quarta-feira, 19 de maio de 2010
AO PARTIR DO PÃO...
Andas triste, perturbado, descrente, desanimado, com vontade de desistir?
Repara então nestas palavras:
Nesse mesmo dia, dois dos discípulos iam a caminho de uma aldeia chamada Emaús, que ficava a cerca de duas léguas de Jerusalém; e conversavam entre si sobre tudo o que acontecera. Enquanto conversavam e discutiam, aproximou-se deles o próprio Jesus e pôs-se com eles a caminho; os seus olhos, porém, estavam impedidos de o reconhecer.Disse-lhes Ele: «Que palavras são essas que trocais entre vós, enquanto caminhais?» Pararam entristecidos. Lc 24,13-17
Vês, também eles caminhavam na vida entristecidos, de tal modo que nem conseguiam reconhecer Aquele que deles se aproximava.
Mas continua a ler estas palavras:
Perguntou-lhes Ele: «Que foi?» Responderam-lhe: «O que se refere a Jesus de Nazaré, profeta poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo; como os sumos sacerdotes e os nossos chefes o entregaram, para ser condenado à morte e crucificado. Nós esperávamos que fosse Ele o que viria redimir Israel, mas, com tudo isto, já lá vai o terceiro dia desde que se deram estas coisas. Lc 24,19-21
Repara que estavam à espera de alguém que fosse resolver o problema das suas vidas, das suas dificuldades, das suas provações, do já e agora.
Queriam uma vitória sobre os outros, queriam não ter que se preocupar mais.
Pensavam apenas nesta sua vida do mundo, e esperavam alguém que fosse um chefe imbatível, que dominasse, que tudo vencesse pela força e pelo poder.
Afinal tudo levava a crer que aquele em quem eles esperavam tinha sido vencido pelos homens, pelo mundo.
Por isso mesmo é que estavam assim, tristes, descrentes, desanimados.
É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos deixaram perturbados, porque foram ao sepulcro de madrugada e, não achando o seu corpo, vieram dizer que lhes apareceram uns anjos, que afirmavam que Ele vivia. Então, alguns dos nossos foram ao sepulcro e encontraram tudo como as mulheres tinham dito. Mas, a Ele, não o viram.» Lc 24,22-24
Ainda tinham ficado perturbados, mas já não conseguiam acreditar.
Pois foi, ouviram o que as mulheres contaram como se fosse uma história qualquer, mas que não tinha muito crédito, porque ninguém tinha visto com os olhos, aquele que eles esperavam.
Por isso, e ao verem que esse alguém que imaginavam de facto tinha morrido, e mais, que já tinham passado três dias e nada acontecia, não esperaram mais, tinham desistido e voltavam para a sua vida anterior.
Vês tu, que ao colocares a tua esperança nas coisas do mundo, nas coisas palpáveis, nas seguranças deste mundo, quando elas te falham ficas assim, triste, perturbado, descrente, desanimado e com vontade de desistir.
Mas, continua a ler as palavras deste episódio:
E, começando por Moisés e seguindo por todos os Profetas, explicou-lhes, em todas as Escrituras, tudo o que lhe dizia respeito. Lc 24,27
Olha que mesmo tristes, perturbados, descrentes, não mandaram o homem embora e foram ouvindo o que ele lhes ia dizendo.
Afinal parecia que os seus corações ainda tinham por ali uma réstia de esperança, uma vontade de mudar.
Parecia que aquilo que ouviam começava a fazer algum sentido.
De tal modo se deixaram envolver que se passou o seguinte:
Ao chegarem perto da aldeia para onde iam, fez menção de seguir para diante. Os outros, porém, insistiam com Ele, dizendo: «Fica connosco, pois a noite vai caindo e o dia já está no ocaso.» Entrou para ficar com eles. Lc 24,28-29
Não o deixaram ir embora!
Aquele homem tinha alguma coisa especial!
A sua companhia era boa e fazia nascer nos corações qualquer coisa de muito bom.
Precisavam de ouvir mais, de sentir mais!
Por isso lhe pediram para ficar com eles, porque a sua expectativa era grande.
Ora repara:
E, quando se pôs à mesa, tomou o pão, pronunciou a bênção e, depois de o partir, entregou-lho. Então, os seus olhos abriram-se e reconheceram-no; mas Ele desapareceu da sua presença. Lc 24,30-31
Ao partir do Pão!
Reconheceram-No ao partir do Pão!
Vês como é importante a Eucaristia!
Vês que é na Eucaristia e em Eucaristia que podemos reconhecer Aquele que dá a vida, a vida em abundância!
Vês que é na Eucaristia e em Eucaristia que podemos reconhecer Aquele que dá a paz, não a paz que dá o mundo, mas a paz interior que se projecta na eternidade!
Vês que se O reconheces na Eucaristia não precisas de O ver com os olhos do corpo!
Ele pode desaparecer da tua vista, mas fica a habitar no teu coração!
E agora medita bem no que aconteceu a seguir:
Disseram, então, um ao outro: «Não nos ardia o coração, quando Ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?»
Levantando-se, voltaram imediatamente para Jerusalém e encontraram reunidos os Onze e os seus companheiros, que lhes disseram: «Realmente o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão!». E eles contaram o que lhes tinha acontecido pelo caminho e como Jesus se lhes dera a conhecer, ao partir o pão. Lc 24,32-35
Foi-se a tristeza, a perturbação, o desânimo, a descrença!
Perceberam a alegria que é conhecer o Senhor!
Correm agora para a vida nova sem hesitações, e são eles que confirmam já sem dúvidas, sem medo, que o Senhor ressuscitou e se lhes deu a conhecer!
E não te arde o coração também, quando percebes que de mansinho, sem imposições, Ele se te vai dando a conhecer pela Palavra até te levar ao reconhecimento d’Ele, sem dúvidas, na Eucaristia, ao partir do Pão?
Onde está agora a tristeza, o desânimo, a descrença, se reconheces que o que Ele te dá não cabe neste mundo, pois vai muito para além dele?
Levanta-te e corre, corre para a vida nova que Ele te oferece e conta a todos o que te aconteceu, confirma a todos que Ele ressuscitou, afirma a todos, que todos O podem reconhecer ao partir do Pão, na Eucaristia.
Ah, e não te esqueças que Ele é para todos, porque Ele quer ser companheiro de viagem de todos, de todos os que abrem o coração à Sua Palavra, ao Seu Amor.
29 de Maio de 2008
Joaquim Mexia Alves
Repara então nestas palavras:
Nesse mesmo dia, dois dos discípulos iam a caminho de uma aldeia chamada Emaús, que ficava a cerca de duas léguas de Jerusalém; e conversavam entre si sobre tudo o que acontecera. Enquanto conversavam e discutiam, aproximou-se deles o próprio Jesus e pôs-se com eles a caminho; os seus olhos, porém, estavam impedidos de o reconhecer.Disse-lhes Ele: «Que palavras são essas que trocais entre vós, enquanto caminhais?» Pararam entristecidos. Lc 24,13-17
Vês, também eles caminhavam na vida entristecidos, de tal modo que nem conseguiam reconhecer Aquele que deles se aproximava.
Mas continua a ler estas palavras:
Perguntou-lhes Ele: «Que foi?» Responderam-lhe: «O que se refere a Jesus de Nazaré, profeta poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo; como os sumos sacerdotes e os nossos chefes o entregaram, para ser condenado à morte e crucificado. Nós esperávamos que fosse Ele o que viria redimir Israel, mas, com tudo isto, já lá vai o terceiro dia desde que se deram estas coisas. Lc 24,19-21
Repara que estavam à espera de alguém que fosse resolver o problema das suas vidas, das suas dificuldades, das suas provações, do já e agora.
Queriam uma vitória sobre os outros, queriam não ter que se preocupar mais.
Pensavam apenas nesta sua vida do mundo, e esperavam alguém que fosse um chefe imbatível, que dominasse, que tudo vencesse pela força e pelo poder.
Afinal tudo levava a crer que aquele em quem eles esperavam tinha sido vencido pelos homens, pelo mundo.
Por isso mesmo é que estavam assim, tristes, descrentes, desanimados.
É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos deixaram perturbados, porque foram ao sepulcro de madrugada e, não achando o seu corpo, vieram dizer que lhes apareceram uns anjos, que afirmavam que Ele vivia. Então, alguns dos nossos foram ao sepulcro e encontraram tudo como as mulheres tinham dito. Mas, a Ele, não o viram.» Lc 24,22-24
Ainda tinham ficado perturbados, mas já não conseguiam acreditar.
Pois foi, ouviram o que as mulheres contaram como se fosse uma história qualquer, mas que não tinha muito crédito, porque ninguém tinha visto com os olhos, aquele que eles esperavam.
Por isso, e ao verem que esse alguém que imaginavam de facto tinha morrido, e mais, que já tinham passado três dias e nada acontecia, não esperaram mais, tinham desistido e voltavam para a sua vida anterior.
Vês tu, que ao colocares a tua esperança nas coisas do mundo, nas coisas palpáveis, nas seguranças deste mundo, quando elas te falham ficas assim, triste, perturbado, descrente, desanimado e com vontade de desistir.
Mas, continua a ler as palavras deste episódio:
E, começando por Moisés e seguindo por todos os Profetas, explicou-lhes, em todas as Escrituras, tudo o que lhe dizia respeito. Lc 24,27
Olha que mesmo tristes, perturbados, descrentes, não mandaram o homem embora e foram ouvindo o que ele lhes ia dizendo.
Afinal parecia que os seus corações ainda tinham por ali uma réstia de esperança, uma vontade de mudar.
Parecia que aquilo que ouviam começava a fazer algum sentido.
De tal modo se deixaram envolver que se passou o seguinte:
Ao chegarem perto da aldeia para onde iam, fez menção de seguir para diante. Os outros, porém, insistiam com Ele, dizendo: «Fica connosco, pois a noite vai caindo e o dia já está no ocaso.» Entrou para ficar com eles. Lc 24,28-29
Não o deixaram ir embora!
Aquele homem tinha alguma coisa especial!
