«Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens de boa vontade» (Lc 2, 14). É assim que São Lucas nos narra como os Anjos naquela Noite louvaram o Menino Jesus, que acabava de nascer. A Igreja, disse o Papa, ampliou este hino de júbilo sobre a glória de Deus. «Nós vos damos graças pela vossa imensa glória». Nós vos damos graças pela vossa beleza. E pela vossa grandeza. E pela vossa imensa bondade, que nesta Noite se torna especialmente visível para nós.
A manifestação do que é belo torna-nos felizes. Exactamente por isso, diante da beleza — ao contrário de outras coisas — não nos interrogamos pela sua utilidade. «A glória de Deus, da qual provém toda a beleza — continuava Bento XVI — faz explodir em nós o deslumbramento e a alegria». Aquele que contempla a Deus — recém-nascido, indefeso, envolto em panos, deitado numa manjedoura — sente-se feliz. E não sabe muito bem explicar porquê.
São Lucas não nos diz que os Anjos cantaram. Diz-nos, isso sim, que eles louvaram a Deus (cfr. Lc 2, 13). Mas desde sempre os homens souberam que a linguagem dos Anjos é diferente da nossa. Nesta Noite, tal louvor dos espíritos celestes foi um canto no qual brilhou a glória, a bondade e a beleza do nosso Deus. É uma música que nos convida a aderir ao louvor da milícia celeste com o coração fascinado: Deus fez-se homem e veio habitar no meio de nós!
Os cânticos de Natal estão presentes nos quatro cantos da Terra. Porque cantam os homens na Noite de Natal? Porque experimentam uma grande alegria. E também porque não querem guardar essa alegria somente para si. Algo parecido aconteceu com os Anjos. Cantar é uma nova dimensão da fala. É um modo novo de comunicar-se. Uma comunicação que possui características magníficas e inefáveis.
Com o cântico o amor torna-se audível. Com o cântico suportamos com mais facilidade as aflições. Crescemos na esperança no meio das dificuldades. Permanecemos no amor mesmo quando ele é posto à prova. Cantamos — mesmo que seja somente no nosso interior — porque sentimos alegria e queremos comunicá-la. Ninguém canta com o coração amargurado.
Esta Noite convida-nos a cantar com os Anjos. Oxalá se recupere em muitas famílias cristãs o costume de cantar na Noite de Natal! Onde? Primeiro, na Missa do Galo. Depois, lá em casa, ao redor do presépio, antes de abrir os presentes. Não nos esqueçamos — pelo amor de Deus — de Quem é que faz anos nesta Noite!
Um cântico de Natal provém de uma alegria simples e profunda — não do excesso de álcool! E de onde vem essa alegria? A alegria genuína — ao contrário da “alegria mundana” — procede sempre do Amor. E o Amor — com letra maiúscula — é a mensagem principal da Noite de Natal. Somos amados por Deus! Veio à Terra para nos salvar! E também veio à Terra para nos animar a cantar com os Anjos na Noite de Natal.
Pe. Rodrigo Lynce de Faria
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