Nas vésperas da beatificação do Cardeal John Henry Newman que será presidida pelo Papa Bento XVI na sua próxima visita ao Reino Unido que começa no dia 16 de Setembro, o Ex-Primeiro Ministro britânico Tony Blair escreve um artigo no qual salienta a "coragem intelectual" de ambos, que não temem a impopularidade por defender sempre a verdade e "oporem-se com ferocidade ao relativismo".
No texto titulado "O Papa e Newman" publicado no L'Osservatore Romano, Blair destaca que Bento XVI está "em profunda sintonia com o espírito e as ideias do Newman" cuja profundidade "nos estudos históricos o levaram a deixar o anglicanismo por Roma" e cujos escritos e ideias sempre tiveram "a verdade espiritual por cima de todos os outros valores".
Quando John Henry Newman estava ainda por ingressar na Igreja Católica de maneira formal, recorda Blair, escreveu: "ninguém além de mim pode ter uma visão tão desfavorável da situação actual dos católicos". Esta afirmação, diz o Ex-Primeiro Ministro, "não é a mais diplomática, mas isto não lhe importava, porque fazia o que lhe parecia justo embora isto fosse incómodo e impopular ao final".
"Este valor intelectual é admirável – prossegue – é algo que muitos católicos apreciam em Bento XVI. As ideias do Cardeal Newman não podem ser expressas facilmente num breve artigo. ‘Homem de consciência é quem não adquirisse nunca indulgência, bem-estar, êxito, prestígio público e aprovação à opinião pública à custa da verdade’, escrevia. É um parecer duro em um mundo no qual, em grande medida, são os meios que formam a opinião".
Embora "as diferenças entre nosso mundo e o de Newman sejam grandes, as questões sobre as que escreve não deixam de interpelar a todo católico e político", afirma Blair quem também ressalta a grande importância que conferia o Cardeal ao papado.
O ex-Primeiro Ministro se refere também à importância do Cardeal Newman na introdução do conceito do desenvolvimento, uma ideia chave dentro e fora da Igreja: "É provável que hoje não usaríamos as expressões ‘objectivos de desenvolvimento do milénio’ ou ‘desenvolvimento internacional’ se é que Newman não tivesse usado pela primeira vez esta palavra na teologia", explica.
Depois de comentar que "Newman seria um forte aliado da promoção de diversas formas de diálogo entre as religiões graças à sua teoria do desenvolvimento embora pudesse parecer o contrário", Blair recorda que o Cardeal "como o Papa Bento, opunha-se com ferocidade ao relativismo".
Blair conclui seu artigo assinalando que "ninguém poderá duvidar sobre o facto de que (o Cardeal Newman) foi e é um Doutor da Igreja. Chegará o tempo em que será declarado como tal".
(Fonte: ‘ACI Digital’ com adaptação de JPR)
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