Todos os estudiosos antigos e modernos estão de acordo em que as duas primeiras cartas de São Paulo foram a 1ª e a 2ª aos Tessalonicenses, escritas em Corinto, nos anos 50-52. Só um ou outro autor propõe a possibilidade, ainda que menos provável, de que tenha sido a Epístola aos Gálatas o primeiro escrito Paulino, redigido, nesse caso, pelo ano 49. As duas cartas aos Tessalonicenses contém o ensino de São Paulo a propósito de algumas questões levantadas pelos cristãos de Tessalónica, que então só há alguns meses se tinham convertido à fé, na primeira fase da segunda viagem missionária.
Fundamentalmente tratam da Parusía ou segunda vinda de Cristo e a ressurreição dos mortos, acerca das quais os neófitos de Tessalónica tinham ideias pouco claras e inquietações preocupantes. O Apóstolo desconhece o tempo de tais acontecimentos, pois não foi revelado e põe a ênfase na atitude espiritual da vigilância, seguindo os ensinamentos do Senhor, para nos encontre preparados, qualquer que seja o tempo da Sua vinda. Apresenta particular dificuldade a manifestação do «homem da iniquidade», o «Anticristo», sobre o qual também não se sabe, em última análise, quando aparecerá. Os Tessalonicenses não se devem inquietar, nem perder o tempo fazendo elucubrações sobre estas coisas, mas devem procurar viver santamente e trabalhar com honestidade; chega a admoestá-los: «Se alguém não quiser trabalhar, que também não conta».
As Epístolas aos Tessalonicenses, escritas uns vinte anos depois da morte de Nosso Senhor, são seguramente os dois escritos mais antigos do Novo Testamento (uma vez que o Evangelho de São Mateus só se conserva na sua redacção grega posterior) e, além dos seus ensinamentos perenes, abrem-nos o coração daqueles primeiros cristãos, recentes na fé, e da vida daquela comunidade, uma das primeiríssimas Igrejas fundadas por São Paulo no continente europeu.
(Bíblia Sagrada anotada pela Faculdade de Teologia da Universidade de Navarra – Volume II, edição em língua portuguesa – Edições Theologica – Braga – As Epístolas de São Paulo – pág. 436-437)
Continua
Sem comentários:
Enviar um comentário