sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Amar a Cristo...

Amado Jesus, ajuda-nos por intercessão da Virgem Maria que esteve sempre ao Teu lado, que Te gerou, que Te acompanhou no Calvário e foi a força aglutinadora dos Teus discípulos após a Ressurreição e Assunção até à vinda do Divino Espírito Santo, a lutar pela união de todos os cristãos do Ocidente e do Oriente. Obrigado!

JPR

Bento XVI na Mensagem para a Quaresma aborda relação entre fé e a caridade ativa

 MENSAGEM DE SUA SANTIDADE BENTO XVI 
PARA A QUARESMA DE 2013 

Crer na caridade suscita caridade   
«Nós conhecemos o amor que Deus nos tem, pois cremos nele» (1 Jo 4, 16)  

Queridos irmãos e irmãs!
A celebração da Quaresma, no contexto do Ano da fé, proporciona-nos uma preciosa ocasião para meditar sobre a relação entre fé e caridade: entre o crer em Deus, no Deus de Jesus Cristo, e o amor, que é fruto da acção do Espírito Santo e nos guia por um caminho de dedicação a Deus e aos outros.
1. A fé como resposta ao amor de Deus
Na minha primeira Encíclica, deixei já alguns elementos que permitem individuar a estreita ligação entre estas duas virtudes teologais: a fé e a caridade. Partindo duma afirmação fundamental do apóstolo João: «Nós conhecemos o amor que Deus nos tem, pois cremos nele» (1 Jo 4, 16), recordava que, «no início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo. (...) Dado que Deus foi o primeiro a amar-nos (cf. 1 Jo 4, 10), agora o amor já não é apenas um “mandamento”, mas é a resposta ao dom do amor com que Deus vem ao nosso encontro» (Deus caritas est, 1). A fé constitui aquela adesão pessoal - que engloba todas as nossas faculdades - à revelação do amor gratuito e «apaixonado» que Deus tem por nós e que se manifesta plenamente em Jesus Cristo. O encontro com Deus Amor envolve não só o coração, mas também o intelecto: «O reconhecimento do Deus vivo é um caminho para o amor, e o sim da nossa vontade à d’Ele une intelecto, vontade e sentimento no acto globalizante do amor. Mas isto é um processo que permanece continuamente a caminho: o amor nunca está "concluído" e completado» (ibid., 17). Daqui deriva, para todos os cristãos e em particular para os «agentes da caridade», a necessidade da fé, daquele «encontro com Deus em Cristo que suscite neles o amor e abra o seu íntimo ao outro, de tal modo que, para eles, o amor do próximo já não seja um mandamento por assim dizer imposto de fora, mas uma consequência resultante da sua fé que se torna operativa pelo amor» (ibid., 31). O cristão é uma pessoa conquistada pelo amor de Cristo e, movido por este amor - «caritas Christi urget nos» (2 Cor 5, 14) - , está aberto de modo profundo e concreto ao amor do próximo (cf. ibid., 33). Esta atitude nasce, antes de tudo, da consciência de ser amados, perdoados e mesmo servidos pelo Senhor, que Se inclina para lavar os pés dos Apóstolos e Se oferece a Si mesmo na cruz para atrair a humanidade ao amor de Deus.
«A fé mostra-nos o Deus que entregou o seu Filho por nós e assim gera em nós a certeza vitoriosa de que isto é mesmo verdade: Deus é amor! (...) A fé, que toma consciência do amor de Deus revelado no coração trespassado de Jesus na cruz, suscita por sua vez o amor. Aquele amor divino é a luz – fundamentalmente, a única - que ilumina incessantemente um mundo às escuras e nos dá a coragem de viver e agir» (ibid., 39). Tudo isto nos faz compreender como o procedimento principal que distingue os cristãos é precisamente «o amor fundado sobre a fé e por ela plasmado» (ibid., 7).
2. A caridade como vida na fé
Toda a vida cristã consiste em responder ao amor de Deus. A primeira resposta é precisamente a fé como acolhimento, cheio de admiração e gratidão, de uma iniciativa divina inaudita que nos precede e solicita; e o «sim» da fé assinala o início de uma luminosa história de amizade com o Senhor, que enche e dá sentido pleno a toda a nossa vida. Mas Deus não se contenta com o nosso acolhimento do seu amor gratuito; não Se limita a amar-nos, mas quer atrair-nos a Si, transformar-nos de modo tão profundo que nos leve a dizer, como São Paulo: Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim (cf. Gl 2, 20).
Quando damos espaço ao amor de Deus, tornamo-nos semelhantes a Ele, participantes da sua própria caridade. Abrirmo-nos ao seu amor significa deixar que Ele viva em nós e nos leve a amar com Ele, n'Ele e como Ele; só então a nossa fé se torna verdadeiramente uma «fé que actua pelo amor» (Gl 5, 6) e Ele vem habitar em nós (cf. 1 Jo 4, 12).
A fé é conhecer a verdade e aderir a ela (cf. 1 Tm 2, 4); a caridade é «caminhar» na verdade (cf.Ef 4, 15). Pela fé, entra-se na amizade com o Senhor; pela caridade, vive-se e cultiva-se esta amizade (cf. Jo 15, 14-15). A fé faz-nos acolher o mandamento do nosso Mestre e Senhor; a caridade dá-nos a felicidade de pô-lo em prática (cf. Jo 13, 13-17). Na fé, somos gerados como filhos de Deus (cf. Jo 1, 12-13); a caridade faz-nos perseverar na filiação divina de modo concreto, produzindo o fruto do Espírito Santo (cf. Gl 5, 22). A fé faz-nos reconhecer os dons que o Deus bom e generoso nos confia; a caridade fá-los frutificar (cf. Mt 25, 14-30).
3. O entrelaçamento indissolúvel de fé e caridade
À luz de quanto foi dito, torna-se claro que nunca podemos separar e menos ainda contrapor fé e caridade. Estas duas virtudes teologais estão intimamente unidas, e seria errado ver entre elas um contraste ou uma «dialéctica». Na realidade, se, por um lado, é redutiva a posição de quem acentua de tal maneira o carácter prioritário e decisivo da fé que acaba por subestimar ou quase desprezar as obras concretas da caridade reduzindo-a a um genérico humanitarismo, por outro é igualmente redutivo defender uma exagerada supremacia da caridade e sua operatividade, pensando que as obras substituem a fé. Para uma vida espiritual sã, é necessário evitar tanto o fideísmo como o activismo moralista.
