Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (Norte de África), doutor da Igreja
Sermão 98
«Desperta, tu que dormes, levanta-te de entre os mortos, e Cristo brilhará sobre ti» (Ef. 5,14). [...] Diz-se frequentemente, acerca daqueles que estão visivelmente mortos, que estão a dormir; e de facto, para Aquele que pode acordá-los, estão todos a dormir. Para ti, um morto é um morto: bem podes tocar-lhe, sacudi-lo [...], que ele não acorda. Mas para Cristo, aquele a quem ordenou «Levanta-te!» estava apenas adormecido, e logo se levantou (Lc 7,14). É fácil acordar alguém adormecido em seu leito; com mais facilidade, ainda, acorda Cristo um morto no seu túmulo [...].
«Senhor, já cheira mal, pois já é o quarto dia» (Jo 11,39). Mas o Senhor, para Quem tudo é fácil, aproxima-Se [...]. À voz do Salvador não há ligaduras que prendam; as forças da morada dos mortos vacilam e Lázaro está de volta à vida [...]. Pela vontade vivificadora de Cristo, até este morto há já quatro dias estava apenas a dormir.
Reflecte, porém, sobre o carácter desta ressurreição. Lázaro, saído vivo do túmulo, estava ainda incapaz de caminhar. Por isso o Senhor ordenou aos seus discípulos: «Desligai-o e deixai-o andar.» Cristo ressuscitou-o; eles libertaram-no das ligaduras. A verdadeira majestade do Deus que ressuscita os mortos está bem patente neste relato. A Palavra da vida (1Jo 1,1) exorta os que estão acorrentados pelos próprios maus hábitos. [...] Vivamente admoestados, tais pecadores regressam a si mesmos; começam a rever a sua vida e a sentir o peso dos grilhões dos seus maus hábitos. Têm vergonha e decidem mudar de vida: e nesse momento ressuscitam, regressados à vida, pois condenam aquela sua antiga maneira de viver. Mas, ainda que de novo vivos, não conseguem ainda caminhar [...]; as ligaduras têm de lhes ser tiradas. Eis o ministério que o Senhor confiou aos Seus discípulos, quando lhes disse: «Tudo o que ligardes na Terra será ligado no Céu, e tudo o que desligardes na Terra será desligado no Céu» (Mt 18,18).
(Fonte: Evangelho Quotidiano)
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