A sua companhia era boa e fazia nascer nos corações qualquer coisa de muito bom.
Precisavam de ouvir mais, de sentir mais!
Por isso lhe pediram para ficar com eles, porque a sua expectativa era grande.
Ora repara:
E, quando se pôs à mesa, tomou o pão, pronunciou a bênção e, depois de o partir, entregou-lho. Então, os seus olhos abriram-se e reconheceram-no; mas Ele desapareceu da sua presença. Lc 24,30-31
Ao partir do Pão!
Reconheceram-No ao partir do Pão!
Vês como é importante a Eucaristia!
Vês que é na Eucaristia e em Eucaristia que podemos reconhecer Aquele que dá a vida, a vida em abundância!
Vês que é na Eucaristia e em Eucaristia que podemos reconhecer Aquele que dá a paz, não a paz que dá o mundo, mas a paz interior que se projecta na eternidade!
Vês que se O reconheces na Eucaristia não precisas de O ver com os olhos do corpo!
Ele pode desaparecer da tua vista, mas fica a habitar no teu coração!
E agora medita bem no que aconteceu a seguir:
Disseram, então, um ao outro: «Não nos ardia o coração, quando Ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?»
Levantando-se, voltaram imediatamente para Jerusalém e encontraram reunidos os Onze e os seus companheiros, que lhes disseram: «Realmente o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão!». E eles contaram o que lhes tinha acontecido pelo caminho e como Jesus se lhes dera a conhecer, ao partir o pão. Lc 24,32-35
Foi-se a tristeza, a perturbação, o desânimo, a descrença!
Perceberam a alegria que é conhecer o Senhor!
Correm agora para a vida nova sem hesitações, e são eles que confirmam já sem dúvidas, sem medo, que o Senhor ressuscitou e se lhes deu a conhecer!
E não te arde o coração também, quando percebes que de mansinho, sem imposições, Ele se te vai dando a conhecer pela Palavra até te levar ao reconhecimento d’Ele, sem dúvidas, na Eucaristia, ao partir do Pão?
Onde está agora a tristeza, o desânimo, a descrença, se reconheces que o que Ele te dá não cabe neste mundo, pois vai muito para além dele?
Levanta-te e corre, corre para a vida nova que Ele te oferece e conta a todos o que te aconteceu, confirma a todos que Ele ressuscitou, afirma a todos, que todos O podem reconhecer ao partir do Pão, na Eucaristia.
Ah, e não te esqueças que Ele é para todos, porque Ele quer ser companheiro de viagem de todos, de todos os que abrem o coração à Sua Palavra, ao Seu Amor.
29 de Maio de 2008
Joaquim Mexia Alves
A crise é enorme
É a taxa mais alta de desemprego de que há memória em Portugal. São quase 600 mil os portugueses considerados desempregados pelo INE. 10,6% da população activa. Mais de metade dos quais sem emprego há mais de um ano.
Mas, há pior: sem preencher todos os critérios estatísticos, são 766 mil os que declaram estar desempregados. É este o número que nos dá a dimensão social da crise. No mesmo dia em que o INE divulgava estes dados, o Instituto do Emprego falava na redução de uma décima no número de inscritos nos centros de emprego e Sócrates não conseguiu resistir a comentar a notícia como sinal de que o desemprego começa “a abrandar”…
Não começa. Vai disparar ainda mais. Não há um único economista, da esquerda à direita, que não o considere uma das piores inevitabilidades dos próximos tempos.
Mais desemprego será a consequência de mais austeridade. Porque a anunciada não chega. Porque, mais cedo ou mais tarde, vai ser essencial anunciar as medidas que ainda faltam para acalmar os mercados. E quanto mais cedo melhor.
Ontem, o banqueiro Fernando Ulrich, num acto inédito entre banqueiros, dizia que “Portugal tem dificuldade em financiar-se e não sabemos quando deixará de ter”. E acrescentava que uma intervenção do FMI pode estar por semanas…
Aqui na Renascença, no Espaço Aberto de domingo, Eduardo Catroga, Silva Lopes e Ferreira do Amaral consideravam essa intervenção não só inevitável como desejável.
“Lamento mas o país tem de saber!”, explicava Ulrich. Mas Sócrates, na sua redoma, continua a não querer ouvir. E tarda em explicar-nos que a crise é enorme e vamos ter de mudar de vida.
Graça Franco
(Fonte: site Rádio Renascença)
Mas, há pior: sem preencher todos os critérios estatísticos, são 766 mil os que declaram estar desempregados. É este o número que nos dá a dimensão social da crise. No mesmo dia em que o INE divulgava estes dados, o Instituto do Emprego falava na redução de uma décima no número de inscritos nos centros de emprego e Sócrates não conseguiu resistir a comentar a notícia como sinal de que o desemprego começa “a abrandar”…
Não começa. Vai disparar ainda mais. Não há um único economista, da esquerda à direita, que não o considere uma das piores inevitabilidades dos próximos tempos.
Mais desemprego será a consequência de mais austeridade. Porque a anunciada não chega. Porque, mais cedo ou mais tarde, vai ser essencial anunciar as medidas que ainda faltam para acalmar os mercados. E quanto mais cedo melhor.
Ontem, o banqueiro Fernando Ulrich, num acto inédito entre banqueiros, dizia que “Portugal tem dificuldade em financiar-se e não sabemos quando deixará de ter”. E acrescentava que uma intervenção do FMI pode estar por semanas…
Aqui na Renascença, no Espaço Aberto de domingo, Eduardo Catroga, Silva Lopes e Ferreira do Amaral consideravam essa intervenção não só inevitável como desejável.
“Lamento mas o país tem de saber!”, explicava Ulrich. Mas Sócrates, na sua redoma, continua a não querer ouvir. E tarda em explicar-nos que a crise é enorme e vamos ter de mudar de vida.
Graça Franco
(Fonte: site Rádio Renascença)
Mensagem pela Visita Apostólica de Sua Santidade Bento XVI - Júbilo e responsabilidade
O Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa divulga hoje a sua Mensagem pela Visita Apostólica de Sua Santidade Bento XVI Portugal, realizada entre os dias 11 e 14 de Maio.
O documento dos bispos portugueses é o seguinte:
Envolvidos pelo júbilo autenticamente pascal que constituiu a visita de Sua Santidade Bento XVI a Portugal, manifestamos gratidão ao povo português por ter correspondido de modo notável à mobilização para conhecer de perto o Sucessor de Pedro, celebrar com ele os mistérios da fé, escutar a sua mensagem de esperança. Às entidades públicas que souberam cumprir de modo exemplar o seu serviço para o bem da grande maioria dos cidadãos e honrar o bom nome do país, a nossa gratidão. Aos meios de comunicação social agradecemos a solicitude de bem servir e o respeito pela especificidade dos acontecimentos.
Uma corrente de profunda e simples humanidade percorreu distâncias e aproximou tantas pessoas, irmanadas na busca de sabedoria e na procura de serenidade para as enormes apreensões do futuro. Vivemos todos a bênção do Espírito Santo que nos aqueceu o coração e inspirou a mente.
A experiência de irradiante afecto que espontaneamente se criou, sem visar atingir ninguém, sem pretender competir com outros, distingue-se como momento festivo, porque apenas voltado para louvar a Deus, comungar com os irmãos, nunca esquecendo os mais gravemente atingidos pela situação económica que atravessamos.
A beleza da santidade atraiu corações disponíveis, como os das crianças e dos jovens. Os gestos de aproximação significaram a necessidade da Igreja ir ao encontro das pessoas como elas vivem e são. A densidade encantadora e participada nas celebrações corresponsabilizou as comunidades cristãs para uma renovação da qualidade de ofertas rituais, em ordem a assumirem, com fervor espiritual, os espaços da festa cristã.
Verdadeiro acto pascal, esta visita do Santo Padre Bento XVI deixou-nos mensagens e orientações. Queremos filialmente agradecer a riqueza dos seus gestos e palavras e dar-lhes sequência nos nossos projectos pastorais. As interpelações lançadas aos vários sectores da vida pastoral merecem cuidadosa atenção e serão acolhidas no modo de repensar e estruturar a Igreja, no incentivo inovador da caridade, na valorização missionária e nas propostas de uma cultura credível e convincente.
Na Assembleia Plenária extraordinária de Junho, daremos a conhecer algumas linhas orientadoras, como itinerário sinodal proposto para repensar a pastoral em termos de uma unidade nacional, sem prejudicar as particularidades de cada diocese. Integrando estas sugestões no projecto, já em curso, continuaremos durante o próximo ano a revisão da acção pastoral da Igreja em Portugal, auscultando os conselhos diocesanos, que incluem representantes de todo o Povo de Deus. Deste trabalho conjunto surgirá, até finais de 2011, um Programa Pastoral como resposta aos novos desafios característicos da mudança civilizacional que estamos a viver.
Prossigamos o caminho, conscientes da vigilante e materna companhia de Nossa Senhora e firmes na esperança porque nos guia o Mestre e Pastor Jesus Cristo, que estes dias sentimos vivo entre nós na fidelidade evangélica do Papa Bento XVI.
Lisboa, 19 de Maio de 2010
Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa
O documento dos bispos portugueses é o seguinte:
Envolvidos pelo júbilo autenticamente pascal que constituiu a visita de Sua Santidade Bento XVI a Portugal, manifestamos gratidão ao povo português por ter correspondido de modo notável à mobilização para conhecer de perto o Sucessor de Pedro, celebrar com ele os mistérios da fé, escutar a sua mensagem de esperança. Às entidades públicas que souberam cumprir de modo exemplar o seu serviço para o bem da grande maioria dos cidadãos e honrar o bom nome do país, a nossa gratidão. Aos meios de comunicação social agradecemos a solicitude de bem servir e o respeito pela especificidade dos acontecimentos.
Uma corrente de profunda e simples humanidade percorreu distâncias e aproximou tantas pessoas, irmanadas na busca de sabedoria e na procura de serenidade para as enormes apreensões do futuro. Vivemos todos a bênção do Espírito Santo que nos aqueceu o coração e inspirou a mente.