A existência cristã consiste num contínuo subir ao monte do encontro com Deus e depois voltar a descer, trazendo o amor e a força que daí derivam, para servir os nossos irmãos e irmãs com o próprio amor de Deus. Na Sagrada Escritura, vemos como o zelo dos Apóstolos pelo anúncio do Evangelho, que suscita a fé, está estreitamente ligado com a amorosa solicitude pelo serviço dos pobres (cf. At 6, 1-4). Na Igreja, devem coexistir e integrar-se contemplação e acção, de certa forma simbolizadas nas figuras evangélicas das irmãs Maria e Marta (cf. Lc 10, 38-42). A prioridade cabe sempre à relação com Deus, e a verdadeira partilha evangélica deve radicar-se na fé (cf. Catequese na Audiência geral de 25 de Abril de 2012). De facto, por vezes tende-se a circunscrever a palavra «caridade» à solidariedade ou à mera ajuda humanitária; é importante recordar, ao invés, que a maior obra de caridade é precisamente a evangelização, ou seja, o «serviço da Palavra». Não há acção mais benéfica e, por conseguinte, caritativa com o próximo do que repartir-lhe o pão da Palavra de Deus, fazê-lo participante da Boa Nova do Evangelho, introduzi-lo no relacionamento com Deus: a evangelização é a promoção mais alta e integral da pessoa humana. Como escreveu o Servo de Deus Papa Paulo VI, na Encíclica Populorum progressio, o anúncio de Cristo é o primeiro e principal factor de desenvolvimento (cf. n. 16). A verdade primordial do amor de Deus por nós, vivida e anunciada, é que abre a nossa existência ao acolhimento deste amor e torna possível o desenvolvimento integral da humanidade e de cada homem (cf. Enc. Caritas in veritate, 8).
Essencialmente, tudo parte do Amor e tende para o Amor. O amor gratuito de Deus é-nos dado a conhecer por meio do anúncio do Evangelho. Se o acolhermos com fé, recebemos aquele primeiro e indispensável contacto com o divino que é capaz de nos fazer «enamorar do Amor», para depois habitar e crescer neste Amor e comunicá-lo com alegria aos outros.
A propósito da relação entre fé e obras de caridade, há um texto na Carta de São Paulo aos Efésios que a resume talvez do melhor modo: «É pela graça que estais salvos, por meio da fé. E isto não vem de vós; é dom de Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie. Porque nós fomos feitos por Ele, criados em Cristo Jesus, para vivermos na prática das boas acções que Deus de antemão preparou para nelas caminharmos» (2, 8-10). Daqui se deduz que toda a iniciativa salvífica vem de Deus, da sua graça, do seu perdão acolhido na fé; mas tal iniciativa, longe de limitar a nossa liberdade e responsabilidade, torna-as mais autênticas e orienta-as para as obras da caridade. Estas não são fruto principalmente do esforço humano, de que vangloriar-se, mas nascem da própria fé, brotam da graça que Deus oferece em abundância. Uma fé sem obras é como uma árvore sem frutos: estas duas virtudes implicam-se mutuamente. A Quaresma, com as indicações que dá tradicionalmente para a vida cristã, convida-nos precisamente a alimentar a fé com uma escuta mais atenta e prolongada da Palavra de Deus e a participação nos Sacramentos e, ao mesmo tempo, a crescer na caridade, no amor a Deus e ao próximo, nomeadamente através do jejum, da penitência e da esmola.
4. Prioridade da fé, primazia da caridade
Como todo o dom de Deus, a fé e a caridade remetem para a acção do mesmo e único Espírito Santo (cf. 1 Cor 13), aquele Espírito que em nós clama:«Abbá! – Pai!» (Gl 4, 6), e que nos faz dizer: «Jesus é Senhor!» (1 Cor 12, 3) e «Maranatha! – Vem, Senhor!» (1 Cor 16, 22; Ap 22, 20).
Enquanto dom e resposta, a fé faz-nos conhecer a verdade de Cristo como Amor encarnado e crucificado, adesão plena e perfeita à vontade do Pai e infinita misericórdia divina para com o próximo; a fé radica no coração e na mente a firme convicção de que precisamente este Amor é a única realidade vitoriosa sobre o mal e a morte. A fé convida-nos a olhar o futuro com a virtude da esperança, na expectativa confiante de que a vitória do amor de Cristo chegue à sua plenitude. Por sua vez, a caridade faz-nos entrar no amor de Deus manifestado em Cristo, faz-nos aderir de modo pessoal e existencial à doação total e sem reservas de Jesus ao Pai e aos irmãos. Infundindo em nós a caridade, o Espírito Santo torna-nos participantes da dedicação própria de Jesus: filial em relação a Deus e fraterna em relação a cada ser humano (cf. Rm 5, 5).
A relação entre estas duas virtudes é análoga à que existe entre dois sacramentos fundamentais da Igreja: o Baptismo e a Eucaristia. O Baptismo (sacramentum fidei) precede a Eucaristia (sacramentum caritatis), mas está orientado para ela, que constitui a plenitude do caminho cristão. De maneira análoga, a fé precede a caridade, mas só se revela genuína se for coroada por ela. Tudo inicia do acolhimento humilde da fé («saber-se amado por Deus»), mas deve chegar à verdade da caridade («saber amar a Deus e ao próximo»), que permanece para sempre, como coroamento de todas as virtudes (cf. 1 Cor 13, 13).
Caríssimos irmãos e irmãs, neste tempo de Quaresma, em que nos preparamos para celebrar o evento da Cruz e da Ressurreição, no qual o Amor de Deus redimiu o mundo e iluminou a história, desejo a todos vós que vivais este tempo precioso reavivando a fé em Jesus Cristo, para entrar no seu próprio circuito de amor ao Pai e a cada irmão e irmã que encontramos na nossa vida. Por isto elevo a minha oração a Deus, enquanto invoco sobre cada um e sobre cada comunidade a Bênção do Senhor!
Vaticano, 15 de Outubro de 2012



