Nunca um Papa teve, num certo sentido, tão pouco "sucesso".
Passou de polémica em polémica:
- crise com o Islão depois do seu discurso de Ratisbona, onde evocou a violência religiosa;
- deformação das suas palavras sobre a Sida durante a primeira viagem à África, que suscitou um protesto mundial;
- vergonha sofrida pelo explodir da questão dos sacerdotes pedófilos, por ele enfrentada;
- o caso Williamson, onde o seu gesto de generosidade em relação aos quatro bispos ordenados por D. Lefebvre (o Papa revogou as excomunhões) se transformou numa reprovação mundial contra Bento XVI, porque não tinha
sido informado sobre os discursos negacionistas da Shoah feitos por um deles;
- incompreensões e dificuldades de pôr em ação o seu desejo de transparência quanto às finanças do Vaticano;
- traição de uma parte do seu grupo mais próximo no caso Vatileaks, com o seu mordomo que subtraiu cartas confidenciais para as publicar...
Não teve nem sequer um ano de trégua. Nada lhe foi poupado.
Às violentas provações físicas do pontificado de João Paulo II, ao atentado e ao mal de Parkinson, parecem corresponder as provações morais de rara violência desta litania de contradições sofrida por Bento XVI.Ao renunciar, o Papa eclipsa-se.
À própria imagem do seu pontificado.
Mas só Deus conhece o poder e a fecundidade da humildade.
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Jean-Marie Guénois
In Le Figaro Magazine, 15-16.2.2013
Transcrição: L'Osservatore Romano
© SNPC | 25.02.13
In Le Figaro Magazine, 15-16.2.2013
Transcrição: L'Osservatore Romano
© SNPC | 25.02.13
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