A experiência de irradiante afecto que espontaneamente se criou, sem visar atingir ninguém, sem pretender competir com outros, distingue-se como momento festivo, porque apenas voltado para louvar a Deus, comungar com os irmãos, nunca esquecendo os mais gravemente atingidos pela situação económica que atravessamos.
A beleza da santidade atraiu corações disponíveis, como os das crianças e dos jovens. Os gestos de aproximação significaram a necessidade da Igreja ir ao encontro das pessoas como elas vivem e são. A densidade encantadora e participada nas celebrações corresponsabilizou as comunidades cristãs para uma renovação da qualidade de ofertas rituais, em ordem a assumirem, com fervor espiritual, os espaços da festa cristã.
Verdadeiro acto pascal, esta visita do Santo Padre Bento XVI deixou-nos mensagens e orientações. Queremos filialmente agradecer a riqueza dos seus gestos e palavras e dar-lhes sequência nos nossos projectos pastorais. As interpelações lançadas aos vários sectores da vida pastoral merecem cuidadosa atenção e serão acolhidas no modo de repensar e estruturar a Igreja, no incentivo inovador da caridade, na valorização missionária e nas propostas de uma cultura credível e convincente.
Na Assembleia Plenária extraordinária de Junho, daremos a conhecer algumas linhas orientadoras, como itinerário sinodal proposto para repensar a pastoral em termos de uma unidade nacional, sem prejudicar as particularidades de cada diocese. Integrando estas sugestões no projecto, já em curso, continuaremos durante o próximo ano a revisão da acção pastoral da Igreja em Portugal, auscultando os conselhos diocesanos, que incluem representantes de todo o Povo de Deus. Deste trabalho conjunto surgirá, até finais de 2011, um Programa Pastoral como resposta aos novos desafios característicos da mudança civilizacional que estamos a viver.
Prossigamos o caminho, conscientes da vigilante e materna companhia de Nossa Senhora e firmes na esperança porque nos guia o Mestre e Pastor Jesus Cristo, que estes dias sentimos vivo entre nós na fidelidade evangélica do Papa Bento XVI.
Lisboa, 19 de Maio de 2010
Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa
Bento XVI na audiência geral - A mensagem de Fátima convida o homem a confiar na acção de Deus, cultivando a grande Esperança
A “exigente e ao mesmo tempo consoladora mensagem” que Nossa Senhora deixou em Fátima” está profundamente impregnada de esperança: afirmou Bento XVI, na audiência geral desta quarta-feira, dedicada à sua viagem a Portugal. Estas as palavras pronunciadas em língua portuguesa:
"Queridos irmãos e irmãs,
Gostaria de compartilhar convosco um pouco da minha recente Viagem Apostólica a Portugal, por ocasião do décimo aniversário da beatificação dos Pastorinhos Jacinta e Francisco. A visita teve início em Lisboa; durante a Santa Missa, falei da necessidade dos cristãos serem semeadores da esperança. Seguindo para Fátima, peregrino com os peregrinos, lá apresentei ao Imaculado Coração Maria as alegrias e esperanças, os problemas e sofrimentos do mundo inteiro. No do dia 13 [treze], aniversário da primeira Aparição de Nossa Senhora, durante a celebração da Eucaristia lembrei na homilia que as aparições nos falam de uma mensagem exigente e consoladora, centrada na oração, na penitência e na conversão, que nos leva a superar as dificuldades da história, convidando a humanidade a cultivar a grande Esperança. E a viagem concluiu-se na histórica cidade do Porto com a celebração Eucarística, insistindo no compromisso para a missão. E de lá me despedi de Portugal, manifestando o desejo de que a minha visita se tornasse incentivo para um renovado impulso espiritual e apostólico.
Na alocução mais desenvolvida, em italiano, Bento XVI pedindo a todos que se lhe associem na oração de acção de graças pelo êxito da viagem, declarou confiar ao Senhor “os frutos já suscitados e os que há-de suscitar na comunidade eclesial portuguesa e em toda a população. Especial referência mereceu a etapa de Fátima, “cidadezinha caracterizada (disse) por uma atmosfera de verdadeiro misticismo, em que se adverte de um modo quase palpável a presença de Nossa Senhor”. A sua presença em Fátima teve como ponto culminante a celebração eucarística de 13 de Maio.
“Convidei aquela imensa assembleia, recolhida aos pés da Virgem, com grande amor e devoção, a alegrar-se plenamente no Senhor, pois o seu amor misericordioso é a nascente da nossa esperança. E é precisamente de esperança que está profundamente impregnada a mensagem – exigente e ao mesmo tempo consoladora – que Nossa Senhora deixou em Fátima. É uma mensagem centrada na oração, na penitência e na conversão, que se projecta para além das ameaças, dos perigos e dos horrores da história , para convidar o homem a ter confiança na acção de Deus, a cultivar a grande Esperança, a fazer a experiência da graça do Senhor para se enamorar dele, fonte de amor e de paz”
Declarando que “a peregrinação a Portugal” constituiu para si “uma experiência tocante e rica de dons espirituais”, uma “viagem inesquecível”, até pelo “acolhimento caloroso e espontâneo” e pelo “entusiasmo” das pessoas. "Louvo o Senhor porque Maria, aparecendo aos três Pastorinhos, abriu no mundo um espaço privilegiado para encontrar a misericórdia divina que cura e salva. Em Fátima, a Virgem Santa convida todos a considerarem a terra como lugar da nossa peregrinação para a pátria definitiva, que é o Céu". Na realidade, todos somos peregrinos, temos necessidade da Mãe que nos guia. “Contigo caminhamos na esperança. Sabedoria e Missão” era o lema da minha viagem apostólica a Portugal, e em Fátima a bem-aventurada Virgem Maria convida-nos a caminhar com grande esperança, deixando-nos guiar pela “sapiência do alto”, que se manifestou em Jesus, a sabedoria do amor, para levar ao mundo a luz e a alegria de Cristo".
E concluamos esta crónica da audiência geral com a saudação conclusiva do Papa aos peregrinos de língua portuguesa:
"Amados peregrinos vindos do Brasil e demais países de língua Portuguesa, que a intercessão de Nossa Senhora de Fátima, que em vossos países é venerada com tanta confiança e firme amor, possa ajudar-vos a viver com mais empenho a vossa vocação de testemunhas do Evangelho da verdade, da paz e do amor. Sirva-vos de conforto a minha Bênção."
(Fonte: site Radio Vaticana)
"Queridos irmãos e irmãs,
Gostaria de compartilhar convosco um pouco da minha recente Viagem Apostólica a Portugal, por ocasião do décimo aniversário da beatificação dos Pastorinhos Jacinta e Francisco. A visita teve início em Lisboa; durante a Santa Missa, falei da necessidade dos cristãos serem semeadores da esperança. Seguindo para Fátima, peregrino com os peregrinos, lá apresentei ao Imaculado Coração Maria as alegrias e esperanças, os problemas e sofrimentos do mundo inteiro. No do dia 13 [treze], aniversário da primeira Aparição de Nossa Senhora, durante a celebração da Eucaristia lembrei na homilia que as aparições nos falam de uma mensagem exigente e consoladora, centrada na oração, na penitência e na conversão, que nos leva a superar as dificuldades da história, convidando a humanidade a cultivar a grande Esperança. E a viagem concluiu-se na histórica cidade do Porto com a celebração Eucarística, insistindo no compromisso para a missão. E de lá me despedi de Portugal, manifestando o desejo de que a minha visita se tornasse incentivo para um renovado impulso espiritual e apostólico.
Na alocução mais desenvolvida, em italiano, Bento XVI pedindo a todos que se lhe associem na oração de acção de graças pelo êxito da viagem, declarou confiar ao Senhor “os frutos já suscitados e os que há-de suscitar na comunidade eclesial portuguesa e em toda a população. Especial referência mereceu a etapa de Fátima, “cidadezinha caracterizada (disse) por uma atmosfera de verdadeiro misticismo, em que se adverte de um modo quase palpável a presença de Nossa Senhor”. A sua presença em Fátima teve como ponto culminante a celebração eucarística de 13 de Maio.
“Convidei aquela imensa assembleia, recolhida aos pés da Virgem, com grande amor e devoção, a alegrar-se plenamente no Senhor, pois o seu amor misericordioso é a nascente da nossa esperança. E é precisamente de esperança que está profundamente impregnada a mensagem – exigente e ao mesmo tempo consoladora – que Nossa Senhora deixou em Fátima. É uma mensagem centrada na oração, na penitência e na conversão, que se projecta para além das ameaças, dos perigos e dos horrores da história , para convidar o homem a ter confiança na acção de Deus, a cultivar a grande Esperança, a fazer a experiência da graça do Senhor para se enamorar dele, fonte de amor e de paz”
Declarando que “a peregrinação a Portugal” constituiu para si “uma experiência tocante e rica de dons espirituais”, uma “viagem inesquecível”, até pelo “acolhimento caloroso e espontâneo” e pelo “entusiasmo” das pessoas. "Louvo o Senhor porque Maria, aparecendo aos três Pastorinhos, abriu no mundo um espaço privilegiado para encontrar a misericórdia divina que cura e salva. Em Fátima, a Virgem Santa convida todos a considerarem a terra como lugar da nossa peregrinação para a pátria definitiva, que é o Céu". Na realidade, todos somos peregrinos, temos necessidade da Mãe que nos guia. “Contigo caminhamos na esperança. Sabedoria e Missão” era o lema da minha viagem apostólica a Portugal, e em Fátima a bem-aventurada Virgem Maria convida-nos a caminhar com grande esperança, deixando-nos guiar pela “sapiência do alto”, que se manifestou em Jesus, a sabedoria do amor, para levar ao mundo a luz e a alegria de Cristo".
E concluamos esta crónica da audiência geral com a saudação conclusiva do Papa aos peregrinos de língua portuguesa:
"Amados peregrinos vindos do Brasil e demais países de língua Portuguesa, que a intercessão de Nossa Senhora de Fátima, que em vossos países é venerada com tanta confiança e firme amor, possa ajudar-vos a viver com mais empenho a vossa vocação de testemunhas do Evangelho da verdade, da paz e do amor. Sirva-vos de conforto a minha Bênção."
