quinta-feira, 18 de novembro de 2010

”A unidade, não a fazemos nós, é Deus que a “faz”: Bento XVI, aos participantes na assembleia do Conselho Pontifício para a promoção da unidade dos cristãos


A unidade dos cristãos “habita na oração”, é um “tomar parte na unidade divina. A unidade, não a fazemos nós, é Deus que a “faz”. Esta a convicção de Bento XVI, dirigindo-se aos participantes na assembleia plenária do Conselho Pontifício para a promoção da unidade dos cristãos, que celebra nestes dias os 50 anos da sua criação, da parte de João XXIII. Um “acto que constituiu uma pedra miliar para o caminho ecuménico da Igreja católica”.

Agradecendo a todos os que, ao longo destes 50 anos, se empenharam neste campo, contribuindo para a realização de diálogos teológicos e de encontros ecuménicos, o Santo Padre quis recordar expressamente os diversos presidentes: os cardeais Bea, Willebrands, Cassidy e, nos últimos 11 anos, o cardeal Kasper, que – disse o Papa – “guiou o dicastério com competência e paixão”.

“São cinquenta anos em que se adquiriu um conhecimento mais verdadeiro e uma maior estima para com as Igrejas e as comunidades eclesiais, superando preconceitos sedimentados pela história; cresceu-se no diálogo teológico, mas também no da caridade; desenvolveram-se várias formas de colaboração, entre as quais - para além da defesa da vida, da salvaguarda da criação e do combate às injustiças – foi especialmente importante e frutuosa a colaboração no campo das traduções ecuménicas da Sagrada Escritura”.

Dando graças a Deus pelos frutos já colhidos, Bento XVI encorajou os presentes a prosseguirem o empenho neste campo, não obstante as dificuldades que se apresentam no caminho ecuménico.

“Hoje em dia alguns pensam que este caminho, de modo especial no Ocidente, perdeu o seu dinamismo. Adverte-se então a urgência de reavivar o interesse ecuménico e de dar uma nova profundidade aos diálogos. Novos desafios se apresentam: as novas interpretações antropológicas e éticas, a formação ecuménica das novas gerações, a ulterior fragmentação do cenário ecuménico”.

É essencial tomar consciência destas transformações e identificar as vias para prosseguir de modo eficaz à luz da vontade do Senhor: “que todos sejam um”.

No que diz respeito às Igrejas ortodoxas chegou-se agora ao ponto de “tocar um ponto crucial de confronto e reflexão: o papel do Bispo de Roma na comunhão da Igreja”. Também no diálogo com as antigas Igrejas Orientais mantém-se central a questão eclesiológica: não obstante muitos séculos de incompreensão e afastamento, verificou-se, com alegria, que se conservou um precioso património comum”.

Quase a concluir, Bento XVI observou que “a acção ecuménica tem um duplo movimento”.

“Por um lado, a busca convicta, apaixonada e tenaz para encontrar toda a unidade na verdade, para descobrir modelos de unidade, para iluminar oposições e pontos obscuros, em ordem à consecução da unidade”.

E isto – considerou o Papa - no necessário diálogo teológico, mas sobretudo na oração e a na penitência, neste ecumenismo espiritual que constitui o coração pulsante de todo o caminho. A unidade dos cristãos é e permanece oração, habita na oração”.

“Por outro lado, um outro movimento operativo, que surge da consciência de que nós não conhecemos a hora da realização da unidade entre os discípulos de Cristo e não a podemos saber, porque a unidade não somos nós que a fazemos, é Deus que a faz. Vem do alto, da unidade do Pai com o Filho no diálogo de amor que é o Espírito Santo, é um tomar parte na unidade divina”.

O que não deve fazer diminuir o nosso empenho (advertiu Bento XVI). Pelo contrário, deve tornar-nos cada vez mais atentos a captar os sinais e os tempos do Senhor, sabendo reconhecer com gratidão o que já nos une e trabalhando para que se consolide e cresça.

(Fonte: site Rádio Vaticano)

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