A direita portuguesa está confusa com as presidenciais. Uns não percebem a passividade de Cavaco com Sócrates. Outros não entendem porque é que, se acha o país numa situação insustentável, Cavaco não faz nada.
E muitos não perdoam ao Presidente ter assinado a lei do casamento entre homossexuais, alegadamente, porque o país está em crise e o resto não conta.
Bagão Félix, economista, católico e homem de convicções, tem sido desafiado a ir contra Cavaco. Nunca lhe ganharia, é sabido, mas marcaria posição e evitaria que muitos eleitores desta área fugissem para a abstenção.
Bagão tem dito que não, mas já avisou que haver um segundo candidato à direita não é herético. Embora reconheça que há o risco de favorecer Manuel Alegre, que a direita não quer para Presidente.
Vale a pena desdramatizar. O pior que um eventual candidato alternativo a Cavaco pode fazer ao actual Presidente da República é forçá-lo a ir a uma segunda volta. E a aguentar um debate de convicções, valores e concepções políticas, durante a primeira volta das presidenciais. Na segunda, Bagão, ou quem fosse, apelaria ao voto em Cavaco. E Cavaco só teria que mostrar que é melhor para um país que precisa de reformas que nunca poderá ser a esquerda a fazer. Nem um Presidente de esquerda a avalizar.
Difícil? Nem por isso. Ter medo do confronto e só saber jogar pelo seguro é que é pobre. Cavaco deixou que ambiguidades várias lhe nublassem a imagem. Ir a uma segunda volta nas presidenciais só lhe pode fazer bem.
Raquel Abecassis
(Fonte: site Rádio Renascença)
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