(Fonte: site Radio Vaticana)
O Papa em Portugal
“Um povo que deixa de saber qual é a sua verdade, fica perdido nos labirintos do tempo e da história, sem valores claramente definidos, sem objectivos grandiosos claramente anunciados”.
Bento XVI, 12/5/2010
A visita de Sua Santidade o Papa Bento XVI a Portugal correu bem. Muito bem mesmo. Tudo ajudou, o tempo, a organização – tanto da Igreja como dos órgãos de soberania -, a guarda de honra, a segurança, os transportes, a pontualidade, tudo esteve a um nível excelente. Os discursos foram enxutos, bem ditos e com substância q.b. As pequenas asneiras jornalísticas, o ridículo da distribuição de preservativos, e a gaffe da “iminência” do primeiro ministro não chegaram para beliscar o brilho da visita – embora confirmassem a apetência de José Sócrates para a truculência do debate parlamentar em detrimento do saber estar na alta roda da política e da sociedade. A ausência de dois ex-PR civis, de qualquer cerimónia, só ilustrou a coerência laica, agnóstica e, ou, ateia dos mesmos e só favoreceu a fotografia.
Mas o que mais se deve realçar foi a civilidade da população – não se registou um único incidente – e a mobilização da Nação “Fidelíssima” que transformou em banhos de multidão todas as cerimónias efectuadas. Daqui se prova que ainda nos resta muita espiritualidade e podemos ser motivados para grandes causas – e para a “missão” – assim desponte liderança capaz para tais voos.
Uma liderança de matriz arreigadamente nacional portuguesa, que entenda que servir a Nação é mais importante do que acautelar a reforma; sirva a consciência e os interesses nacionais e não amos/entidades internacionalistas e apátridas; que tenha uma noção escatológica da vida; não adore o “Deus Mamon”; que entenda o exercício do poder como transitório, embora respeitado e digno e se apegue a ele apenas naquilo que o Dever impõe.
Por último o Papa. Mal amado pela maioria dos órgãos de comunicação que, à revelia daquilo que a Deontologia impõe, de relatarem os factos como eles são, em vez de os moldar a ideologias correntes ou a interesses de toda a ordem, têm tentado passar para a opinião pública a imagem de um Pontífice conservador, duro e arreigado a ideias ou práticas retrógradas, o Papa sai de Portugal “por cima” em todos os aspectos.
Bento XVI revelou-se assim, para quem não o conhecia, ou tinha dele uma ideia deturpada, uma pessoa afável, carinhosa, simpática, meticulosa, atenta; sabendo falar, gracejar, tocar, saudar, numa palavra, sabendo ser e estar em todas as circunstâncias.
A Igreja é intemporal e tem que veicular o reino de Deus, não as ideias dos homens.
A Igreja defende Princípios, que são imutáveis e se devem manter imutáveis perante os modismos dos tempos; não pode, nem deve, adaptar-se a conveniências de momento como defendem os adeptos do relativismo moral e outras correntes e ideologias que no fim, visam apenas a subversão da sociedade e a abolição de qualquer ordem superior do espírito.
Ora o Papa é o servidor número um da Igreja de Cristo e por isso deve ser o fiel garante de toda a Lei de Deus. Não se pode sair disto, sob pena de deixarmos de ter e de ser Igreja. E se no fim formos apenas 10, pois será 10 que seremos.
Esta mania infeliz – apesar de humana – de se andar constantemente a comparar Bento XVI com João Paulo II (ou com qualquer outro), tem que acabar. As personalidades são diferentes, o estilo é diferente, os desafios ou as prioridades são diferentes. Cada um é um ser individual, não tem que tentar copiar ninguém. Tem que se ser avaliado pelo que se faz, não por aquilo que outros fizeram.
E aos balanços dos pontificados – que são coisas diferentes – só podem ser feitos no fim de cada um, às vezes muitos anos depois.
Finalmente, julgo ser de realçar o “ar” como decorreu a visita. Desde o primeiro momento que houve um bom ar; um ar de alegria, de serenidade, de união, de hospitalidade, de seriedade, de comunhão. Um ar bom de verdade. Estas coisas sentem-se mais do que se explicam.
Sua Santidade ficou, certamente, satisfeito por ter visitado mais uma vez a terra de Santa Maria. E se para todos nós, pelo menos os crentes, a visita papal foi um bálsamo revigorante em tempos conturbados – os tempos são sempre conturbados… - para o Sumo Pontífice não deve ter sido menos gratificante saber que o canto mais ocidental da Europa ainda é um baluarte da Fé Cristã.
E nunca deverá olvidar que sendo a Igreja Universal, uma parte grande dela, é portuguesa.
João José Brandão Ferreira
14/5/2010
Agradecimento: ‘Infovitae’
Bento XVI, 12/5/2010
A visita de Sua Santidade o Papa Bento XVI a Portugal correu bem. Muito bem mesmo. Tudo ajudou, o tempo, a organização – tanto da Igreja como dos órgãos de soberania -, a guarda de honra, a segurança, os transportes, a pontualidade, tudo esteve a um nível excelente. Os discursos foram enxutos, bem ditos e com substância q.b. As pequenas asneiras jornalísticas, o ridículo da distribuição de preservativos, e a gaffe da “iminência” do primeiro ministro não chegaram para beliscar o brilho da visita – embora confirmassem a apetência de José Sócrates para a truculência do debate parlamentar em detrimento do saber estar na alta roda da política e da sociedade. A ausência de dois ex-PR civis, de qualquer cerimónia, só ilustrou a coerência laica, agnóstica e, ou, ateia dos mesmos e só favoreceu a fotografia.
Mas o que mais se deve realçar foi a civilidade da população – não se registou um único incidente – e a mobilização da Nação “Fidelíssima” que transformou em banhos de multidão todas as cerimónias efectuadas. Daqui se prova que ainda nos resta muita espiritualidade e podemos ser motivados para grandes causas – e para a “missão” – assim desponte liderança capaz para tais voos.
Uma liderança de matriz arreigadamente nacional portuguesa, que entenda que servir a Nação é mais importante do que acautelar a reforma; sirva a consciência e os interesses nacionais e não amos/entidades internacionalistas e apátridas; que tenha uma noção escatológica da vida; não adore o “Deus Mamon”; que entenda o exercício do poder como transitório, embora respeitado e digno e se apegue a ele apenas naquilo que o Dever impõe.
Por último o Papa. Mal amado pela maioria dos órgãos de comunicação que, à revelia daquilo que a Deontologia impõe, de relatarem os factos como eles são, em vez de os moldar a ideologias correntes ou a interesses de toda a ordem, têm tentado passar para a opinião pública a imagem de um Pontífice conservador, duro e arreigado a ideias ou práticas retrógradas, o Papa sai de Portugal “por cima” em todos os aspectos.
Bento XVI revelou-se assim, para quem não o conhecia, ou tinha dele uma ideia deturpada, uma pessoa afável, carinhosa, simpática, meticulosa, atenta; sabendo falar, gracejar, tocar, saudar, numa palavra, sabendo ser e estar em todas as circunstâncias.
A Igreja é intemporal e tem que veicular o reino de Deus, não as ideias dos homens.
A Igreja defende Princípios, que são imutáveis e se devem manter imutáveis perante os modismos dos tempos; não pode, nem deve, adaptar-se a conveniências de momento como defendem os adeptos do relativismo moral e outras correntes e ideologias que no fim, visam apenas a subversão da sociedade e a abolição de qualquer ordem superior do espírito.
Ora o Papa é o servidor número um da Igreja de Cristo e por isso deve ser o fiel garante de toda a Lei de Deus. Não se pode sair disto, sob pena de deixarmos de ter e de ser Igreja. E se no fim formos apenas 10, pois será 10 que seremos.
Esta mania infeliz – apesar de humana – de se andar constantemente a comparar Bento XVI com João Paulo II (ou com qualquer outro), tem que acabar. As personalidades são diferentes, o estilo é diferente, os desafios ou as prioridades são diferentes. Cada um é um ser individual, não tem que tentar copiar ninguém. Tem que se ser avaliado pelo que se faz, não por aquilo que outros fizeram.
E aos balanços dos pontificados – que são coisas diferentes – só podem ser feitos no fim de cada um, às vezes muitos anos depois.
Finalmente, julgo ser de realçar o “ar” como decorreu a visita. Desde o primeiro momento que houve um bom ar; um ar de alegria, de serenidade, de união, de hospitalidade, de seriedade, de comunhão. Um ar bom de verdade. Estas coisas sentem-se mais do que se explicam.
Sua Santidade ficou, certamente, satisfeito por ter visitado mais uma vez a terra de Santa Maria. E se para todos nós, pelo menos os crentes, a visita papal foi um bálsamo revigorante em tempos conturbados – os tempos são sempre conturbados… - para o Sumo Pontífice não deve ter sido menos gratificante saber que o canto mais ocidental da Europa ainda é um baluarte da Fé Cristã.
E nunca deverá olvidar que sendo a Igreja Universal, uma parte grande dela, é portuguesa.
João José Brandão Ferreira
14/5/2010
Agradecimento: ‘Infovitae’
S. Josemaría nesta data em 1966
Nesse dia prega: “A vida de oração tem de fundamentar-se, além disso, em pequenos espaços de tempo, dedicados exclusivamente a estar com Deus. São momentos de colóquio sem ruído de palavras, junto ao Sacrário sempre que possível, para agradecer ao Senhor essa espera – tão só! – desde há vinte séculos. A oração mental é diálogo com Deus, de coração a coração, em que intervém a alma toda: a inteligência e a imaginação, a memória e a vontade. Uma meditação que contribui para dar valor sobrenatural à nossa pobre vida humana, à nossa vida corrente e diária”.
(Fonte: site de S. Josemaría Escrivá http://www.pt.josemariaescriva.info/)
(Fonte: site de S. Josemaría Escrivá http://www.pt.josemariaescriva.info/)
A política na era do desencanto (lá como cá basta mudar os nomes às personagens)
A escassa valorização da componente política por parte dos cidadãos não é uma novidade; a sua pontuação nos inquéritos de opinião costuma ser muito baixa. No entanto, existem alguns dados que permitem pensar que nos encontramos numa situação original, ao ponto de ter sido cunhado um termo, de origem anglo-saxónica, para a designar: o de aversão pela política (political disaffection).
