Credibilidade do cristianismo é questão fundamental para Bento XVI
Na sua obra ‘Jesus de Nazaré’, com dois volumes publicados até ao momento, o autor considera mesmo esta questão como o “ponto decisivo” da sua investigação.
“Se se pudesse de modo verdadeiramente científico demonstrar que é impossível a historicidade das palavras e dos acontecimentos essenciais, a fé perderia o seu fundamento”, observa, no seu último livro, lançado em março.
O tema volta a estar na ordem do dia com o lançamento do livro ‘O último segredo’, do jornalista e escritor português José Rodrigues dos Santos, ontem apresentado em Lisboa, no qual este aponta “fraudes” nos textos do Novo Testamento, os mais importantes do cristianismo (N. Spe Deus: cada um é livre de dizer e escrever os disparates que quiser, mas entre Joseph Ratzinger e escritor português existem anos luz de distância no que a cultura e capacidade intelectual diz respeito).
Para Joseph Ratzinger, a história não basta: “Se a certeza da fé se baseasse exclusivamente numa certificação histórico-científica, continuaria a ser sempre passível de revisão”.
O Cristo de Joseph Ratzinger não é um revolucionário político ou um “simples reformador que defende os preceitos judaicos”, menos ainda “uma personalidade religiosa falhada”, como o próprio definiria Jesus de Nazaré, caso este não tivesse ressuscitado.
À imagem do que fizera em 2007, no primeiro volume desta obra de reflexão bíblica e teológica, Bento XVI centra-se na figura de Cristo que é apresentada pelos Evangelhos canónicos (Marcos, Mateus, Lucas e João), considerando estes livros como as principais fontes credíveis para chegar ao Jesus “real”.
Neste sentido, Joseph Ratzinger sustenta que a “fé bíblica não narra histórias como símbolos de verdades metahistóricas, mas funda-se na história que aconteceu sobre a superfície desta Terra”.
Esta verificabilidade histórica alarga-se ao início da “própria Igreja”, com Bento XVI a afirmar que a Igreja primitiva “encontrou (não inventou!)” [sic] elementos fundamentais para a sua unidade.
Logo no prefácio da obra, o Papa aponta as limitações do método histórico-crítico, uma abordagem aos textos que, através do estudo e pesquisa bíblica, procura levar em conta o contexto histórico que envolve o texto, fazendo uma avaliação crítica de todas as relações desta informação com o sentido do texto.
Para Joseph Ratzinger, essa abordagem “já deu o que de essencial tinha para dar” e considera mesmo que “o «Jesus histórico», como aparece na corrente principal da exegese crítica a partir dos seus pressupostos hermenêuticos, é demasiado insignificante no seu conteúdo para ter podido exercer tão grande eficácia histórica”.
Uma terceira parte de ‘Jesus de Nazaré’ está a ser escrita por Bento XVI, que vai abordar os chamados «Evangelhos da infância».
Toda a obra começou a ser elaborada nas férias de 2003, antes da eleição de Joseph Ratzinger como Papa.
OC
Agência Ecclesia
Nota Spe Deus: obrigado à Agência Ecclesia por este oportuno artigo.
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