BENEDICTUS PP. XVI


(Fonte: site da Santa Sé  AQUI)

Imitação de Cristo, 3, 49, 6 - Do desejo da vida eterna e quantos bens estão prometidos aos que combatem

Sujeita-te, pois, agora, humildemente à vontade de todos, sem te importar quem foi que tal disse ou mandou. Mas cuida muito em acolher de bom grado qualquer pedido ou aceno, seja de teu superior, ou embora de teu igual ou inferior, e trata de o cumprir com sincera vontade. Busque um isto, outro aquilo; glorie-se este numa coisa, aquele em outra, e receba mil louvores; tu, porém, não te deleites numa nem noutra coisa, mas só no desprezo de ti mesmo e na minha vontade e glória. Este deve ser o teu desejo: que tanto na vida como na morte Deus seja sempre por ti glorificado.

Renova a alegria de lutar

Em certos momentos angustia-te um princípio de desânimo, que mata todo o teu entusiasmo, e que mal consegues vencer à força de actos de esperança. Não importa; é a melhor hora de pedir mais graça a Deus, e avante! Renova a alegria de lutar, ainda que percas uma escaramuça. (Sulco, 77)

Com monótona cadência sai da boca de muitos o ritornello já tão vulgar, de que a esperança é a última coisa que se perde; como se a esperança fosse um apoio para continuarmos a deambular sem complicações, sem inquietações de consciência; ou como se fosse um expediente que permite adiar sine die a oportuna rectificação do procedimento, a luta para alcançar metas nobres e, sobretudo, o fim supremo de nos unirmos com Deus.

Eu diria que esse é o caminho para confundir a esperança com a comodidade. No fundo, não há ânsias de conseguir um verdadeiro bem, nem espiritual, nem material legítimo; a mais alta pretensão de alguns reduz-se a evitar o que poderia alterar a tranquilidade – aparente – de uma existência medíocre. Com uma alma tímida, acanhada, preguiçosa, a criatura enche-se de egoísmos subtis e conforma-se com o facto de os dias, os anos decorrerem sine spe nec metu, sem aspirações que exijam esforço, sem os perigos da peleja: o que importa é evitar o risco do desaire e das lágrimas. Que longe se está de obter uma coisa, se se malogrou o desejo de a possuir, por temor das exigências que a sua conquista comporta! (Amigos de Deus, n. 207)

São Josemaría Escrivá

Vaticano publica na internet os primeiros documentos da sua Biblioteca

O Vaticano colocou nesta quarta-feira à disposição dos internautas os primeiros 256 manuscritos da Biblioteca dos Papas, graças a um projeto que pretende disponibilizar na internet mais de oitenta mil documentos.

Até agora, os manuscritos tinham permanecido fechados na Biblioteca do Vaticano protegidos por rígidas medidas de segurança e conservação e só podiam ser consultados por 250 especialistas, informou hoje o jornal "Il Corriere della Sera".

