quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

A fraternidade que procede da fé e da liberdade

Estes dois aspetos – ver Cristo nos outros e mostrar-se como uma transparência de Cristo – completam-se mutuamente. Assim se evita de raiz o perigo de amar o próximo principalmente pela sua valia humana, pelas suas boas qualidades, pelos benefícios que nos traz e, ao contrário, pôr de lado outros quando descobrimos os seus defeitos e limitações, os aspetos menos agradáveis da sua personalidade. Se essa tentação se nos apresentasse alguma vez, teríamos de pôr o olhar da nossa alma em Jesus, manso e humilde, que Se gasta em cada momento e em qualquer ocasião pelos homens, que não rejeita ninguém, que sai ao encontro dos pecadores para os reconduzir a Deus.

Esta fraternidade procede da fé e do exercício da liberdade pessoal. Porque a liberdade cristã vem de dentro, do coração, da fé. Mas não é apenas individual, tem manifestações externas. Entre elas, escreve S. Josemaria, uma das mais caraterísticas da vida dos primeiros cristãos, a fraternidade. A fé, a grandeza do dom do amor de Deus, apagou todas as diferenças, todas as barreiras, até as eliminar: já não há distinção entre judeu ou grego, entre escravo ou livre, entre homem ou mulher: pois todos vós sois uma só coisa em Cristo Jesus (Gl 3, 28). Saber-se e estimar-se realmente como irmãos, por cima das diferenças de raça, de condição social, de cultura, de ideologia, é essencial para o cristianismo [10].

[10]. S. Josemaria, As riquezas da fé, publicado originalmente em “Los domingos de ABC”, 2-XI-1969. Tradução portuguesa publicada em “S. Josemaria” boletim informativo n. 8 (março de 2013).

(D. Javier Echevarría, Prelado do Opus Dei na carta do mês de janeiro de 2014)
© Prælatura Sanctæ Crucis et Operis Dei

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