sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

CONHECER BENTO XVI - O Papa conversa com crianças da primeira comunhão

O encontro de Bento XVI com cento e cinquenta mil pessoas, na sua maioria crianças, acompanhadas pelos pais e catequistas, colocou uma nota festiva no Sínodo dos Bispos sobre a Eucaristia, encerrado em Roma no dia 23 de Outubro [de 2005].

O que originalmente tinha sido planeado como uma iniciativa limitada à diocese de Roma, acabou por reunir milhares de meninos e meninas de todas as regiões italianas e de alguns países vizinhos. Assim, na tarde de 15 de Outubro, o ambiente da Praça de São Pedro recordava o das grandes reuniões de João Paulo II com os jovens. A novidade foi que Bento XVI prescindiu do texto escrito e respondeu ao vivo às perguntas sobre a Eucaristia que lhe fizeram as crianças. O encontro, transmitido em directo pelo primeiro canal da RAI, encerrou com uma breve adoração eucarística: alguns minutos, nos quais o surpreendente, desta vez, foi o silêncio.

As respostas do Papa às seis perguntas das crianças reflectiram, em tom simples e catequético, alguns dos temas tocados no sínodo, em que participam 252 bispos de todo o mundo. Bento XVI começou por recordar a sua própria primeira comunhão, que teve lugar em 1936. "Fiquei realmente cheio de alegria pelo facto de Jesus ter vindo a mim e compreendia - aos nove anos de idade - que tinha começado uma nova etapa da minha vida. Desde então, prometi ao Senhor: quereria estar sempre conTigo, mas - sobretudo - Tu tens que estar sempre comigo".

Sobre a presença real de Cristo na Eucaristia, o Papa disse que "nós não O vemos, mas existem muitas coisas que não vemos e são essenciais: por exemplo, a nossa inteligência ou a alma, mas existem, porque nós podemos falar e pensar. Também não vemos a electricidade, mas apercebemo-nos dos seus efeitos, a luz eléctrica". Da mesma forma, "também não vemos com os nossos olhos o Senhor ressuscitado, mas vemos que, com Jesus, as pessoas mudam, são melhores, há uma maior capacidade de paz e reconciliação".

Sobre a necessidade da confissão, o Papa explicou que não há necessidade de se confessar antes de cada Comunhão, se não se tiverem cometido pecados graves, "mas é muito útil confessar-se com uma certa regularidade para ter uma alma limpa". Apesar de os nossos pecados "serem sempre os mesmos", acrescentou, referindo-se à expressão usada por uma menina na sua pergunta (cujo tom quase lhe arrancou uma gargalhada), "nós também limpamos as nossas casas, pelo menos uma vez por semana, embora o lixo seja sempre o mesmo. Se não, corre-se o risco de que talvez não se veja o lixo, mas ele acumula-se. O mesmo acontece com a nossa alma".

A Missa de Domingo também esteve presente nas perguntas, mas focada da perspectiva das crianças. "Os nossos pais, muitas vezes, não nos acompanham à Missa, porque eles dormem ao Domingo", disse uma pequena atrevida. O Papa pediu-lhe para falar com eles com muito amor e respeito, e dizer-lhes: "Querida mãe, querido pai, sabes que há uma coisa muito importante para nós, também para ti? Encontrar-nos com Jesus".

Os temas do Sínodo

Obviamente, as discussões das duas primeiras duas semanas na aula do Sínodo foram muito mais complexas do que as referências feitas pelo Papa às crianças. Entre os temas discutidos falou-se, de facto, da missa dominical, da dignidade da liturgia, da centralidade do mistério da Eucaristia na vida da Igreja. E também de situações concretas, que foram as que encontraram maior eco na imprensa: especialmente, a comunhão dos divorciados que voltaram a casar, o celibato sacerdotal e a celebração em comum do sacramento da Eucaristia com outras confissões cristãs. Também não faltaram alguns testemunhos sobre a vida dos cristãos em países como a Arábia Saudita, que não reconhecem a liberdade religiosa.
(...)
Bento XVI introduziu uma alteração na estrutura da assembleia: uma hora por dia de debate livre, sem texto previamente escrito, o que deu à reunião um dinamismo particular.

Se sempre foi difícil cobrir informativamente um Sínodo dos Bispos, essa discussão livre introduziu uma nova variável. E não apenas pelas parciais restrições informativas que o rodeiam, motivadas - como se repete periodicamente - pela necessidade de deixar que o debate seja verdadeiramente livre, sem a pressão de que a troca de opiniões se converta no dia seguinte, em títulos dos jornais.

O problema também é jornalístico. Como a primeira fase do Sínodo consiste em breves intervenções pessoais, que convergem depois nas propostas mais organizadas, a informação fornecida é muito fragmentada. O resultado é que falta síntese e, sobretudo, o contexto. Do lado da imprensa, é costume estimular o debate dentro da Igreja. Mas quando ele existe, a própria imprensa tem dificuldade em apresentar o debate como debate. Normalmente, entende-se como conflito.

Essa tendência notou-se particularmente nas três questões mencionadas (divorciados, celibato, inter-comunhão). Em todo o caso, o confronto que teve lugar na aula sinodal mostra que não há temas "tabu". O que é mais discutível é que alguns meios de comunicação se aborreçam, por o Sínodo não aprovar as reformas que eles propõem.

Diego Contreras

(Fonte: Aceprensa)

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