A polémica levantada pelo referendo suíço sobre os minaretes acontece pouco tempo depois da polémica em Itália sobre os crucifixos nas escolas. São questões diferentes, é certo, mas ambas exprimem mal-estar e embaraço. Ambas reflectem a incapacidade do chamado “homem europeu culto” de encontrar um nexo aceitável entre a fé e a vida pública.
Só que esta fractura entre a fé e a razão não atinge apenas as supostas elites políticas e intelectuais. Ela já atingiu o próprio povo. Porque os que não querem os crucifixos nas escolas ou os que recusam minaretes nas cidades mostram que têm medo do religioso, preferem arrumar a fé na esfera privada e tirar-lhe visibilidade.
Ora, se há coisa que define o mundo ocidental é a liberdade religiosa, que se exprime na liberdade de culto e expressão pública da fé. Por isso, negar hoje este direito humano fundamental é abrir a porta à desagregação da própria Europa.
Aura Miguel
(Fonte: site Rádio Renascença)
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