Por que
é que, na sua opinião, um homem de 2003 precisaria de Cristo?
É fácil
perceber que as coisas proporcionadas por um mundo meramente material – ou mesmo
intelectual - não atendem à necessidade mais profunda, mais radical, que existe
em todo o homem: porque - como dizem os Padres da Igreja - o homem anseia pelo infinito.
Parece-me que precisamente o nosso tempo, com as suas contradições, os seus desesperos,
o seu massivo empenho em refugiar-se em becos sem saída como a droga, manifesta
visivelmente essa sede do infinito, e apenas um amor infinito que, apesar de tudo,
penetrasse na finitude, convertendo-se diretamente num homem como eu [ou seja.
Cristo],
poderia ser a resposta.
É certamente
um paradoxo que Deus, o Imenso, tenha entrado no mundo finito como uma pessoa
humana. Mas é precisamente a resposta de que necessitamos: uma resposta infinita
que, mesmo assim, se torna aceitável e acessível para mim, "acabando"
numa pessoa humana que, no entanto, é o Infinito.
(Cardeal Joseph Ratzinger em entrevista a António Socci, em ‘Il Giornale’,
26.11.2003)
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