Balduíno de Ford (?- c. 1190), abade cistercience
O Sacramento do altar, 3, 2
O que faz a verdadeira beatitude é o santo repouso e a santa saciedade dos quais o sábado e o maná são símbolos. Após ter dado ao seu povo repouso e saciedade com o sábado e o maná que prefiguravam a verdadeira beatitude que dará aos que obedecem, o Senhor censura-lhes a sua desobediência, que pode fazê-lo perder os bens mais desejáveis: «Até quando se recusarão a cumprir os Meus mandamentos e a Minha lei?» (Ex 16, 28) [...]. Após esta pergunta do Senhor, Moisés convida os seus irmãos a considerarem as graças de Deus: «Pensem que o Senhor vos deu o sábado e o dobro de maná no sexto dia para consentirem em servi-Lo.» Esta advertência significa que Deus dará aos Seus eleitos o repouso da sua labuta e os consolos da vida presente e também da vida futura.
Mas, para além disso, são-nos sugeridas duas vidas nesta passagem: a vida activa na qual precisamos agora de trabalhar, e a vida contemplativa para a qual trabalhamos e na qual nos dedicaremos unicamente à contemplação de Deus. Embora pertença sobretudo ao mundo que está para vir, a vida contemplativa deve estar, no entanto, representada já desde esta vida pelo santo repouso do sábado. A propósito deste repouso, Moisés acrescenta: «Que todos fiquem em suas casas; ninguém deve sair no dia do sábado.» Dito de outro modo: Que todos repousem nas suas casas e não saiam para fazer qualquer trabalho nesse dia. Isto ensina-nos que, na altura da contemplação devemos ficar em casa, não sair por desejos interditos, mas reunir toda a nossa intenção «pela pureza do coração» [como diz São Bento], para pensar somente em Deus e amá-Lo somente a Ele.
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