Conta-se de um jovem que gostava muito de passear à beira mar. Certo dia, encontrou-se com um ancião que fazia um movimento repetitivo que lhe chamou à atenção. Abaixava-se, apanhava algo da areia e lançava-o ao mar. Fazia a mesma coisa várias vezes. Quando o jovem se aproximou, viu que aquilo que ele apanhava com tanto cuidado eram estrelas-do-mar.
O jovem tomou a iniciativa do diálogo: «Posso perguntar-lhe porque está a fazer isso?». O idoso respondeu: «Claro que sim. Estou a devolver estas estrelas marinhas ao oceano. A maré está baixa e elas ficaram aqui na margem. Se não as ajudo, elas morrerão». Gerou-se um momento de silêncio. Então o jovem voltou a falar: «Entendo a sua explicação. Mas não se dá conta de que são centenas as estrelas-do-mar desta praia? E que isto acontece em dezenas de praias ao longo da nossa costa? Não estará a fazer algo sem sentido?».
O ancião sorriu. Inclinou-se sem pressa, apanhou uma estrela marinha e enquanto a lançava ao mar, com uma cara de felicidade, respondeu ao jovem: «Para esta estrela, o que eu acabo de fazer está cheio de sentido».
Quantas vezes sofremos ao ver tantas pessoas necessitadas de ajuda. Sentimo-nos incapazes de socorrer a todos. Pensamos que a realidade não deveria ser assim. Revoltamo-nos com as estatísticas desanimadoras em relação ao futuro. E, no meio de tudo isto, achamos quixotesco ajudar aquele que temos ao nosso lado.
Pensamos que isso não resolverá nada. É verdade que não resolverá tudo. Mas é falso que não resolverá nada. É falso que não tenhamos capacidade para ajudar ninguém. Essa ideia só ajuda a nossa tendência para o conformismo e o comodismo.
Hoje em dia, o amor é a única realidade aceite pelas pessoas. Estão fartas de ideologias que prometeram a felicidade e geraram um enorme sofrimento. Não acreditam em nada. Têm medo. Medo do terrorismo. Medo da violência. Medo das guerras.
O Papa (Emérito) Bento XVI diz-nos que o único modo de tornar Deus presente neste mundo é viver a caridade. “Quem vê a caridade, vê a Trindade” repete-nos com uma frase de Santo Agostinho. A fé mostra-nos que Deus é Amor. Viver de acordo com esta verdade é o único modo de fazer entrar a luz de Deus neste mundo. E só essa luz pode fazer derreter o medo que tanto paralisa.
Surpreender os outros. O que melhor comunica a mensagem cristã não são as palavras, mas as obras. A actividade da Igreja é a manifestação de um Amor que é o único que convence. Por isso, pensemos que as pessoas com quem nos encontramos todos os dias podem perceber que temos pouco tempo, mas ninguém pode perceber que não temos coração. Porque quem caminha para Deus nunca se afasta dos outros.
Pe. Rodrigo Lynce de Faria
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