É sempre assim!
Sinto vontade de escrever, pego na folha branca e … nada!
E fico a olhar o branco imaculado, provavelmente à espera que surja um qualquer texto, que me toque e me arranque de uma letargia espiritual em que me parece ter caído.
É que não sinto aquela exaltação interior, aquela sensação da presença d’Ele junto de mim, dentro de mim, aquela voz que comanda a palavra que já sai escrita do coração, para apenas ser dada ao papel.
Torna-se árido o escrever e no entanto a vontade de colocar palavras no papel, ou melhor, de exprimir o que sinto, escrevendo, é mais forte que a falta das palavras.
Como é que se escreve o que não é “escrevível”?
Como é que se escreve transmitindo o sentimento de: Eu sei que estás aí, mas não Te sinto!
Há um vazio, mas não é um vazio sem nada, é um vazio de uma presença real, mas que não sinto … e me esvazia.
Me esvazia!!! Preciso de esvaziar-me de mim!
Preciso de deixar de querer, para passar a crer.
Preciso de deixar de gostar, para decididamente amar.
Preciso de apenas querer sentir, para definitivamente viver.
Calmamente espero sentir-Te, espero o regresso da exaltação interior e … nada!
Apenas e tão só esta certeza absoluta, real e verdadeira de que estás aqui, de que estás comigo, e de que não preciso de Te sentir, para Te ter.
Afinal sempre há palavras que escrevem o “inscrevível”!!!
Monte Real, 23 de Maio de 2014
Joaquim Mexia Alves
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