Bento XVI presidiu hoje no Vaticano uma cerimónia de agradecimento a Deus pelo ano que passou, pedindo que 2013 traga mais espaço para o silêncio e para as boas notícias.
“O mal faz mais barulho do que o bem: um assassinato brutal, a propagação da violência, injustiças graves fazem notícia; pelo contrário, os gestos de amor e de serviço, o cansaço quotidiano suportado com fidelidade e paciência, muitas vezes na sombra, não aparecem”, referiu o Papa, na homilia da cerimónia.
Bento XVI sustentou, neste contexto, que as pessoas não se podem limitar “apenas às notícias” para perceber “o mundo e a vida”.
“Temos de ser capazes de permanecer no silêncio, na meditação, na reflexão calma e prologada; devemos saber parar para pensar”, prosseguiu.
De acordo com o Papa, esta é uma maneira de encontrar “cura” para as “feridas inevitáveis do quotidiano” e chegar à “sabedoria que permite avaliar as coisas com olhos novos”.
A cerimónia incluiu a proclamação do hino ‘Te Deum’ (nós te louvamos, Senhor), um dos mais antigos hinos litúrgicos da Igreja, que se canta em celebrações solenes de ação de graças.
“Qualquer que seja o andamento do ano, fácil ou difícil, estéril ou rico de frutos, nós damos graças a Deus”, disse Bento XVI, numa reflexão a partir deste hino.
O Papa destacou que no ‘Te Deum’, cantado neste dia em milhares de igrejas, se encontra uma “sabedoria profunda”: “Esta sabedoria faz-nos dizer que, apesar de tudo, há bem no mundo e este bem está destinado a vencer graças a Deus, o Deus de Jesus Cristo, incarnado, morto e ressuscitado”.
Projetando 2013, no qual a Igreja Católica prossegue o Ano da Fé iniciado em outubro, Bento XVI deixou votos de que os próximos meses levem a uma “maior consciência de que o encontro com Cristo é a fonte da verdadeira vida e de uma esperança sólida”.
“A fé arrisca-se a ficar obscurecida em contextos culturais que obstaculizam o seu enraizamento pessoal e a sua presença social”, alertou.
O Papa desafiou os crentes à “coerência de vida”, em particular os que são pais, para que deem um exemplo enquanto “educadores da fé”.
Dirigindo-se aos fiéis de Roma, Bento XVI destacou a “complexidade da vida numa grande cidade” e a cultura que “muitas vezes surge com indiferente na relação com Deus”.
Este testemunho, frisou o Papa, implica o apoio aos que vivem “situações de pobreza e de marginalização, bem como as famílias em dificuldade, especialmente quanto têm de assistir pessoas doentes e com deficiência”.
O primeiro dia de 2013 vai ser assinalado por Bento XVI por uma missa na Basílica do Vaticano, pelas 09h30, na solenidade litúrgica de Maria Santíssima, Mãe de Deus, e 46.º Dia Mundial da Paz.
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