Pensava eu, que cabeça a minha, que o Santo Padre havia já por diversas vezes se manifestado contra a tentativa de remeter a fé e a religião dos católicos para a esfera do privado, mas ao ler as declarações do presidente da CEP (vide s.f.f. o penúltimo parágrafo da notícia da Agência Ecclesia em http://www.agencia.ecclesia.pt/cgi-bin/noticia.pl?tpl=&id=80198) constato que eu ando completamente tresloucado e que já nem português e outras línguas sei ler e que o declarante não se encontra em total sintonia com o Romano Pontífice, pelo que passo a citar o Santo Padre em discurso dirigido à Conferência Episcopal Italiana em 2009 «No quadro de uma laicidade sadia e bem compreendida, é preciso portanto resistir a qualquer tendência a considerar a religião, e em particular o cristianismo, como um facto apenas privado: as perspectivas que nascem da nossa fé podem oferecer ao contrário uma contribuição fundamental para o esclarecimento e para a solução dos maiores problemas sociais e morais da Itália e da Europa de hoje.» (vide s.f.f. http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/speeches/2008/may/documents/hf_ben-xvi_spe_20080529_cei_po.html ), ou ainda Bento XVI no seu discurso ao Episcopado português no final da visita ad limina apostolorum em 2007 «É preciso mudar o estilo de organização da comunidade eclesial portuguesa e a mentalidade dos seus membros para se ter uma Igreja ao ritmo do Concílio Vaticano II, na qual esteja bem estabelecida a função do clero e do laicado, tendo em conta que todos somos um, desde quando fomos baptizados e integrados na família dos filhos de Deus, e todos somos corresponsáveis pelo crescimento da Igreja.» (vide s.f.f. http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/speeches/2007/november/documents/hf_ben-xvi_spe_20071110_bishops-portugal_po.html)
Como me sinto filialmente mais próximo de Bento XVI, por razões óbvios, do alto da minha soberba, permito-me dizer, que espero que surja um candidato à Presidência da República que não só se afirme clara e inequivocamente católico e que o seja de facto e não apenas quando lhe convém.
«Aquele que tiver ouvidos, oiça!» (Mat 13,9)
JPR
2 comentários:
Sendo a citação da Ecclesia tenho de acreditar que as declarações correspondem à realidade.
Entristecem-me profundamente e, quem sou eu pobre de mim, reflectem um modo errado de ser católico no mundo.
Esta frase então, deixa-me surpreendido e desgostoso para não dizer mais:
«O Presidente da Conferência Episcopal frisou, no entanto, que “não gostaria de ver o nome de ‘católico’ envolvido nestas coisas”.»
A Igreja é também um caminho, uma luz, uma direcção para aqueles que a Ela se acolhem e com ela comungam.
Se a Igreja não ilumina, não aponta caminho, não adverte e aconselha, continuaremos sempre à mercê daqueles que vão destruindo o homem que Deus criou à Sua imagem e semelhança.
Estou triste e desapontado!
Um abraço.
Não existe qualquer contradição entre a posição da CEP e o discurso do Santo Padre. O que a CEP reafirmou foi que a Igreja Católica enquanto instituição não intervém em questões políticas nem apoia (e ainda bem, digo eu) nenhum candidato a eleições. Esse papel cabe aos leigos e organizações católicas.
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