sábado, 4 de janeiro de 2020

A UMA VELHA CRUZ, PERDIDA NUM PALMAR NA VELHA GOA

Imagem não corresponde à Cruz exaltada no poema
Amo-te, ò cruz na solidão perdida,
na sombra de um palmar amortalhada,
erguendo ao alto a fronte mutilada,
já das monções a tês enegrecida.

No silêncio da urbe adormecida,
o crocitar da gralha é gargalhada,
de ti zombando, ó cruz abandonada,
que dia a dia vais perdendo a vida.

Choras, ó cruz? Porquê? Não chores, deixa:
esquece as tuas cãs o teu degredo,
no peito faz calar a amarga queixa.

Morres, sim, mas a Fé que representas,
mais firme que a montanha, que o rochedo,
resistirá a todas as tormentas.

(Parede, Dezembro de 1962)

Luís Filipe Reis Thomaz

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