“(A Igreja) deve despojar-se hoje de um perigo gravíssimo, que ameaça cada pessoa na Igreja, todos: o perigo da mundanidade. O cristão não pode conviver com o espírito do mundo”, alertou, na chamada ‘sala do despojamento’ de São Francisco, na sede da diocese local.
No local em que o santo de Assis se despojou de todas as suas posses, há oito séculos, o Papa quis evocar as pessoas que foram “despojadas por este mundo selvagem que não dá trabalho, que não ajuda”.
“Não importa se há crianças a morrer de fome, não importa se tantas famílias não têm o que comer, não têm a dignidade de levar pão para casa; não importa se tanta gente tem de fugir da escravidão, da fome e fugir”, lamentou.
Francisco evocou as centenas de vítimas do naufrágio que aconteceu esta quinta-feira ao largo da ilha italiana de Lampedusa: “Hoje é um dia de pranto”.
O Papa deixou de lado o discurso que tinha preparado e comentou as notícias e "fantasias" dos jornalistas que nos últimos dias davam conta da sua intenção de “despojar a Igreja” em Assis, dando como exemplo "as roupas dos bispos, dos cardeais” e de si próprio.
“Esta é uma boa ocasião para convidar a Igreja a despojar-se, mas a Igreja somos todos, todos: desde o primeiro batizado, todos somos Igreja”, declarou.
“Quando os media falam de Igreja, pensam que a Igreja são os padres, as irmãs, os bispos, os cardeais e o Papa, mas a Igreja somos todos nós”, prosseguiu.
Francisco apontou por diversas vezes a mundanidade como principal mal a combater no seio da Igreja, para evitar “a vaidade, o orgulho, que é a idolatria”.
“Dinheiro, vaidade, orgulho. Essa estrada… nós não podemos (percorrê-la). É triste anular como uma mão aquilo que se escreve com a outra: o Evangelho é o Evangelho, Deus é único”, advertiu, frisando que é impossível conceber um Cristianismo “sem cruz, sem Jesus, sem despojamento”.
"Isso tornarnor-nos-ia cristãos de pastelaria, como lindos bolos, como lindas coisas doces... Lindíssimo, mas não cristãos de verdade", observou.
Para Francisco, é “ridículo” que um cristão queira seguir a “estrada desta mundanidade”, que para si representa uma “atitude homicida”, porque “mata a alma, mata as pessoas, mata a Igreja”.
“Que o Senhor nos dê a todos a coragem de nos despojarmos - não de 20 liras (N. 'Spe Deus': equivalente a 1 cêntimo de Euro), não- , despojar-mo-nos do espírito do mundo, que é a lepra, o cancro da sociedade”, concluiu.
Agência Ecclesia
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