Di Palma (1) definiu este termo como o sentimento subjectivo de impotência, cinismo e falta de confiança no processo político, nos políticos e nas instituições democráticas, mas sem um questionamento do regime político.
Este fenómeno está a sofrer uma progressiva agudização em Espanha, ao ponto de ter acabado por ocupar as primeiras páginas dos jornais, porque o barómetro do Centro de Investigaciones Sociológicas (CIS), de Fevereiro de 2010, salientou que a classe política constitui surpreendentemente, com 16,8%, o terceiro problema mais preocupante para os espanhóis, acima inclusivamente do terrorismo (12,5%). Só é superado, embora de modo muito consistente, pelo desemprego (81,8%) e pelos temas económicos (47,8%). O facto é confirmado quando se pergunta pela importância que têm na vida do inquirido diferentes aspectos. Numa escala de 0 a 10, aparecem em primeiro lugar a saúde e a família, com 9,68 e 9,63 respectivamente, enquanto que a política se situa no fim do pelotão com 3,97 (barómetro do CIS de Dezembro de 2009).
Em democracias consolidadas ou nas novas
A aversão pela política enquanto tal, aponta para uma tendência a longo prazo que estaria a minar as relações entre os cidadãos e os sistemas de governo democráticos, afastando-os progressivamente, mas sem levar a um questionamento radical do regime. Segundo Torcal (2), a aversão incluiria por seu turno dois elementos diversos. Um deles, denominado indiferença política (political disengagement), reflectiria a falta de compromisso dos cidadãos nos diversos processos políticos (votações, debates parlamentares), e o segundo, a aversão institucional, a falta de confiança nas instituições políticas do país (justiça, parlamento, sindicatos).
Sendo a aversão pela política um fenómeno geral nas democracias ocidentais, apresenta-se com características diversas nas democracias da primeira e segunda vaga, e nas da terceira, que são aquelas que acederam à democracia nos últimos anos do século XX, como é o caso da Espanha (3).
Em geral, parece existir um menor nível de aversão para com as instituições da democracia nos países que têm um passado democrático consolidado (mais de 50 anos), possuindo uma experiência democrática rica e prolongada. Pelo contrário, as democracias recentes, com falta desta experiência, não têm elementos de referência para avaliar o funcionamento e os resultados das instituições democráticas, o que as torna mais vulneráveis aos fracassos.
Esta divisão, e as causas em que se apoia, afecta também o modo de reagir à aversão. Alguns sociólogos salientaram que esta não teria necessariamente de ser sempre negativa, pois poderia dar lugar a iniciativas originais por parte de cidadãos comprometidos que impulsionassem uma mudança ou melhoria das relações entre os órgãos de governo e os cidadãos, contribuindo assim para adaptar o sistema democrático às alterações sociais.
Todavia, confirmou-se que esta tendência difere nos dois grupos de democracias. Nas democracias consolidadas, esta reacção positiva parece contar no seu activo com o passado político que, operando na consciência colectiva, envia uma mensagem optimista e de esperança em relação ao sistema global, estimulando a promoção de ideias que o façam melhorar.
Um exemplo recente desta tendência encontramo-lo no movimento americano denominado Tea Party, constituído por cidadãos de base que está a tentar influenciar as decisões de governo numa perspectiva próxima dos republicanos, mas de forma autónoma. Pelo contrário, no caso das novas democracias, o passado opera em sentido oposto, enviando impulsos negativos gerais e arraigados a respeito do sistema político, que fomentam a desmobilização e a aversão.
Desconfiança em Espanha
Se as teses anteriores estão correctas, a Espanha tem uma grande desvantagem à partida, devido ao seu longo passado anti-democrático ou pseudo-democrático, no qual se teria de incluir não só os longos anos da ditadura franquista, como as décadas anteriores à Guerra Civil e todo o turbulento século XIX. O inconsciente ou consciente colectivo espanhol, com efeito, arrasta consigo um pesado lastro de desconfiança sobre o sistema político, pronto a fazer valer o seu peso diante de qualquer deterioração do sistema democrático, real ou fictícia.
Não se pode ignorar, no entanto, que contrariando as teses padrão da aversão, houve recentemente em Espanha mobilizações importantes, organizadas pela sociedade civil opondo-se a projectos de cariz ideológico impulsionados pelo governo de Rodríguez Zapatero, que obtiveram o apoio de centenas de milhares de cidadãos. De qualquer forma, o movimento espanhol talvez se tenha centrado mais na presença pública - algo que conseguiu plenamente -, mas sem impulsionar com a mesma energia a participação dos seus membros nos sistemas institucionais de representação política e de governo. Seria, portanto, de certo modo, uma reacção a partir de fora do sistema, sobre o qual pesa essa desconfiança ou avaliação negativa arraigada no nosso passado anti-democrático ou pseudo-democrático.
A deterioração causada pela corrupção
Entre as razões concretas que geram a aversão pela política em Espanha, a primeira e mais evidente é a notória deterioração da imagem pública do político, causada, antes de tudo, pela multiplicação de casos de corrupção. Embora pareça que qualquer sociedade é susceptível de assumir a existência de casos de corrupção, a recente generalização destes casos saturou essa medida, levando a uma certa demonização da classe política em geral.
A classe política é, evidentemente, a principal responsável por este juízo, pois é um facto que os casos de corrupção se multiplicaram. Mas deve-se acrescentar que a percepção subjectiva do nível de corrupção é aumentada de forma artificial pela tendência dos meios de comunicação social (e da sociedade em geral) para a política do escândalo, assim como pela sua utilização enquanto arma política que é atirada entre as diversas formações políticas. O escândalo "vende", pelo que os casos de corrupção (sejam reais ou não) aparecem sempre na primeira página dos jornais, levando não poucas vezes a linchamentos mediáticos irreversíveis, visto que o juízo social nunca pode ser compensado por uma tardia absolvição judicial.
A sua utilização como arma política tem um efeito similar. Embora a denúncia da corrupção real seja um serviço à colectividade que os indivíduos ou os partidos devem fazer, muito menos se torna fácil, especialmente para os partidos, subtrair-se ao seu uso para eliminar inimigos políticos, mesmo que as denúncias se baseiem em indícios não especialmente fundamentados. Gera-se assim um círculo vicioso no qual os próprios partidos proporcionam aos meios de comunicação social material para alimentar a política do escândalo, potenciando o descrédito geral da profissão, visto que quando os casos de corrupção se generalizam, os cidadãos deixam de ter em conta o partido político concreto que o provoca e formulam uma visão global e negativa sobre toda a classe política.
A solução teórica para este problema é muito simples: bastaria que os representantes dos partidos e os governantes se comportassem de modo honesto. Mas os políticos, e isto nem sempre é reconhecido pelos cidadãos comuns, não são uma classe de excepção, que provenha de um outro qualquer planeta, mas uma profissão integrada por cidadãos como os outros, que cresceram e amadureceram no mesmo contexto social. E, se na política espanhola houve um aumento do nível de corrupção, a razão é porque o mesmo aconteceu em toda a sociedade.
A falta de projecto
Um segundo grupo de factores que está a deteriorar imenso a imagem da política em Espanha pode-se agrupar em torno da etiqueta: falta de projecto. Os cidadãos esperam capacidade de liderança, visão e coerência na classe política, que hoje parece ser um bem escasso.
Um dos principais factores que integram esta falta de projecto é a aposta no curto prazo. Os políticos e, em especial, o partido no governo, não parecem possuir um projecto para o país e, concretamente, para solucionar os problemas económicos, pelo que actuam com base em decisões de curto alcance que permitem resolver os problemas de modo momentâneo ou, simplesmente, superar uma delicada situação política através do impacte mediático da decisão. Esta política de tapa-buracos pode servir para ir ultrapassando conjunturalmente os problemas, mas agrava-os a longo prazo - porque não os resolve - encorajando o sentimento de aversão, na medida em que o cidadão observa, mais cedo ou mais tarde, que por detrás dessa atitude, só existe um exercício cínico de permanência no poder, mas não uma tentativa responsável de resolver os problemas do país.
Competência profissional do político
Outra causa da deterioração da imagem dos políticos é gerada pela percepção de uma certa falta de competência profissional, em parte, devido ao elevado nível de exigência que os cidadãos esperam dos seus representantes e, em parte, porque efectivamente é assim. Nem sempre possuem o nível cultural e profissional que seria desejável. Uma das causas deve ser procurada na demonização da política e no seu efeito negativo em pessoas competentes que optam por profissões melhor consideradas socialmente; de igual modo, a total dedicação a um partido, se não for acompanhada por processos formativos, pode gerar personalidades muito conhecedoras dos alicerces das organizações, mas sem capacidade de liderança nem de gerar ideias com impacte social.
Para resolver este problema foi proposto o mecanismo da porta giratória, que consiste em integrar nos partidos pessoas competentes - juristas, economistas, gestores culturais, profissionais de diversa índole - que desempenhem determinadas funções durante um período de tempo limitado e regressem depois ao exercício da profissão. Trata-se, sem dúvida, de uma ideia interessante, mas de difícil implementação, pois o profissional externo deve enquadrar-se e adaptar-se à estrutura de funcionamento e de poder de um sistema social (o partido político) que não conhece a partir de dentro e, por outro lado, o seu regresso à profissão depois de um período de ausência ou ruptura nem sempre está assegurado. O exemplo recente de Manuel Pizarro, antigo CEO da Endesa, testemunha claramente as dificuldades deste tipo de processos.
Por último, também se salientou que o objectivo de captar todos os possíveis votantes ("catch all"), costuma traduzir-se num esbatimento dos projectos próprios aos quais são eliminadas as arestas mais conflituosas, para que a mensagem chegue ao maior público possível. Trata-se de um procedimento compreensível, mas cuja contrapartida é que a mensagem final que chega ao eleitorado pode ser tão indefinida que perca parte da sua capacidade motivadora gerando aversão. Uma alternativa viável é o microtargeting com o qual se aponta para sectores definidos da população a partir de propostas muito próximas dos seus interesses.
