Comentário sobre o evangelho de Lucas, 7,73; SC 52
«Um homem descia de Jerusalém para Jericó». […] Jericó é o símbolo do mundo para o qual, depois de ter sido expulso do Paraíso, ou seja, da Jerusalém celeste, Adão desceu. […] O exílio de Adão não consiste numa mudança de lugar, mas de comportamento. E que mudança! Este Adão que usufruía de uma felicidade sem preocupações, quando se abaixou aos pecados deste mundo, deparou com os salteadores. […] E quem são estes salteadores, senão os anjos da noite e das trevas, que por vezes se disfarçam em anjos de luz (2Cor 11, 14), mas que não podem sê-lo durante muito tempo? Eles começam por nos despojar das vestes da graça espiritual que recebemos, e é assim que geralmente nos ferem. […] Tem pois o cuidado de não te deixares despojar como Adão, que foi privado da protecção dos mandamentos de Deus e desprovido das vestes da fé. Foi por isso que recebeu um ferimento mortal, ao qual todo o género humano teria sucumbido se o Samaritano não tivesse vindo curar essas feridas horrendas.
Mas este Samaritano não é qualquer um: é aquele que não desdenhou o homem que o sacerdote e o levita desdenharam. […] Este Samaritano descia; ora, «ninguém subiu ao céu, a não ser Aquele que desceu do céu, o Filho do Homem» (Jo 3, 13). Vendo meio morto este homem que ninguém tinha podido curar, […] aproximou-Se dele; ou seja, aceitando sofrer connosco, fez-Se nosso próximo e, exercendo de misericórdia para connosco, fez-Se nosso vizinho.
(Fonte: Evangelho Quotidiano)
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