sábado, 4 de novembro de 2017

Quo vadis, Catalunha? (excerto)

À Igreja não compete ser a favor ou contra a independência da Catalunha, porque esta é, obviamente, uma questão opinável. Mas deve ser sempre pela concórdia e pela paz, como disseram o Papa Francisco e os bispos espanhóis, na nota de 27-9-2017 da comissão permanente da respectiva Conferência Episcopal. O independentismo catalão pode ser uma justa aspiração, mas pode não ser, se for expressão do orgulho e da falta de solidariedade de alguns catalães, que ameaçaram a paz e a prosperidade da própria Catalunha e das restantes regiões espanholas. O egoísmo dos povos – recorde-se o nacional-socialismo alemão – não é virtuoso: a doutrina social da Igreja sempre louvou o patriotismo, mas sempre condenou o nacionalismo, como expressão que é do orgulho nacional.

O protestante rei Henrique IV de Navarra teve de se converter ao catolicismo, para aceder ao cristianíssimo trono francês. A ele se atribui a famosa frase: ‘- Paris vale bem uma missa!’ Também a Catalunha vale bem uma missa, embora uma missa valha muito mais do que Paris, ou a Catalunha. É necessário que todos os catalães, quaisquer que sejam as suas opções ideológicas, renunciem à violência, de facto ou verbal, e se empenhem em fazer da sua convivência uma ‘missa’, ou seja, uma experiência de comunhão. Se assim não for, a missa será de requiem … pela Catalunha!

Pe. Gonçalo Portocarrero de Almada in Observador de 04/11/2017

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