Disciplina, exigência e desenvolvimento integral da criança. Fórmulas comuns a todos os colégios católicos que figuram entre as melhores escolas da tabela de 2009 elaborada pelo DN. A vivência religiosa não é factor de exclusão, garantem os responsáveis, que afirmam receber também alunos de famílias ateias, agnósticas e de outras religiões
Entre as dez escolas com melhores notas nos exames nacionais estão sete colégios católicos. Disciplina, exigência e desenvolvimento integral da criança são pilares comuns do projecto educativo. Mas o sucesso passa também pela estabilidade do corpo docente, o acompanhamento dos alunos e das famílias e as suas condições socioeconómicas. A maioria faz aí todo o percurso escolar, da infantil ao 12º ano. O colégio é como se fosse uma segunda casa.
A vivência religiosa não é factor de exclusão, garantem os responsáveis dos colégios. A maioria das famílias são católicas, dizem, mas também há ateias, agnósticas, e de outras religiões. Contudo, na altura da candidatura, os pais são entrevistados e a vida familiar e religiosa é escrutinada. "Não fechamos a porta a outras confissões religiosas. Mas os pais são previamente informados do projecto e decidem se é essa a educação que querem para os filhos", explica Maria da Glória Cordeiro, directora do Colégio Rainha Santa Isabel, Coimbra.
A estabilidade do corpo docente é uma chave do sucesso."Há professoras que estão cá desde o início, há 30 anos", explica Ana Teixeira Dias, directora do Colégio Mira Rio, em Lisboa. Contudo, acrescenta, "estamos sempre a contratar novas, e a riqueza está na interacção entre a experiência de quem já conhece o projecto há muito e a juventude das mais novas". A selecção abrange só mulheres, pois o colégio é de raparigas. E é rigorosa, assegura.
"Queremos pessoas com idoneidade moral, que partilhem os nossos valores", acrescenta Jorge Maciel, director da cooperativa Fomento, que gere os quatro colégios de inspiração católica, que têm a colaboração do Opus Dei, entre eles o Mira Rio. "Por exemplo, se uma professora é recasada, dificilmente conseguirá passar a mensagem de que o casamento é indissolúvel".
No Colégio de Coimbra, o corpo docente é sujeito a acções de formação sistemáticas. Mas na origem do sucesso está também uma liderança forte, estável, que permite garantir a continuidade do projecto educativo, reconhece a irmã Maria da Glória Cordeiro, directora desta casa da Congregação de S. José de Cluny.
A matriz religiosa influencia a formação integral que se quer para cada criança, reconhecem abertamente. Há orações no início das aulas, celebrações, facultativas ou obrigatórias, aulas de religião, catequese e preparação para a confissão ou a primeira comunhão. Por isso, diz Ana Teixeira Dias, "é importante que haja coerência com o que se faz em casa". O que analisamos na admissão, sublinha, "é a intenção dos pais darem uma educação em sintonia com a nossa e não tanto a prática".
O acompanhamento próximo dos estudantes e a coordenação com os pais é outra explicação para os bons resultados. Os alunos não faltam sem os pais saberem e a disciplina tem regras apertadas. No Planalto, por exemplo, quem suja, limpa. E a pontualidade é para cumprir.
Para garantir o aproveitamento escolar, os professores têm horas para dúvidas e apoio personalizado. Muitos alunos complementam o estudo com explicações. No secundário assume-se uma preparação séria para os exames nacionais e o trabalho, já intensivo, é reforçado. Em Coimbra, há dias inteiros só de revisões e os resultados estão à vista. Em 975 alunos, houve três retenções.
Apostar no desenvolvimento integral dos alunos implica envolvê-los noutras áreas extra-curriculares, como a expressão artística ou o desporto. Nos colégios a oferta é grande. Os Salesianos do Estoril são conhecidos pela aposta na patinagem. No colégio de Coimbra, a dança é reconhecida anualmente com prémios internacionais. "Ajuda a desabrochar o potencial da criança e contribui para o seu desenvolvimento integral", diz a directora do Santa Isabel.
por RITA CARVALHO
(Fonte: DN online de hoje)
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