Sou sindicalizada por uma questão de princípio, ou seja para contribuir que se possam manifestar vozes discordantes de quem tem o poder.
Nem sei bem a que sindicato pertenço, mas creio que é ao dos Professores da Zona Sul, que pouco tem a ver com o Ensino Superior.
Nunca concordei com greves pontuais no Ensino Superior, porque o patrão Estado é suficientemente ...ignorante para não dar pelo prejuízo e sai favorecido ao arrecadar os nossos vencimentos. O patrão privado perde o lucro que retiraria do trabalho desse dia. O patrão Estado nem sabe quantificar esse lucro, e muito menos o prejuízo.
Não vi ainda nenhum partido ou sindicato defender a expulsão da Alemanha da Europa, por falta de solidariedade europeia.
Porquê? Porque todos admitem que precisam do capital (nem que seja de credibilidade) da Alemanha.
Todos se regem pelo vil metal, não abdicando dele em prole de valores mais altos como a solidariedade social, a soberania ou melhor ainda o bem-estar e a felicidade (que ao contrário do que nos vendem não resultam da acumulação e boa ordem nas contas do referido metal).
Ou seja, na prática a esquerda e a direita já não disputam sobre a manutenção ou destruição do capitalismo, mas apenas sobre a forma de o gerir.
O capitalismo de estado em que estamos transformados (ninguém pode investir em nada ou desenvolver nada, se o Estado não deixar) está-se auto-destruindo, sustentado por uma alternância de poderes entre esquerda e direita, que mais não serve que para prolongar a sua agonia.
Vejamos donde virá a criatividade para acabar com ele e criar uma sociedade mais humana, criativa, divertida, calorosa e feliz. Lamentavelmente não serão com certeza os sindicatos, entretidos como estão a contar espingardas para saber quem tem direito a reger o actual sistema, que vão contribuir para a sociedade que gostaria de ver instalada.
Não faço, portanto, greve, porque o seu resultado não me interessa.
Se o objectivo final fosse outro, faria greve até de meses e passaria fome se tal fosse necessário.
A frase de 1968 «Sejamos realistas, exijamos o impossível!» continua actual.
Por estranho que pareça é o que fazem sistematicamente os católicos quando criam e põem a funcionar, contra todas as marés, as mais diversas instituições de solidariedade social, em que insistem em não ser orientados pelo vil metal, mas pela sua vontade de agradar a Deus. Estranho, não é?
Margarida Reis (resposta ao delegado sindical da universidade em que lecciona)
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