No tempo da Quaresma a Igreja estabeleceu dois dias de jejum: a quarta-feira de Cinzas e a sexta-feira Santa. Nesses dias, todos os que têm mais de 16 anos e que não estejam impedidos por razões de saúde, devem privar-se de alimentos de uma forma que se note.
O jejum é uma prática penitencial e, neste caso, também de penitência pública porque aqueles que convivem connosco ao aperceber-se dessa prática são edificados, quer dizer, ao observar a nossa privação por um motivo penitencial, tomam consciência da importância do pecado e da necessidade de conversão em relação a ele.
No entanto existe também um jejum mais discreto. Consiste em privar-se não de todos os alimentos mas daqueles que nos agradam mais, tomando-os em menor quantidade ou tomando, em seu lugar, outros que não nos agradam tanto. Consiste igualmente em tomar os alimentos de um modo menos saboroso pela forma como os temperamos ou por outras circunstâncias. Consiste ainda em saber contentar-se com o alimento previsto e não pretender nenhum outro, sabendo não petiscar fora das refeições, não se queixando quando não nos agrada e não procurando coisas extraordinárias.
Este jejum mais discreto só é apercebido por Deus mas nem por isso lhe agrada menos, sobretudo se o praticamos com alegria e simpatia para com os outros. Então tem o condimento mais importante de todo o jejum que é o amor: o amor a Deus a quem ofendemos e o amor aos outros que vivem connosco.
«O mundo só admira o sacrifício com espectáculo, porque ignora o valor do sacrifício escondido e silencioso» (São Josemaría, Caminho 185). O nosso há-de ser sobretudo um jejum contínuo e não só dos alimentos, mas feito de boa cara, por amor.
(Fonte: Boletim de Fevereiro da Paróquia de Nossa Senhora da Porta do Céu em Lisboa)
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