A estrutura dos partidos
A percepção sobre o funcionamento dos partidos também é outra das causas de aversão.
A primeira razão é um possível excesso de verticalismo, que leva a que todas as decisões sejam tomadas a partir dos escalões mais elevados e sejam impostas depois de maneira hierárquica e pouco dialogada ao resto dos quadros e das bases. É claro que um partido é um sistema de poder e, portanto, essa transmissão do poder não só é inevitável como até desejável em alguns aspectos. Mas, apesar disso, a imagem que os partidos transmitem é muitas vezes demasiado monolítica, talvez devido à escassez de pessoas com suficiente personalidade e competência para expressarem a sua própria opinião de forma independente e madura. Isto é especialmente evidente no Parlamento, onde a disciplina de voto actua com frequência como um cilindro uniformizador, que impede a expressão de posições independentes, racionais ou minimamente críticas.
Alguns propuseram, para resolver este problema, o sistema das listas abertas. No entanto, como em tudo na política, não existem soluções fáceis. Na realidade, o número de políticos que os cidadãos conhecem é muito limitado, pelo que não é assim tão evidente que, no caso de poder escolher entre determinado número de pessoas, o votante pudesse vir a possuir a informação suficiente de modo a decidir com conhecimento de causa entre os diversos candidatos; por outro lado, em eleições de âmbito nacional, uma pessoa pode desejar votar num projecto político global, independentemente de quem a represente numa determinada circunscrição.
O desconhecimento da política real
Outro dos motivos da aversão pela política é o desconhecimento por parte dos cidadãos da realidade da vida política, das suas dificuldades, da sua complexidade, das suas necessidades e das suas leis internas. Um exemplo muito esclarecedor, na minha opinião, encontramo-lo em alguns grupos de pessoas ideologicamente muito comprometidas que promoveram a gestação de pequenos partidos inspirados no humanismo cristão (Familia y Vida, AES) por considerarem que o Partido Popular não defendia adequadamente e com suficiente contundência esta perspectiva. É possível que o ponto de partida pudesse estar em parte justificado, mas estes grupos não estavam verdadeiramente conscientes da enorme dificuldade que envolve defender estas posições de modo efectivo no plano nacional. Por isso, depararam rapidamente com graves problemas que bloquearam o seu desenvolvimento.
O primeiro é que nenhum partido se pode limitar a propor questões de carácter ideológico-doutrinal, pois o âmbito de temas que se aborda na política é muito mais amplo. Além disso, as questões ideológicas, embora interessem a um grupo amplo de espanhóis, não são os temas fundamentais que vão determinar a orientação de voto da maioria da população. Por isso, um partido que se centre prioritariamente nesses aspectos está condenado, à partida, a ser minoritário. Por último, apesar de grupos substanciais de pessoas poderem partilhar um acordo sobre determinadas ideias, esse acordo, em si mesmo, não é mais do que um projecto teórico intelectual com falta de uma base operativa assente no território. E, sem estes elementos, não é um partido político. Ora, construir esse emaranhado organizativo é algo complexo: exige líderes com capacidade de unir vontades, instrumentos económicos, capacidade de compromisso, habilidade política, etc.
Esta visão utópica da política também está presente, embora de otro modo, nas avaliações negativas que não levam em conta que os mesmos problemas que a afectam, existem também noutros meios profissionais. A corrupção, a concorrência desleal ou as traições profissionais não são características exclusivas da política e podem ser encontradas em muitos outros âmbitos profissionais. O que acontece é que os interesses em jogo na política são, em geral, muito mais relevantes, o que multiplica a paixão e o desejo.
Juan Manuel Burgos
(Professor da Universidad CEU San Pablo (Madrid). Presidente da Asociación Española de Personalismo)
Aceprensa
Di Palma (1) definiu este termo como o sentimento subjectivo de impotência, cinismo e falta de confiança no processo político, nos políticos e nas instituições democráticas, mas sem um questionamento do regime político.
Este fenómeno está a sofrer uma progressiva agudização em Espanha, ao ponto de ter acabado por ocupar as primeiras páginas dos jornais, porque o barómetro do Centro de Investigaciones Sociológicas (CIS), de Fevereiro de 2010, salientou que a classe política constitui surpreendentemente, com 16,8%, o terceiro problema mais preocupante para os espanhóis, acima inclusivamente do terrorismo (12,5%). Só é superado, embora de modo muito consistente, pelo desemprego (81,8%) e pelos temas económicos (47,8%). O facto é confirmado quando se pergunta pela importância que têm na vida do inquirido diferentes aspectos. Numa escala de 0 a 10, aparecem em primeiro lugar a saúde e a família, com 9,68 e 9,63 respectivamente, enquanto que a política se situa no fim do pelotão com 3,97 (barómetro do CIS de Dezembro de 2009).
Em democracias consolidadas ou nas novas
A aversão pela política enquanto tal, aponta para uma tendência a longo prazo que estaria a minar as relações entre os cidadãos e os sistemas de governo democráticos, afastando-os progressivamente, mas sem levar a um questionamento radical do regime. Segundo Torcal (2), a aversão incluiria por seu turno dois elementos diversos. Um deles, denominado indiferença política (political disengagement), reflectiria a falta de compromisso dos cidadãos nos diversos processos políticos (votações, debates parlamentares), e o segundo, a aversão institucional, a falta de confiança nas instituições políticas do país (justiça, parlamento, sindicatos).
Sendo a aversão pela política um fenómeno geral nas democracias ocidentais, apresenta-se com características diversas nas democracias da primeira e segunda vaga, e nas da terceira, que são aquelas que acederam à democracia nos últimos anos do século XX, como é o caso da Espanha (3).
Em geral, parece existir um menor nível de aversão para com as instituições da democracia nos países que têm um passado democrático consolidado (mais de 50 anos), possuindo uma experiência democrática rica e prolongada. Pelo contrário, as democracias recentes, com falta desta experiência, não têm elementos de referência para avaliar o funcionamento e os resultados das instituições democráticas, o que as torna mais vulneráveis aos fracassos.
Esta divisão, e as causas em que se apoia, afecta também o modo de reagir à aversão. Alguns sociólogos salientaram que esta não teria necessariamente de ser sempre negativa, pois poderia dar lugar a iniciativas originais por parte de cidadãos comprometidos que impulsionassem uma mudança ou melhoria das relações entre os órgãos de governo e os cidadãos, contribuindo assim para adaptar o sistema democrático às alterações sociais.
Todavia, confirmou-se que esta tendência difere nos dois grupos de democracias. Nas democracias consolidadas, esta reacção positiva parece contar no seu activo com o passado político que, operando na consciência colectiva, envia uma mensagem optimista e de esperança em relação ao sistema global, estimulando a promoção de ideias que o façam melhorar.
Um exemplo recente desta tendência encontramo-lo no movimento americano denominado Tea Party, constituído por cidadãos de base que está a tentar influenciar as decisões de governo numa perspectiva próxima dos republicanos, mas de forma autónoma. Pelo contrário, no caso das novas democracias, o passado opera em sentido oposto, enviando impulsos negativos gerais e arraigados a respeito do sistema político, que fomentam a desmobilização e a aversão.
Desconfiança em Espanha
Se as teses anteriores estão correctas, a Espanha tem uma grande desvantagem à partida, devido ao seu longo passado anti-democrático ou pseudo-democrático, no qual se teria de incluir não só os longos anos da ditadura franquista, como as décadas anteriores à Guerra Civil e todo o turbulento século XIX. O inconsciente ou consciente colectivo espanhol, com efeito, arrasta consigo um pesado lastro de desconfiança sobre o sistema político, pronto a fazer valer o seu peso diante de qualquer deterioração do sistema democrático, real ou fictícia.
Não se pode ignorar, no entanto, que contrariando as teses padrão da aversão, houve recentemente em Espanha mobilizações importantes, organizadas pela sociedade civil opondo-se a projectos de cariz ideológico impulsionados pelo governo de Rodríguez Zapatero, que obtiveram o apoio de centenas de milhares de cidadãos. De qualquer forma, o movimento espanhol talvez se tenha centrado mais na presença pública - algo que conseguiu plenamente -, mas sem impulsionar com a mesma energia a participação dos seus membros nos sistemas institucionais de representação política e de governo. Seria, portanto, de certo modo, uma reacção a partir de fora do sistema, sobre o qual pesa essa desconfiança ou avaliação negativa arraigada no nosso passado anti-democrático ou pseudo-democrático.
A deterioração causada pela corrupção
Entre as razões concretas que geram a aversão pela política em Espanha, a primeira e mais evidente é a notória deterioração da imagem pública do político, causada, antes de tudo, pela multiplicação de casos de corrupção. Embora pareça que qualquer sociedade é susceptível de assumir a existência de casos de corrupção, a recente generalização destes casos saturou essa medida, levando a uma certa demonização da classe política em geral.
A classe política é, evidentemente, a principal responsável por este juízo, pois é um facto que os casos de corrupção se multiplicaram. Mas deve-se acrescentar que a percepção subjectiva do nível de corrupção é aumentada de forma artificial pela tendência dos meios de comunicação social (e da sociedade em geral) para a política do escândalo, assim como pela sua utilização enquanto arma política que é atirada entre as diversas formações políticas. O escândalo "vende", pelo que os casos de corrupção (sejam reais ou não) aparecem sempre na primeira página dos jornais, levando não poucas vezes a linchamentos mediáticos irreversíveis, visto que o juízo social nunca pode ser compensado por uma tardia absolvição judicial.
A sua utilização como arma política tem um efeito similar. Embora a denúncia da corrupção real seja um serviço à colectividade que os indivíduos ou os partidos devem fazer, muito menos se torna fácil, especialmente para os partidos, subtrair-se ao seu uso para eliminar inimigos políticos, mesmo que as denúncias se baseiem em indícios não especialmente fundamentados. Gera-se assim um círculo vicioso no qual os próprios partidos proporcionam aos meios de comunicação social material para alimentar a política do escândalo, potenciando o descrédito geral da profissão, visto que quando os casos de corrupção se generalizam, os cidadãos deixam de ter em conta o partido político concreto que o provoca e formulam uma visão global e negativa sobre toda a classe política.