O projeto pretende pôr à disposição de qualquer pessoa as páginas destes documentos, que serão digitalizados com o uso de uma tecnologia da NASA, empregada para conservar as imagens de suas missões espaciais.

Um dos objetivos com a digitalização é evitar a deterioração dos manuscritos devido à prolongada consulta direta dos especialistas.

O projeto nasceu de um acordo entre a Biblioteca do Vaticano e a Biblioteca Bodleiana de Oxford, feito em abril de 2012, para disponibilizar seus textos na internet com consulta gratuita.

Os documentos incluem obras de Homero, Platão, Sófocles, Hipócrates, manuscritos judaicos e alguns dos primeiros livros italianos impressos durante o Renascimento.

A Biblioteca do Vaticano foi criada por volta do ano 1450 pelo papa Nicolau V, nos fundos de sua própria biblioteca pessoal. Entre suas jóias estão o "Codex Vaticanus", um dos mais antigos manuscritos da Bíblia grega que se tem notícia.

(Fonte: AQUI)

LILIANA E OS SEUS DEZ FILHOS… (texto longo, mas a não perder)

... UMA PARÁBOLA SOBRE O QUE DISTINGUE UMA SOCIEDADE DECENTE SÃO, PELOS VISTOS, DE APLICAÇÃO FACULTATIVA, MESMO PELAS AUTORIDADES JUDICIAIS

Chama-se Mamhoud e desde Junho do ano passado que está separado da maioria dos seus irmãos. Porque estava na escola quando a polícia chegou para levar sete dos dez filhos de Liliana Melo. As irmãs mais velhas ajudaram-no a escapar à ordem do tribunal e no outro dia vimos a sua silhueta numa reportagem da RTP. Passaram sete meses e as "autoridades", que naquele dia de Verão entraram pela sua casa adentro, parece terem-se esquecido dele. Na altura era uma "criança em perigo" que tinha de ser imediatamente retirada à guarda dos familiares. Agora será o quê para o tribunal, os seus técnicos e os seus polícias?

O país esquece depressa as suas fugazes histórias mediáticas, e poucos se lembrarão de Liliana e da polémica sobre uma ordem de laqueação de trompas, mas esperava-se que as instituições fossem, no mínimo, mais persistentes. Não dão indicações de o ser. É que se Mamhoud ficou para trás na ordem de o levar para uma instituição de acolhimento, as suas duas irmãs mais velhas também ainda esperam pelo "apoio psicológico" que o juiz prescrevera. As sentenças dos tribunais são, pelos vistos, de aplicação facultativa, mesmo pelas autoridades judiciais.

Estas incongruências reforçam a convicção de que houve neste processo muita inumanidade e, porventura, algum preconceito. Por isso ele é, também, exemplar sobre alguns dos males da nossa sociedade.

Primeiro que tudo, o problema da imposição da laqueação de trompas. O tribunal, apoiado pela corporação dos juízes - da associação sindical a um comunicado apócrifo do Conselho Superior da Magistratura -, sustenta que a decisão de tirar os filhos à mãe nada teve a ver com o facto de esta, por razões religiosas, não aceitar realizar aquele tipo de operação. O tribunal diz até que Liliana a "aceitou" num acordo com os técnicos da Segurança Social. O que não deixa de ser extraordinário, pois aparentemente o tribunal não se interrogou sobre as condições em que Liliana terá sido levada a aceitar um "acordo" que, sendo conhecida a sua religião, mais soava a imposição. Por outro lado, conforme relatava o último Expresso, este tipo de imposição está a tornar-se muito habitual na Grande Lisboa. A "sugestão" vem por regra de técnicos da Segurança Social, as destinatárias são quase sempre mulheres de origem africana. É uma solução expedita que desobriga os técnicos e lhes permite passar o problema ao hospital, altura em que os serviços lavam dele as mãos.

Mesmo que o tribunal não tivesse considerado a falta à laqueação de trompas uma questão relevante - e considerou, como se verifica lendo as 42 páginas do acórdão -, a verdade é que em momento algum questionou a validade da "sugestão". Mais: apesar de o acórdão descrever a situação familiar do pai das crianças, um muçulmano com três mulheres e três famílias diferentes, em nenhuma passagem há qualquer referência ao facto de Liliana ser muçulmana, como se as suas crenças não tivessem qualquer importância nas suas opções e não devessem ser respeitadas.

Não está em causa saber se concordamos com as opções de Liliana, nem sequer o que possamos pensar de alguns aspectos da religião muçulmana. O ponto, como notou esta semana José Tolentino Mendonça, é que "é trágico não perceber-se que a ofensa à liberdade religiosa coloca em causa a liberdade em sentido absoluto, a liberdade de nós todos". E foi a liberdade religiosa de Liliana que foi posta em causa neste processo.

