Nos meses passados, referi-me às verdades da fé contidas nos
artigos do Credo. Quero agora ajudar-vos e ajudar-me a tirar consequências que
impregnem desta virtude a nossa existência, nos próximos meses. Ou seja,
meditar em como a fé se há de traduzir na atuação diária,
de forma que ilumine realmente a nossa mente, fortaleça a nossa vontade e
abrase o nosso coração, para levarmos o conhecimento e o amor de Deus à nossa
vida e a todas as almas.
O ponto de partida consiste em confiar plenamente que temos na Igreja a
plenitude dos meios de santificação, que Cristo nos deixou. Destacam-se, entre
outros, a receção dos Sacramentos, o cumprimento dos Mandamentos de
Deus e da Igreja e a oração, como a Encíclica Lumen fídei resume.
Os Sacramentos são ações de Cristo com as quais a Sua Santíssima
Humanidade, gloriosa no Céu, se põe em contacto imediato e direto com
as almas, para as santificar. Além disso, o Espírito Santo segue também outras
vias, desconhecidas para nós, com que atrai as pessoas. Contudo, o Papa lembra
que a nossa cultura perdeu a noção desta presença concreta de Deus, da
Sua ação no mundo; pensamos que Deus só Se encontra no Além, noutro
nível de realidade, desligado das nossas relações concretas. Mas se fosse
assim, isto é, se Deus fosse incapaz de agir no mundo, o Seu Amor não seria
verdadeiramente poderoso, verdadeiramente real [5].
Vejamos de novo os ensinamentos de S. Josemaria, plasmados já nos seus
anos de juventude, quando escrevia: é preciso convencermo-nos
de que Deus está junto de nós continuamente. – Vivemos
como se o Senhor estivesse lá longe, onde brilham as estrelas, e não
consideramos que também está sempre ao nosso lado.
E está como um pai amoroso – quer mais a cada um
de nós do que todas as mães do mundo podem querer a seus filhos – ajudando-nos,
inspirando-nos, abençoando... e perdoando (...). É necessário que nos
embebamos, que nos saturemos de que é Pai e muito Pai nosso, o Senhor que
está junto de nós e nos Céus [6].
Isto vive-se especialmente ao recebermos a absolvição sacramental e a Eucaristia.
Animados por esta convicção de fé, que segurança se adquire no perdão e na
proximidade do Senhor, que paz se derrama também na alma, e como seremos
capazes de contagiar esta serenidade à nossa volta! Por isso, não me cansarei
nunca de insistir em que, cada vez que recorremos aos Sacramentos, o façamos
com a plena certeza de que é o Espírito Santo que nos atrai, por Jesus Cristo,
ao amor do Pai.
[5]. PAPA
FRANCISCO, Carta enc. Lumen fídei, 29-VI-2013 n. 17.
[6]. S. JOSEMARIA, Caminho, n. 267.
(D. Javier Echevarría, Prelado do Opus
Dei na carta do mês de dezembro de 2013)
© Prælatura Sanctæ
Crucis et Operis Dei
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