Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

terça-feira, 13 de março de 2012

Ao serviço da paz


A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro teve a iniciativa de colaborar no Dia Internacional da Mulher prestando homenagem às que chamou Mulheres de Paz.


Tudo se baseou no facto de, por numerosas vezes, terem sido distinguidas com o Prémio Nobel da Paz, sendo a primeira vez em 1905. É interessante recordar que tal prémio foi inspirado pela baronesa checoslovaca Bertha von Suttner, que convenceu o próprio Alfredo Nobel à criação dessa espécie entre os prémios que espalharam o seu nome, tendo sido ela quem primeiro o recebeu, em 1905, depois de se notabilizar com um livro chamado Abaixo as Armas (1887), um trabalho que lhe granjeou notoriedade excecional, não apenas nos meios intelectuais e artísticos, mas também entre os políticos que não impediriam a guerra de 1914-1918.


A lista impressionante que se seguiu incluiu Jane Addams (1931), que foi galardoada com a menção de demonstrar "a posse das mais excelentes qualidades femininas, que tornaram possível a paz e a sua extensão a toda a terra", tendo sido presidente da Liga Internacional de Mulheres pela Paz e Liberdade.


Seguiram-se Emily Balch (1946) pelo "melhor trabalho em prol da fraternidade, do entendimento entre as Nações, de abolição ou redução do armamento e da celebração de encontros em favor da paz"; Mairead Corrigan e Betty Williams (1976) pela luta pela paz entre o IRA e o Exército Britânico; a Madre Teresa de Calcutá (1979) "em nome dos famintos, dos pobres e dos que se sentem abandonados"; segue-se Alva Myrdal (1982), devotada à pobreza do então chamado terceiro- -mundo; Aung San Suu Kyi (1991), vítima da opressão militar na Birmânia, sofrendo longos anos de detenção; Rigoberta Menchú (1992), uma trabalhadora das plantações de café na Guatemala, índia submetida de criança à violência contra os nativos e chegando a inspiradora (1993) do Ano dos Povos Indígenas; Jody Williams (1997), coordenadora da Campanha Internacional contra as Minas, uma das mais mortíferas contribuições da indústria dos países do Norte rico para as lutas na geografia da pobreza e que, nessa data, se estimava produzirem 30 mil vítimas por ano, em regra civis; em 2003 Shirin Ebadi foi a primeira iraniana a ser galardoada pela defesa dos direitos humanos; em 2004 a queniana Wangari Maathai, doutora em Anatomia, pela fundação do Movimento Pan-African Green Belt Network; em 2011, Ellen John- son-Sirleaf, 24.ª presidente da Libéria, pelo seu trabalho no governo; em 2011, Ley- mah Gbowee, nascida em Monróvia, em conjunto com a compatriota Sirleaf e a iemenita Tawakel Karman, pelos serviços a favor da paz, incluindo, quanto à última, o Movimento de Mulheres Jornalistas sem Correntes.


Quando se compara a motivação que predominantemente orientou a outorga destes Prémios Nobel a mulheres, com a que orientou a atribuição a homens, muitos deles com altas responsabilidades governamentais, parece evidente que para elas é a segurança dos direitos humanos o valor dominante, enquanto para os restantes é o fim ou prevenção de conflitos militares que domina, servindo de exemplo, em conflitos de qualificação diferente na polemologia, os casos de Churchill e Mandela. Sobretudo o último, pelo trajeto que vai da revolta armada à santidade da pregação da paz entre as etnias numa só república multi étnica e multicultural.


Mas se os conflitos armados não terminaram, e se as ameaças de recorrer às armas, interna ou internacionalmente, se multiplicam, é evidente que a falta de sustentação dos direitos humanos, como a ONU sublinhara já na década de sessenta do século passado, é uma ameaça tão severa como a das armas atómicas.


Nesta viragem do Milénio, em que a fronteira da pobreza se deslocou para o norte do Mediterrâneo, colocar o acento tónico na sustentação de direitos humanos é um serviço urgente e que merece todo o reconhecimento. Sobretudo porque nos países abrangidos pela deslocação da fronteira da pobreza, "os Estados reconhecem o direito fundamental que toda a pessoa tem de estar ao abrigo da fome". O texto é de 1966.


Adriano Moreira in DN online

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