A leitura da sentença é muito instrutiva. Não quero ser injusto, pois não pretendo conhecer todos os detalhes do caso, mas a forma como é descrita a intervenção dos diferentes serviços sociais é reveladora de uma frieza e de rotinas burocráticas que afligem. Em certos períodos visitavam a casa de Liliana de três em três meses, concluíam que ela ainda não estava a cumprir com todas as "sugestões", faziam mais um relatório e ficavam à espera que um qualquer milagre ocorresse entretanto. Por exemplo: os papéis da cabo-verdiana não estavam em ordem e por isso ela não podia receber apoios sociais (só recebia abono de família, num certo período 175 euros); os técnicos determinavam então que tinha de ir tratar dos papéis; ao mesmo tempo condenavam-na por às vezes deixar os filhos mais novos à guarda dos mais velhos e constatavam que o pai só ia a casa alguns dias por semana. Pergunta-se: mas como queriam que ela fosse tratar dos papéis? Podia encontrar outros exemplos, que o padrão seria sempre o mesmo: olhava-se para aquela família com os olhos de quem tem uma família normal e exigia-se a uma mãe com nove filhos que lhes desse os banhos que se dão numa casa da classe média, mesmo quando se reconhecia que a água estava cortada ou o esquentador avariado.

Não duvido que, pelo menos em alguns dos períodos, aquela família era muito desorganizada, que aquela mãe não cumpriria com todas as obrigações que hoje se esperam de uma mãe, mas só por uma vez se encontrou uma resposta adequada para a situação: quando uma técnica da organização não-governamental Movimento em Defesa da Vida passou a acompanhar o processo. Ia a casa da Liliana quatro vezes por semana, levou-a a Cascais a tratar dos papéis e enquanto a colaboração se manteve a evolução foi notável. Não é possível deixar de pensar que isso também sucedeu porque esta organização se baseia na dedicação de voluntários e nos serviços públicos há demasiado espírito "das nove às cinco" e um desejo inconfessável de que "ninguém venha com mais problemas". Não é sempre assim, mas é demasiadas vezes assim. Talvez porque o sentido de humanidade de uma sociedade diminua consoante temos mais leis e mais funcionários a tratar de nós, e menos obrigação sentimos de olhar para quem está ao nosso lado e possa precisar de ajuda. A simples existência de serviços sociais é nisso muito eficaz: alivia-nos a consciência.

Chegamos assim à questão do equilíbrio da sentença - até porque a decisão de dar um filho para adopção é a solução limite, a solução para casos extremos. Neste caso, retirar sete dos dez filhos a uma família onde se admite que há amor e carinho, onde não há maus tratos, abusos sexuais ou dependência de drogas, onde podem faltar umas vacinas no boletim de saúde mas onde as crianças têm aproveitamento escolar muito razoável, é incompreensível. Se houvesse violência ou abandono, o que se decidia? Condenava-se a mãe à forca e o pai ao exílio?

Aquilo que parece ser proibido, seguindo a lógica da sentença, é ser pobre e ter muitos filhos. Não está lá escrito, mas é o que está implícito numa declaração do juiz Rui Rangel ao PÚBLICO, em que defendeu que os pais "não podem ter os filhos que querem" se não tiverem condições. Ficámos sem saber o que sugere nesses casos. Talvez a castração, pois é o passo que falta dar.

Em todo o acórdão se nota que as acusações àquela família oscilam permanentemente entre ela não ter condições de vida tranquilas, não haver dinheiro suficiente ou a casa ser pequena, e a mãe (sistematicamente tratada como "a progenitora") não cumprir com as sugestões dos técnicos, sendo culpada de desorganização. Algumas das coisas que lhe fizeram são mesmo inauditas e impensáveis se se tratasse de alguém mais diferenciado e com advogado constituído. Basta referir que Liliana foi convocada para ir a tribunal sem saber ao que ia, que chegou e ouviu a leitura da sentença secamente, que depois não pôde levantar uma cópia porque era sexta-feira e os serviços já tinham fechado, que teve de lá voltar na semana seguinte e acabou assim por falhar o prazo do recurso por 24 horas. Kafkiano, no mínimo.

Uma sociedade decente não é uma sociedade com muito "Estado social", muitos serviços públicos de assistência, muitas instituições de acolhimento e muita burocracia. É sim uma sociedade que sabe olhar para os seus vizinhos e ajudá-los, que respeita e valoriza as famílias e que só se intromete no espaço de liberdade dos cidadãos quando isso é mesmo inevitável. Não me parece que numa sociedade decente o Estado e os seus agentes se comportem como neste caso da Liliana. Mas todos os que, nas suas relações, a podiam e deviam ter ajudado mais, como a sua comunidade de Fé, também não estão ilibados."

José Manuel Fernandes in ‘Público’ de 01.01.2013

"Dei Verbum, texto mais bonito e difícil do Concílio Vaticano II"

O Presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, D. Rino Fisichella, afirma que a Constituição Dogmática 'Dei Verbum', sobre a divina revelação, é o mais bonito e difícil do Concílio Vaticano II.

"Mais bonito porque soube conjugar a verdade dogmática com a sua linguagem específica e pouco propensa a deixar-se traduzir na plasticidade das imagens, com expressões de alta poesia", escreve o arcebispo no jornal da Santa Sé, L'Osservatore Romano.