A solução teórica para este problema é muito simples: bastaria que os representantes dos partidos e os governantes se comportassem de modo honesto. Mas os políticos, e isto nem sempre é reconhecido pelos cidadãos comuns, não são uma classe de excepção, que provenha de um outro qualquer planeta, mas uma profissão integrada por cidadãos como os outros, que cresceram e amadureceram no mesmo contexto social. E, se na política espanhola houve um aumento do nível de corrupção, a razão é porque o mesmo aconteceu em toda a sociedade.
A falta de projecto
Um segundo grupo de factores que está a deteriorar imenso a imagem da política em Espanha pode-se agrupar em torno da etiqueta: falta de projecto. Os cidadãos esperam capacidade de liderança, visão e coerência na classe política, que hoje parece ser um bem escasso.
Um dos principais factores que integram esta falta de projecto é a aposta no curto prazo. Os políticos e, em especial, o partido no governo, não parecem possuir um projecto para o país e, concretamente, para solucionar os problemas económicos, pelo que actuam com base em decisões de curto alcance que permitem resolver os problemas de modo momentâneo ou, simplesmente, superar uma delicada situação política através do impacte mediático da decisão. Esta política de tapa-buracos pode servir para ir ultrapassando conjunturalmente os problemas, mas agrava-os a longo prazo - porque não os resolve - encorajando o sentimento de aversão, na medida em que o cidadão observa, mais cedo ou mais tarde, que por detrás dessa atitude, só existe um exercício cínico de permanência no poder, mas não uma tentativa responsável de resolver os problemas do país.
Competência profissional do político
Outra causa da deterioração da imagem dos políticos é gerada pela percepção de uma certa falta de competência profissional, em parte, devido ao elevado nível de exigência que os cidadãos esperam dos seus representantes e, em parte, porque efectivamente é assim. Nem sempre possuem o nível cultural e profissional que seria desejável. Uma das causas deve ser procurada na demonização da política e no seu efeito negativo em pessoas competentes que optam por profissões melhor consideradas socialmente; de igual modo, a total dedicação a um partido, se não for acompanhada por processos formativos, pode gerar personalidades muito conhecedoras dos alicerces das organizações, mas sem capacidade de liderança nem de gerar ideias com impacte social.
Para resolver este problema foi proposto o mecanismo da porta giratória, que consiste em integrar nos partidos pessoas competentes - juristas, economistas, gestores culturais, profissionais de diversa índole - que desempenhem determinadas funções durante um período de tempo limitado e regressem depois ao exercício da profissão. Trata-se, sem dúvida, de uma ideia interessante, mas de difícil implementação, pois o profissional externo deve enquadrar-se e adaptar-se à estrutura de funcionamento e de poder de um sistema social (o partido político) que não conhece a partir de dentro e, por outro lado, o seu regresso à profissão depois de um período de ausência ou ruptura nem sempre está assegurado. O exemplo recente de Manuel Pizarro, antigo CEO da Endesa, testemunha claramente as dificuldades deste tipo de processos.
Por último, também se salientou que o objectivo de captar todos os possíveis votantes ("catch all"), costuma traduzir-se num esbatimento dos projectos próprios aos quais são eliminadas as arestas mais conflituosas, para que a mensagem chegue ao maior público possível. Trata-se de um procedimento compreensível, mas cuja contrapartida é que a mensagem final que chega ao eleitorado pode ser tão indefinida que perca parte da sua capacidade motivadora gerando aversão. Uma alternativa viável é o microtargeting com o qual se aponta para sectores definidos da população a partir de propostas muito próximas dos seus interesses.
A estrutura dos partidos
A percepção sobre o funcionamento dos partidos também é outra das causas de aversão.
A primeira razão é um possível excesso de verticalismo, que leva a que todas as decisões sejam tomadas a partir dos escalões mais elevados e sejam impostas depois de maneira hierárquica e pouco dialogada ao resto dos quadros e das bases. É claro que um partido é um sistema de poder e, portanto, essa transmissão do poder não só é inevitável como até desejável em alguns aspectos. Mas, apesar disso, a imagem que os partidos transmitem é muitas vezes demasiado monolítica, talvez devido à escassez de pessoas com suficiente personalidade e competência para expressarem a sua própria opinião de forma independente e madura. Isto é especialmente evidente no Parlamento, onde a disciplina de voto actua com frequência como um cilindro uniformizador, que impede a expressão de posições independentes, racionais ou minimamente críticas.
Alguns propuseram, para resolver este problema, o sistema das listas abertas. No entanto, como em tudo na política, não existem soluções fáceis. Na realidade, o número de políticos que os cidadãos conhecem é muito limitado, pelo que não é assim tão evidente que, no caso de poder escolher entre determinado número de pessoas, o votante pudesse vir a possuir a informação suficiente de modo a decidir com conhecimento de causa entre os diversos candidatos; por outro lado, em eleições de âmbito nacional, uma pessoa pode desejar votar num projecto político global, independentemente de quem a represente numa determinada circunscrição.
O desconhecimento da política real
Outro dos motivos da aversão pela política é o desconhecimento por parte dos cidadãos da realidade da vida política, das suas dificuldades, da sua complexidade, das suas necessidades e das suas leis internas. Um exemplo muito esclarecedor, na minha opinião, encontramo-lo em alguns grupos de pessoas ideologicamente muito comprometidas que promoveram a gestação de pequenos partidos inspirados no humanismo cristão (Familia y Vida, AES) por considerarem que o Partido Popular não defendia adequadamente e com suficiente contundência esta perspectiva. É possível que o ponto de partida pudesse estar em parte justificado, mas estes grupos não estavam verdadeiramente conscientes da enorme dificuldade que envolve defender estas posições de modo efectivo no plano nacional. Por isso, depararam rapidamente com graves problemas que bloquearam o seu desenvolvimento.
O primeiro é que nenhum partido se pode limitar a propor questões de carácter ideológico-doutrinal, pois o âmbito de temas que se aborda na política é muito mais amplo. Além disso, as questões ideológicas, embora interessem a um grupo amplo de espanhóis, não são os temas fundamentais que vão determinar a orientação de voto da maioria da população. Por isso, um partido que se centre prioritariamente nesses aspectos está condenado, à partida, a ser minoritário. Por último, apesar de grupos substanciais de pessoas poderem partilhar um acordo sobre determinadas ideias, esse acordo, em si mesmo, não é mais do que um projecto teórico intelectual com falta de uma base operativa assente no território. E, sem estes elementos, não é um partido político. Ora, construir esse emaranhado organizativo é algo complexo: exige líderes com capacidade de unir vontades, instrumentos económicos, capacidade de compromisso, habilidade política, etc.
Esta visão utópica da política também está presente, embora de otro modo, nas avaliações negativas que não levam em conta que os mesmos problemas que a afectam, existem também noutros meios profissionais. A corrupção, a concorrência desleal ou as traições profissionais não são características exclusivas da política e podem ser encontradas em muitos outros âmbitos profissionais. O que acontece é que os interesses em jogo na política são, em geral, muito mais relevantes, o que multiplica a paixão e o desejo.
Juan Manuel Burgos
(Professor da Universidad CEU San Pablo (Madrid). Presidente da Asociación Española de Personalismo)
Aceprensa
DECENÁRIO DO ESPÍRITO SANTO
7º Dia
Dons do Espírito Santo
Fortaleza
O Dom de Fortaleza encontra nas dificuldades umas condições excepcionais para crescer e afirmar-se, se nessas situações sabemos estar junto do Senhor.
(Francisco Fernández CARVAJAL, Hablar com Dios, Decenário do Espírito Santo, 7ª Sem., 4ª F.)
(citado e trad. por AMA)
Dons do Espírito Santo
Fortaleza
O Dom de Fortaleza encontra nas dificuldades umas condições excepcionais para crescer e afirmar-se, se nessas situações sabemos estar junto do Senhor.
(Francisco Fernández CARVAJAL, Hablar com Dios, Decenário do Espírito Santo, 7ª Sem., 4ª F.)
(citado e trad. por AMA)
Meditações de Maio por António Mexia Alves
19
SALVE RAINHA
A VÓS SUSPIRAMOS, GEMENDO E CHORANDO
Nas misérias das nossas vidas suspiramos por ti, para nos consolares e curares os nosso males.
(AMA, 7ª meditação sobre a Salve Rainha)
SALVE RAINHA
A VÓS SUSPIRAMOS, GEMENDO E CHORANDO
Nas misérias das nossas vidas suspiramos por ti, para nos consolares e curares os nosso males.
(AMA, 7ª meditação sobre a Salve Rainha)
Tema para reflexão
TEMA: MÊS DE NOSSA SENHORA
Santo Rosário: Mistérios Dolorosos
3º Mistério: A coroação de espinhos
Quantos espinhos da Tua Coroa foram directamente cravados por mim na Tua fronte sublime? E quantas vezes o fiz?
Ah, Senhor! Muitas decerto, infelizmente.
E Tu perdoas-me ainda!
Queixo-me eu por um pequeno incómodo, uma dorzita, um mal-estar de nada, um desconforto, que está frio, que está calor… e Tu, senhor, ali, sentado num escabelo, naquela tristíssima e pungente figura de um justiçado silencioso, olhando para os Teus algozes, para mim, com os teus doces olhos serenos e cheios de mágoa. E o Teu pensamento, ao mesmo tempo: Pai perdoa-lhes, eles não sabem o que fazem!
Mas eu sei, Senhor, Ah, eu sei o que faço. Sempre soube, só que fingia e finjo que não sei.
