em Villefranche-de-Rouergue, os operários do caminho de ferro mantinham o costume antigo de montar um pequeno presépio, mas um agente cultural espreitou através de uma porta aberta, através do vidro do «guichet» da bilheteira, e descobriu o presépio! Chamou-se a Comissão de Ética da empresa e os Directores foram dialogar com os operários, a fim de eles retirarem livremente o presépio.
Uma aluna foi expulsa de uma escola de Charleville-Mézières por ter usado uma saia demasiado comprida: não só cobria o joelho como chegava quase ao tornozelo! Esse vestido foi considerado como indicação de convicções morais, e talvez até religiosas, o que é proibido pelos actuais responsáveis do Ministério da Educação.
Um bombom para quem adivinhar quem promove estes subsídios a favor da liberdade de pensamento!
Não! Frio! Frigidíssimo!... Tente outra vez. Está muito longe...
Estas pérolas são promovidas pela Federação «Libre Pensée» (Liberdade de Pensamento), que anda nisto há muitos anos, herdeira ideológica dos jacobinos da Revolução Francesa. O seu lema é «Ni Dieu, ni maître, à bas la calotte et vive la sociale!» (Nem Deus, nem mestre, abaixo a tonsura [abaixo os padres] e viva a [revolução] social!».
No dia em que escrevo, a festa do Ser Supremo completaria exactamente 221 anos. Foi instituída no dia 7 de Maio de 1794 pela Convenção Nacional (Parlamento francês), para acabar com todas as festas católicas. Foi um momento emblemático daquele período conhecido como o Grande Terror, porque 17 mil pessoas foram guilhotinadas nesse ano e muitas outras foram presas e maltratadas. As actas do Parlamento dizem que o novo feriado foi uma inspiração do líder do Terror jacobino, Robespierre, mas provavelmente o Demónio teve a ideia primeiro. O Ser Supremo, que se opõe a Deus e não suporta a liberdade, o Ser Supremo que sente prazer em destruir a vida humana, o Ser Supremo inchado de vaidade, grita e festeja-se a si próprio. Hip hip! Hurra! Viva eu! Quem há no mundo mais supremo do que eu?
(Deus é tão diferente!).
José Maria C.S. André
«Correio dos Açores», «Verdadeiro Olhar», «ABC Portuguese Canadian Newspaper»,
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