Segundo o prelado, o texto é mais difícil "porque os seus diversos conteúdos alcançam, depois de séculos de debate teológico, uma clara elaboração que evidencia o progresso dogmático realizado".

"A revelação, que constitui o fundamento e o coração da fé cristã, encontrou finalmente o seu lugar central na vida da Igreja. Nas primeiras palavras com as quais se abre o documento, citando o texto da Primeira Carta de João, percebe-se que se trata de uma experiência constitutiva e vivo", ressalta D. Fisichella.

"A expressão 'Palavra de Deus' não indica um falar genérico do Pai, mas certifica o evento definitivo da sua intervenção na história: o mistério da encarnação do Filho. Ele é a Palavra que desde sempre foi pronunciada e agora se torna visível.


"A Igreja não se cansa de proclamar a todos e em toda parte a palavra de salvação que tem o rosto de Jesus de Nazaré. Na verdade, ela faz isso com confiança querendo expressar a mesma força dos apóstolos que, com franqueza, caminha pelas estradas do mundo levando a Palavra que salva", conclui o arcebispo.

Rádio Vaticano

O frio, a chuva, os idosos e a solidão

Deveríamos fazê-lo todos os dias de forma a que este escrito parecesse patético, mas como a realidade é outra, permito-me deixar aqui a sugestão, que reconhecemos já vir com atraso, para que nesta época de frio e chuva em Portugal, nos lembremos com preocupação redobrada daqueles que pela idade e baixa condição económica possam estar em risco.

Lembremo-nos com actos concretos, visitando-os e aconselhando-os sobre a melhor forma de se protegerem, a terem cuidado com as lareiras e os aquecimentos a gás e se economicamente nos for viável ofereçamos-lhes mantas de polar, há-las desde € 3/4, para se aquecerem.

Não nos fiquemos agarrados às tristes notícias que nos chegam pela comunicação social, nomeadamente as TV’s que exploram a desgraça alheia à exaustão, e sejamos seres humanos dignos e preocupados com o próximo.

Obrigado antecipadamente, pois os exemplos de solidariedade que temos dado enquanto sociedade são dignos de louvor.

Bem-haja!

JPR

CONHECER BENTO XVI - O Papa conversa com crianças da primeira comunhão

O encontro de Bento XVI com cento e cinquenta mil pessoas, na sua maioria crianças, acompanhadas pelos pais e catequistas, colocou uma nota festiva no Sínodo dos Bispos sobre a Eucaristia, encerrado em Roma no dia 23 de Outubro [de 2005].

O que originalmente tinha sido planeado como uma iniciativa limitada à diocese de Roma, acabou por reunir milhares de meninos e meninas de todas as regiões italianas e de alguns países vizinhos. Assim, na tarde de 15 de Outubro, o ambiente da Praça de São Pedro recordava o das grandes reuniões de João Paulo II com os jovens. A novidade foi que Bento XVI prescindiu do texto escrito e respondeu ao vivo às perguntas sobre a Eucaristia que lhe fizeram as crianças. O encontro, transmitido em directo pelo primeiro canal da RAI, encerrou com uma breve adoração eucarística: alguns minutos, nos quais o surpreendente, desta vez, foi o silêncio.

As respostas do Papa às seis perguntas das crianças reflectiram, em tom simples e catequético, alguns dos temas tocados no sínodo, em que participam 252 bispos de todo o mundo. Bento XVI começou por recordar a sua própria primeira comunhão, que teve lugar em 1936. "Fiquei realmente cheio de alegria pelo facto de Jesus ter vindo a mim e compreendia - aos nove anos de idade - que tinha começado uma nova etapa da minha vida. Desde então, prometi ao Senhor: quereria estar sempre conTigo, mas - sobretudo - Tu tens que estar sempre comigo".

Sobre a presença real de Cristo na Eucaristia, o Papa disse que "nós não O vemos, mas existem muitas coisas que não vemos e são essenciais: por exemplo, a nossa inteligência ou a alma, mas existem, porque nós podemos falar e pensar. Também não vemos a electricidade, mas apercebemo-nos dos seus efeitos, a luz eléctrica". Da mesma forma, "também não vemos com os nossos olhos o Senhor ressuscitado, mas vemos que, com Jesus, as pessoas mudam, são melhores, há uma maior capacidade de paz e reconciliação".

Sobre a necessidade da confissão, o Papa explicou que não há necessidade de se confessar antes de cada Comunhão, se não se tiverem cometido pecados graves, "mas é muito útil confessar-se com uma certa regularidade para ter uma alma limpa". Apesar de os nossos pecados "serem sempre os mesmos", acrescentou, referindo-se à expressão usada por uma menina na sua pergunta (cujo tom quase lhe arrancou uma gargalhada), "nós também limpamos as nossas casas, pelo menos uma vez por semana, embora o lixo seja sempre o mesmo. Se não, corre-se o risco de que talvez não se veja o lixo, mas ele acumula-se. O mesmo acontece com a nossa alma".

