Caro Pe. Nuno,
No seu amor à Igreja e ao Senhor, toldado, neste caso, pela paixão exacerbada, incorre no gravíssimo erro de compartilhar as ideias do relativismo e dos maçons ao pretender remeter o papel da Igreja ao seu foro íntimo, quando escreve “a Igreja não tem que dizer-lhes que não usem o preservativo, mas não pode de modo nenhum aconselhá-las a que o usem”, NÃO, a Igreja tem a obrigação e o dever de se envolver em tudo que à vida dos cristãos diz respeito.
Erra, ofende e não pratica a virtude cristã da caridade, quando reduz todos os seropositivos aos homossexuais e aos promíscuos; pergunto-lhe aonde coloca aqueles, e que são bastantes, que se infectaram pela via sanguínea? Aonde coloca aqueles, infelizmente mais frequente serem aquelas, que casados são infectados devido à infidelidade do conjugue?
Convido-o a explorar o blogue do signatário, se desejar aferir da total fidelidade do mesmo ao Romano Pontífice, à sua defesa permanente e convicta do mesmo, nomeadamente no que às suas declarações sobre o uso do preservativo como medida profilática em África diz respeito.
Com todo o respeito que qualquer ser humano me merece e em total sintonia com os ensinamentos do Senhor, termino dizendo-lhe que a sua condição de sacerdote não lhe confere, nem lhe retira, qualquer qualidade superior de amor a Jesus Cristo Nosso Senhor e à Sua Igreja, ou seja, rogo-lhe que tenha a humildade de não se considerar “primus inter paris”, salvo quando actua em nome Dele ao ministrar os Sacramentos, porque aí não é o Pe. Nuno que actua, mas sim Jesus Cristo Nosso Senhor por sua interposição.
Apresento-lhe os meus melhores cumprimentos, pedindo ao Senhor, que por intercessão da Virgem Santíssima, abençoe e proteja, a si, à sua Ordem e a todos os seus confrades,
João Paulo Reis
Seropositivo e abstinente
«Quem de entre vós estiver sem pecado atire a primeira pedra» (Jo, 20, 7)
Carta aberta ao Bispo de Viseu
Excelência Reverendíssima
Saudações de Paz e Bem
1. S. Tomás de Aquino (Summa contra gentiles III, c. 122) considera que quem fornica, isto é, quem tem trato carnal com pessoa de sexo diferente sem com ela estar casado, pode cometer dois tipos de males – o menor de entre eles, embora grave ou mortal, é o de que esse acto se opõe ao bem da vida da criança que pode resultar desse acto; o segundo, ainda mais grave, é o de recorrendo à contracepção impedir a geração da criança.
2. As Sagradas Escrituras, a Tradição da Igreja e o seu Magistério sempre ensinaram que só é lícita (que só é moralmente boa) a relação sexual entre um homem e uma mulher casados, em que o sémen do marido é ejaculado na matriz feminina, e da qual está ausente qualquer tipo de contracepção.
3. Às pessoas homossexuais ou às pessoas promíscuas infectadas com hiv/sida a Igreja não tem que dizer-lhes que não usem o preservativo, mas não pode de modo nenhum aconselhá-las a que o usem, já que isso representaria uma cooperação formal com o mal intrínseco que elas cometem. A missão da Igreja é a de chamar essas pessoas à conversão e a uma vida de santidade. Claro que a Igreja deverá alertar toda a gente para o cumprimento de todos os mandamentos. Desse modo as pessoas infeccionadas com enfermidades de tipo mortal têm de compreender que ao exercerem determinado tipo de actos poderão estar a transgredir não só o sexto mandamento mas também o quinto. E que a transgressão de dois mandamentos é mais grave ainda do que a de um só.
Sem outro assunto pede-lhe a sua bênção
Servo mísero e inútil
Nuno Serras Pereira, ofm
(Fonte: Infovitae)
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