(AMA, meditações sobre a Paixão, 1988)
DOUTRINA: A elevação sobrenatural e o pecado original
A elevação sobrenatural 1 – d
É difícil descrever o estado de inocência perdida de Adão e Eva , sobre o qual há poucas afirmações no Génesis (cf. Gn 1,26-31; 2,7-8.15-25). Por isso, a tradição costuma caracterizar tal estado indirectamente, inferindo, a partir das consequências do pecado narrado em Gn 3, os dons de que gozavam os nossos primeiros pais, que deviam transmitir aos seus descendentes. Assim, afirma-se que receberam os dons naturais, que correspondem à sua condição normal de criaturas e formam o seu ser criatural. Receberam também os dons sobrenaturais, quer dizer, a graça santificante, a divinização que essa graça comporta e a chamada última à visão de Deus. Com estes, a tradição cristã reconhece a existência no Paraíso dos “dons preternaturais”, ou seja, dons que não eram exigidos pela natureza humana, mas congruentes com ela, a aperfeiçoavam na linha natural, e constituíam, afinal, uma manifestação da graça. Tais dons eram a imortalidade, a isenção de dor (impassibilidade) e o domínio da concupiscência (integridade) (cf. Catecismo, 376) .
(in News Letter, O.D., temas doutrinais)
(citação AMA)
Agradecimento: António Mexia Alves
Santo Rosário: Mistérios Dolorosos
3º Mistério: A coroação de espinhos
Quantos espinhos da Tua Coroa foram directamente cravados por mim na Tua fronte sublime? E quantas vezes o fiz?
Ah, Senhor! Muitas decerto, infelizmente.
E Tu perdoas-me ainda!
Queixo-me eu por um pequeno incómodo, uma dorzita, um mal-estar de nada, um desconforto, que está frio, que está calor… e Tu, senhor, ali, sentado num escabelo, naquela tristíssima e pungente figura de um justiçado silencioso, olhando para os Teus algozes, para mim, com os teus doces olhos serenos e cheios de mágoa. E o Teu pensamento, ao mesmo tempo: Pai perdoa-lhes, eles não sabem o que fazem!
Mas eu sei, Senhor, Ah, eu sei o que faço. Sempre soube, só que fingia e finjo que não sei.
(AMA, meditações sobre a Paixão, 1988)
DOUTRINA: A elevação sobrenatural e o pecado original
A elevação sobrenatural 1 – d
É difícil descrever o estado de inocência perdida de Adão e Eva , sobre o qual há poucas afirmações no Génesis (cf. Gn 1,26-31; 2,7-8.15-25). Por isso, a tradição costuma caracterizar tal estado indirectamente, inferindo, a partir das consequências do pecado narrado em Gn 3, os dons de que gozavam os nossos primeiros pais, que deviam transmitir aos seus descendentes. Assim, afirma-se que receberam os dons naturais, que correspondem à sua condição normal de criaturas e formam o seu ser criatural. Receberam também os dons sobrenaturais, quer dizer, a graça santificante, a divinização que essa graça comporta e a chamada última à visão de Deus. Com estes, a tradição cristã reconhece a existência no Paraíso dos “dons preternaturais”, ou seja, dons que não eram exigidos pela natureza humana, mas congruentes com ela, a aperfeiçoavam na linha natural, e constituíam, afinal, uma manifestação da graça. Tais dons eram a imortalidade, a isenção de dor (impassibilidade) e o domínio da concupiscência (integridade) (cf. Catecismo, 376) .
(in News Letter, O.D., temas doutrinais)
(citação AMA)
Agradecimento: António Mexia Alves
Comentário ao Evangelho do dia feito por:
Santo Agostinho (354-430), Bispo de Hipona (Africa do Norte) e Doutor da Igreja
Sermões sobre o Evangelho de São João, n°11
«Eles não são do mundo, como Eu também não sou do mundo»
Escutai todos, judeus e gentios [...]; escutai, todos os reinos da terra! Não impeço o vosso domínio deste mundo, «o Meu Reino não é deste mundo» (Jo 18, 36). Não receeis, portanto, com aquele temor insensato que invadiu Herodes quando lhe anunciaram o Meu nascimento. [...] Não, diz o Salvador, «o Meu Reino não é deste mundo». Vinde todos a um reino que não é deste mundo; vinde pela fé; que o temor não vos torne cruéis. É verdade que, numa profecia, o Filho de Deus disse ao falar do Pai: «Por Ele, fui nomeado rei em Sião, na Sua montanha santa» (Sl 2, 6). Mas esta Sião e esta montanha não são deste mundo.
O que é, com efeito, o Seu Reino? São aqueles que crêem n'Ele, aqueles a quem Ele disse: «Vós não sois do mundo, como Eu também não sou do mundo». E, no entanto, Ele quer que eles estejam no mundo; Ele pede ao Pai: «Não Te peço que os retires do mundo, mas que os livres do Maligno». Porque Ele não disse: «O Meu Reino não está neste mundo» mas sim: «não é deste mundo; se o Meu Reino fosse deste mundo, os Meus servos viriam combater para que eu não fosse entregue» (Jo 18, 36).
Com efeito, o Seu reino está verdadeiramente aqui na Terra até ao fim do mundo; até à colheita, o joio está misturado com o trigo (Mt 13, 24ss.). [...] O Seu reino não é daqui porque Ele é como um viajante neste mundo. Àqueles sobre os quais reina, disse: «Vós não sois do mundo porque Eu vos escolhi do meio do mundo». (Jo 15, 19). Portanto, eles eram deste mundo quando ainda não eram o Seu Reino e pertenciam ao príncipe deste mundo (Jo 12, 31). [...] Todos aqueles que são engendrados da raça de Adão pecador pertencem a este mundo; todos aqueles que foram regenerados em Jesus Cristo pertencem ao Seu Reino e já não são deste mundo. «Com efeito, Deus arrancou-nos ao poder das trevas e transferiu-nos para o Reino do Seu Filho bem-amado» (Col 1, 13).
(Fonte: Evangelho Quotidiano)
Sermões sobre o Evangelho de São João, n°11
«Eles não são do mundo, como Eu também não sou do mundo»
Escutai todos, judeus e gentios [...]; escutai, todos os reinos da terra! Não impeço o vosso domínio deste mundo, «o Meu Reino não é deste mundo» (Jo 18, 36). Não receeis, portanto, com aquele temor insensato que invadiu Herodes quando lhe anunciaram o Meu nascimento. [...] Não, diz o Salvador, «o Meu Reino não é deste mundo». Vinde todos a um reino que não é deste mundo; vinde pela fé; que o temor não vos torne cruéis. É verdade que, numa profecia, o Filho de Deus disse ao falar do Pai: «Por Ele, fui nomeado rei em Sião, na Sua montanha santa» (Sl 2, 6). Mas esta Sião e esta montanha não são deste mundo.
O que é, com efeito, o Seu Reino? São aqueles que crêem n'Ele, aqueles a quem Ele disse: «Vós não sois do mundo, como Eu também não sou do mundo». E, no entanto, Ele quer que eles estejam no mundo; Ele pede ao Pai: «Não Te peço que os retires do mundo, mas que os livres do Maligno». Porque Ele não disse: «O Meu Reino não está neste mundo» mas sim: «não é deste mundo; se o Meu Reino fosse deste mundo, os Meus servos viriam combater para que eu não fosse entregue» (Jo 18, 36).
Com efeito, o Seu reino está verdadeiramente aqui na Terra até ao fim do mundo; até à colheita, o joio está misturado com o trigo (Mt 13, 24ss.). [...] O Seu reino não é daqui porque Ele é como um viajante neste mundo. Àqueles sobre os quais reina, disse: «Vós não sois do mundo porque Eu vos escolhi do meio do mundo». (Jo 15, 19). Portanto, eles eram deste mundo quando ainda não eram o Seu Reino e pertenciam ao príncipe deste mundo (Jo 12, 31). [...] Todos aqueles que são engendrados da raça de Adão pecador pertencem a este mundo; todos aqueles que foram regenerados em Jesus Cristo pertencem ao Seu Reino e já não são deste mundo. «Com efeito, Deus arrancou-nos ao poder das trevas e transferiu-nos para o Reino do Seu Filho bem-amado» (Col 1, 13).
(Fonte: Evangelho Quotidiano)
O Evangelho do dia 19 de Maio de 2010
São João 17,11-19
11 Já não estou no mundo, mas eles estão no mundo, e Eu vou para Ti. Pai Santo, guarda em Teu nome aqueles que Me deste para que sejam um, assim como Nós.12 Quando Eu estava com eles, os guardava em Teu nome. Conservei os que Me deste; nenhum deles se perdeu, excepto o filho da perdição, cumprindo-se a Escritura.13 Mas agora vou para Ti e digo estas coisas, estando ainda no mundo, para que eles tenham em si mesmos a plenitude da Minha alegria.14 Dei-lhes a Tua palavra, e o mundo odiou-os, porque não são do mundo, como também Eu não sou do mundo.15 Não peço que os tires do mundo, mas que os guardes do mal.16 Eles não são do mundo, como Eu também não sou do mundo.17 Santifica-os na verdade. A Tua palavra é a verdade.18 Assim como Tu Me enviaste ao mundo, também Eu os enviei ao mundo.19 Por eles Eu santifico-Me a Mim mesmo, para que também sejam santificados na verdade.
11 Já não estou no mundo, mas eles estão no mundo, e Eu vou para Ti. Pai Santo, guarda em Teu nome aqueles que Me deste para que sejam um, assim como Nós.12 Quando Eu estava com eles, os guardava em Teu nome. Conservei os que Me deste; nenhum deles se perdeu, excepto o filho da perdição, cumprindo-se a Escritura.13 Mas agora vou para Ti e digo estas coisas, estando ainda no mundo, para que eles tenham em si mesmos a plenitude da Minha alegria.14 Dei-lhes a Tua palavra, e o mundo odiou-os, porque não são do mundo, como também Eu não sou do mundo.15 Não peço que os tires do mundo, mas que os guardes do mal.16 Eles não são do mundo, como Eu também não sou do mundo.17 Santifica-os na verdade. A Tua palavra é a verdade.18 Assim como Tu Me enviaste ao mundo, também Eu os enviei ao mundo.19 Por eles Eu santifico-Me a Mim mesmo, para que também sejam santificados na verdade.