A Missa de Domingo também esteve presente nas perguntas, mas focada da perspectiva das crianças. "Os nossos pais, muitas vezes, não nos acompanham à Missa, porque eles dormem ao Domingo", disse uma pequena atrevida. O Papa pediu-lhe para falar com eles com muito amor e respeito, e dizer-lhes: "Querida mãe, querido pai, sabes que há uma coisa muito importante para nós, também para ti? Encontrar-nos com Jesus".

Os temas do Sínodo

Obviamente, as discussões das duas primeiras duas semanas na aula do Sínodo foram muito mais complexas do que as referências feitas pelo Papa às crianças. Entre os temas discutidos falou-se, de facto, da missa dominical, da dignidade da liturgia, da centralidade do mistério da Eucaristia na vida da Igreja. E também de situações concretas, que foram as que encontraram maior eco na imprensa: especialmente, a comunhão dos divorciados que voltaram a casar, o celibato sacerdotal e a celebração em comum do sacramento da Eucaristia com outras confissões cristãs. Também não faltaram alguns testemunhos sobre a vida dos cristãos em países como a Arábia Saudita, que não reconhecem a liberdade religiosa.
(...)
Bento XVI introduziu uma alteração na estrutura da assembleia: uma hora por dia de debate livre, sem texto previamente escrito, o que deu à reunião um dinamismo particular.

Se sempre foi difícil cobrir informativamente um Sínodo dos Bispos, essa discussão livre introduziu uma nova variável. E não apenas pelas parciais restrições informativas que o rodeiam, motivadas - como se repete periodicamente - pela necessidade de deixar que o debate seja verdadeiramente livre, sem a pressão de que a troca de opiniões se converta no dia seguinte, em títulos dos jornais.

O problema também é jornalístico. Como a primeira fase do Sínodo consiste em breves intervenções pessoais, que convergem depois nas propostas mais organizadas, a informação fornecida é muito fragmentada. O resultado é que falta síntese e, sobretudo, o contexto. Do lado da imprensa, é costume estimular o debate dentro da Igreja. Mas quando ele existe, a própria imprensa tem dificuldade em apresentar o debate como debate. Normalmente, entende-se como conflito.

Essa tendência notou-se particularmente nas três questões mencionadas (divorciados, celibato, inter-comunhão). Em todo o caso, o confronto que teve lugar na aula sinodal mostra que não há temas "tabu". O que é mais discutível é que alguns meios de comunicação se aborreçam, por o Sínodo não aprovar as reformas que eles propõem.

Diego Contreras

(Fonte: Aceprensa)

Discipulado

«(…): as Bem-Aventuranças exprimem o que significa discipulado. Tornam-se tanto mais concretas e reais quanto mais completa for a dedicação do discípulo ao serviço, como podemos constatar de forma exemplar em Paulo».

(“Jesus de Nazaré” – Joseph Ratzinger / Bento XVI)

Na amizade de Cristo

«Quem deixa entrar Cristo não perde nada, nada, absolutamente nada daquilo que torna a vida livre, bela e grande. Não! Só esta grande amizade nos abre plenamente as portas da vida. Só nela se revelam verdadeiramente as grandes potencialidades da condição humana. Só nesta amizade experimentamos o que é belo e o que liberta».

(Homília da Missa Inaugural do Pontificado – 24/IV/2005 – Bento XVI)



Infelizmente, sucede que muitos entre nós num acto de arrogância extrema, que até admito, jamais lhes tenha ocorrido que o praticam, se sentem tão seguros de si próprios, que Jesus Cristo para eles é um “mito” que colocam ao mesmo nível de um Che Guevara e de um qualquer herói desportivo e quem lhes fala d'Ele são considerados uns “anormais fundamentalistas”.

Aqui permito-me recordar a perseverança de S. Paulo e dizer que jamais falar de Cristo, da Santíssima Trindade, da Virgem Maria, da Santa Madre Igreja, sejam quais forem os obstáculos, será um acto inócuo, muitas vezes, se calhar a maior parte delas, quando nos dirigimos aos “progressistas” renitentes em nos escutar, os resultados são aparentemente frustrantes, mas não nos esqueçamos, que se assim for, sê-lo-ão por vontade de Deus Nosso Senhor, cujos caminhos na nossa humilde condição terrena não temos capacidade de entender, mas, e aqui vem a parte mais gratificante, Ele ficará honrado e glorificado, além da semente ter sido lançada, ainda que a não venhamos a ver frutificar de imediato.

Saibamos pois, imitar S. Paulo e todos os Santos que jamais desistiram de anunciar o Senhor e proclamar a Sua Santíssima Mãe.

JPR

S. Josemaría Escrivá nesta data em 1960

“É uma alma! Uma alma que vale todo o sangue de Cristo!”, comenta ao ver uns diapositivos de Quénia. Em Cristo que passa escreveu: “Somos filhos de um mesmo Pai, Deus. Não há, portanto, mais do que uma raça: a raça dos filhos de Deus. Não há mais que uma cor: a cor dos filhos de Deus. E não há senão uma língua: a que nos fala ao coração e à inteligência, sem ruído de palavras, mas dando-nos a conhecer Deus e fazendo que nos amemos uns aos outros”.

