O Baptismo recorda-nos que a fé não é obra do indivíduo isolado
A transmissão da fé verifica-se, em primeiro lugar, através do Baptismo. Poderia parecer que este sacramento fosse apenas um modo para simbolizar a confissão de fé, um acto pedagógico para quem precise de imagens e gestos, e do qual seria possível fundamentalmente prescindir. Mas não é assim, como no-lo recorda uma palavra de São Paulo: « Pelo Baptismo fomos sepultados com Cristo na morte, para que, tal como Cristo foi ressuscitado de entre os mortos pela glória do Pai, também nós caminhemos numa vida nova » (Rm 6, 4); nele, tornamo-nos nova criatura e filhos adoptivos de Deus. E mais adiante o Apóstolo diz que o cristão foi confiado a uma « forma de ensino » (typos didachés), a que obedece de coração (cf. Rm 6, 17): no Baptismo, o homem recebe também uma doutrina que deve professar e uma forma concreta de vida que requer o envolvimento de toda a sua pessoa, encaminhando-a para o bem; é transferido para um novo âmbito, confiado a um novo ambiente, a uma nova maneira comum de agir, na Igreja. Deste modo, o Baptismo recorda-nos que a fé não é obra do indivíduo isolado, não é um acto que o homem possa realizar contando apenas com as próprias forças, mas tem de ser recebida, entrando na comunhão eclesial que transmite o dom de Deus: ninguém se baptiza a si mesmo, tal como ninguém vem sozinho à existência. Fomos baptizados.
Lumen Fidei, 41
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