terça-feira, 6 de janeiro de 2015

A multiplicação dos pães

São João Crisóstomo (c. 345-407), presbítero de Antioquia, bispo de Constantinopla, doutor da Igreja 

Homílias sobre o Evangelho de Mateus, n°49, 1-3

Reparemos no abandono confiante dos discípulos à providência de Deus nas maiores necessidades da vida, e o seu desprezo por uma existência luxuosa: eram doze e só tinham cinco pães e dois peixes. Não se importam com as coisas do corpo; consagram todo o seu zelo às coisas da alma. E mais, não guardam as provisões para eles: deram-nas ao Salvador assim que Ele lhas pediu. Aprendamos com este exemplo a partilhar o que temos com aqueles que estão em necessidade, mesmo que tenhamos pouco. Quando Jesus lhes pediu para Lhe darem os cinco pães eles não disseram: «E com o que ficaremos para mais tarde? Onde encontraremos aquilo de que precisamos para as nossas necessidades pessoais?» Obedeceram de imediato. [...]

Tomando pois os pães, o Senhor partiu-os e confiou aos discípulos a honra de os distribuírem. Não queria apenas honrá-los com esse santo serviço: queria que participassem no milagre para serem testemunhas convictas e para não esquecerem o que se tinha passado diante dos seus olhos. [...] Foi através deles que mandou sentar as pessoas e distribuir o pão, para que cada um deles pudesse testemunhar o milagre que se realizava nas suas mãos. [...]

Tudo neste acontecimento — o lugar deserto, a terra nua, a escassez de pão e de peixe, a distribuição das mesmas coisas a todos sem preferências, ficando cada um com tanto como o seu vizinho —, tudo isso nos ensina a humildade, a frugalidade e a caridade fraterna. Amar-nos uns aos outros igualmente, colocar tudo em comum entre aqueles que servem o mesmo Deus, eis o que aqui nos ensina o Salvador.

(Fonte: Evangelho Quotidiano)

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