(Fonte: site de S. Josemaría Escrivá http://www.pt.josemariaescriva.info/)

Santa Brígida da Irlanda - Padroeira deste país †525

Alguns anos depois da chegada de São Patrício à Irlanda, cerca do do ano 450, nasceu uma menina chamada Brígida. Seu pai era um nobre irlandês chamado Dubthac e sua mãe chamava-se Brocca e ambos foram convertidos por São Patrício.

À medida que Brígida crescia, o seu amor por Jesus aumentava. Procurava-O entre os pobres e muitas vezes levava-lhes comida e roupas.

Conta-se que um dia deu um balde cheio de leite. Depois ficou preocupada com o que sua mãe iria dizer quando desse por falta do leite. Rezou ao Senhor e pediu-Lhe que repusesse o que ela tinha dado. Quando chegou a casa, o balde estaria e novo cheio.

Brígida era muito bonita. Seu pai achava que tinha chegado a altura certa para que se casasse. Ela, no entanto, havia decidido no seu coração entregar-se totalmente a Deus Nosso Senhor, não querendo portanto contrair matrimónio.

Quando se apercebeu que a sua beleza era o motivo pelo qual os rapazes se sentirem atraídos por ela, pediu ao Senhor que a sua beleza lhe fosse retirada e foi atendida

Ao constatar que a filha já não era bonita com anteriormente, seu o pai de bom gosto acedeu a que ela se tornasse freira, seguindo assim a sua vocação para a vida religiosa. Fundou o Mosteiro de Kildare para acolher outras jovens que desejassem seguir o seu exemplo.

Consta que após a sua consagração ao Senhor, um novo milagre voltou a acontecer, Brígida recuperou a sua beleza! Muitos viam-na como a imagem idêntica a Nossa Senhora pela sua gentileza e caridade. Alguns chamavam-lhe "Maria dos irlandeses".

As parábolas do Reino

Beato John Henry Newman (1801-1890), presbítero, fundador do Oratório em Inglaterra 
Sermão «The Invisible World» PPS, vol. 4, n°13


Tal é o Reino escondido de Deus: do mesmo modo que está agora escondido, assim será revelado no momento dado. Os homens pensam que são os donos do mundo e que podem fazer o que querem. [...] Na verdade, aparentemente «tudo permanece igual desde o início» e os trocistas perguntam: «Em que fica a promessa da Sua vinda?» (2P 3,4) Mas, no tempo designado, haverá uma «revelação dos filhos de Deus» e os santos escondidos «resplandecerão como o sol no Reino de Seu Pai» (Rm 8,19; Mt 13,43).


Quando os anjos apareceram aos pastores, aconteceu de repente. [...] A noite parecia ser igual a todas as outras noites, tal como a noite em que Jacob teve a sua visão parecia igual a todas as outras noites (Gn 28,11ss). Os pastores velavam os seus rebanhos e viam a noite passar, as estrelas seguiam o seu curso, era meia-noite; não pensavam em tal coisa quando o anjo lhes apareceu. Tais são o poder e a virtude escondidas no visível: manifestam-se quando Deus quer. [...]


Quem poderia conceber, dois ou três meses antes da Primavera, que a face da natureza, aparentemente morta, pudesse tornar-se tão esplêndida e variada? [...] O mesmo acontece com essa Primavera eterna que todos os cristãos esperam: ela virá, ainda que venha tarde. Esperemo-la, pois «O que há-de vir, virá e não tardará» (Heb 10,37). É por isso que dizemos em cada dia: «Venha a nós o Vosso reino», o que quer dizer: Senhor mostra-Te a nós; mostra-Te, «Tu que estás sentado sobre os querubins. Resplandece; mostra a Tua grandeza e vem em nosso auxílio» (cf Sl 80,2-3). A terra que vemos já não nos satisfaz: não é senão um princípio, uma promessa do que há-de vir. Mesmo no seu maior esplendor, coberta de todas as suas flores, quando mostra da maneira mais sedutora o que mantém escondido, mesmo assim não nos chega. Sabemos que há nela mais coisas do que as que vemos. [...] O que vemos não é senão a camada exterior dum reino eterno. É nesse reino que fixamos os olhos da nossa fé.

(Fonte: Evangelho Quotidiano)

O Evangelho do dia 1 de fevereiro de 2013

Dizia também: «O reino de Deus é como um homem que lança a semente à terra. Dorme e se levanta, noite e dia, e a semente germina e cresce sem ele saber como. Porque a terra por si mesma produz, primeiramente a haste, depois a espiga, e por último a espiga cheia de grãos. E, quando o fruto está maduro, mete logo a foice, porque chegou o tempo da ceifa». Dizia mais: «A que coisa compararemos nós o reino de Deus? Com que parábola o representaremos? É como um grão de mostarda que, quando se semeia no campo, é a menor de todas as sementes que há na terra; mas, depois que é semeado, cresce e torna-se maior que todas as hortaliças, e cria ramos tão grandes que “as aves do céu podem vir abrigar-se à sua sombra”». Assim lhes propunha a palavra com muitas parábolas como estas, conforme eram capazes de compreender. Não lhes falava sem parábolas; porém, em particular explicava tudo aos Seus discípulos.

Mc 4, 26-34