domingo, 15 de abril de 2012

Verdade e bondade

Certa vez, o senhor afirmou que um homem deveria acentuar o primado da verdade sobre a bondade. Julgo que é uma atitude que pode ser perigosa. Isso não corresponderia à imagem do Grande Inquisidor, tal como Dostoievski a descreveu?

É preciso interpretar todo o contexto. Nessa frase, a bondade é entendida no sentido de uma falsa bondade, do tipo "não pretendo aborrecer-me". É uma atitude muito comum, que se verifica também, e sobretudo, no campo da política: não se quer ser impopular.

Em vez de ter aborrecimentos e de os criar, prefere-se contemporizar, mesmo com o que é errado, com o que não é puro, nem verdadeiro, nem bom. Está-se disposto a comprar bem-estar, sucesso, reconhecimento público e aceitação por parte da opinião dominante, à custa da renúncia à verdade. Não quis atacar a bondade em geral. A verdade só pode ter sucesso e vencer com a bondade. Referia-me a uma caricatura da bondade que é bastante comum: que se negligencie a consciência com o pretexto da bondade, que se coloque acima da verdade a aceitação e a preocupação de evitar problemas, o comodismo, o ser bem-visto.

(Cardeal Joseph Ratzinger em entrevista à Rádio Vaticano)

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