domingo, 30 de abril de 2017

«Fica connosco»

São Josemaría Escrivá de Balaguer (1902-1975), presbítero, fundador
«Amigos de Deus», §§ 313-314


Os dois discípulos iam para Emaús. O seu caminhar era normal, como o de tantas outras pessoas que transitavam por aquelas paragens. E é aí, com naturalidade, que Jesus lhes aparece e segue com eles, com uma conversa que faz diminuir a fadiga. […] Jesus no caminho! Senhor, que grande és sempre! Mas comoves-me quando Te rebaixas para nos acompanhares, para nos procurares na nossa lida diária. Senhor, concede-nos a simplicidade de espírito, o olhar limpo, a mente clara que permitem entender-Te quando apareces sem nenhum sinal exterior da tua glória.

Termina o trajecto ao chegarem à aldeia, e aqueles dois que – sem o saberem – tinham sido feridos no fundo do coração pela palavra e pelo amor do Deus feito homem, têm pena de que Ele se vá embora. Porque Jesus despede-Se «como quem vai para mais longe». Nosso Senhor nunca Se impõe. Quer que O chamemos livremente, quando entrevemos a pureza do Amor que nos meteu na alma. Temos de O deter à força e de Lhe pedir: «fica connosco, porque é tarde e já o dia está no ocaso», cai a noite.

Somos assim: sempre pouco atrevidos, talvez por falta de sinceridade, talvez por pudor. No fundo pensamos: fica connosco, porque as trevas nos rodeiam a alma e só Tu és luz, só Tu podes acalmar esta ânsia que nos consome! […]

E Jesus fica. Abrem-se os nossos olhos como os de Cléofas e do companheiro, quando Cristo parte o pão; e, mesmo que Ele volte a desaparecer da nossa vista, também seremos capazes de empreender de novo a marcha – anoitece – para falar dele aos outros; porque tanta alegria não cabe num só coração.

Caminho de Emaús. O nosso Deus encheu este nome de doçura. E Emaús é o mundo inteiro, porque Nosso Senhor abriu os caminhos divinos da terra.

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