quinta-feira, 23 de setembro de 2010

A COMUNIDADE MODELO (1)

«Eram assíduos ao ensino dos Apóstolos, à união fraterna, à fracção do pão e às orações. Perante os inumeráveis prodígios e milagres realizados pelos Apóstolos, o temor dominava todos os espíritos. Todos os crentes viviam unidos e possuíam tudo em comum. Vendiam terras e outros bens e distribuíam o dinheiro por todos, de acordo com as necessidades de cada um.
Como se tivessem uma só alma, frequentavam diariamente o templo, partiam o pão em suas casas e tomavam o alimento com alegria e simplicidade de coração. Louvavam a Deus e tinham a simpatia de todo o povo. E o Senhor aumentava, todos os dias, o número dos que tinham entrado no caminho da salvação.» Act 2, 42-47


Esta é uma passagem dos Actos dos Apóstolos que serve sempre de referência ao início e desenvolvimento da Igreja.
Nela é descrita a vida das primeiras comunidades cristãs, (neste caso a comunidade de Jerusalém), que foram o embrião da Igreja dos nossos dias.

Esta narração tem elementos que nos devem fazer reflectir hoje, sobre a realidade de então, mas que verdadeiramente deve continuar a ser a base da nossa existência como cristãos e católicos, reunidos em Igreja.

«Eram assíduos ao ensino dos Apóstolos»

Seremos nós hoje em dia, em Igreja, assíduos ao «ensino dos Apóstolos»?
Aproveitamos nós, todos os momentos para melhor conhecermos a Doutrina emanada pela Santa Igreja, não só pela voz dos pastores que nos são dados, mas também por todos os documentos, livros, cursos de formação, etc., que a Igreja nos proporciona no dia-a-dia?

É que muitas vezes somos mais lestos em procurar ouvir aqueles que não estão em comunhão de Igreja, ou que estão até em confronto com Ela, deixando-nos levar pelas suas pessoais e falsas interpretações, porque muitas vezes servem melhor os seus e nossos propósitos.
Até porque o caminho de conversão diária é difícil, exigente, e assim queremos aproveitar algumas “nuances doutrinais”, não só para não exigirmos tanto de nós, mas também para “aliviarmos” as nossas consciências.

É habitual também ver católicos a lerem livros de autores que não pertencem à Igreja Católica, e alguns livros até que são escritos apenas para atacar e denegrir a Fé e a Igreja.

E se não vem “mal ao mundo” por, de vez em quando, lermos um livro de um autor de outra igreja, (até para nosso conhecimento como resposta a outrem), já não se entende que tal se faça se não temos tempo, ou não o disponibilizamos, para lermos os autores católicos, que são tantos e tão disponíveis.
E muito menos se entende que se leiam livros que atacam e denigrem a Fé e a Igreja Católica, (alguns supostamente científicos), quando afinal nunca lemos um livro sobre a Igreja, sobre a Doutrina, ou muito provavelmente nem a própria Bíblia.
E se não temos essa base de conhecimento, que cimenta a Fé, que leva á comunhão, que provoca a conversão, como nos admiramos nós que a leitura desses livros abale as nossas convicções, a “nossa” fé, se tudo afinal é apenas e só fruto de uma tradição familiar, ou de uma catequese obrigada pelos nossos pais?

Estamos e somos tantas vezes disponíveis para lermos as notícias sobre os “escândalos” na Igreja, mas será que também o somos para lermos o que a Igreja diz e decide sobre esses assuntos?

Não somos nós tão rápidos a lermos um qualquer “tratado” dum qualquer teólogo “desalinhado”, e não colocamos tantas vezes de lado uma homilia do Papa, ou de um Bispo, que nos chega pelas notícias?

Que convicção é esta que atinge tantos de nós que, quando fala alguém da Igreja, somos levados a pensar que já sabemos o que vai dizer, ou disse, e que nada vai acrescentar à nossa caminhada espiritual, mas que, ao contrário, aquilo que diz alguém que se coloca fora da Igreja, nos vai ajudar a encontrar caminho de comunhão?

Com certeza que, se não temos o conhecimento das bases da Doutrina da Fé que afirmamos professar, se não aprofundamos essas bases na procura constante, ou melhor, «na assiduidade ao ensino dos Apóstolos», apenas nos podemos dividir e desunir, porque a mais pequena interrogação vai colocar em causa a Fé e a comunhão de Igreja que desejamos e queremos viver.

Naquele tempo, aquelas mulheres e aqueles homens «eram assíduos ao ensino dos Apóstolos», porque amavam a Palavra, porque n’Ela reconheciam o próprio Deus que lhes falava, porque n’Ela encontravam alimento, encontravam unidade, comunhão e caminho para viver.
Porque naquele tempo, o «ensino dos Apóstolos», não só lhes transmitia conhecimento, mas também força e ânimo, para lutarem interiormente contra todos os ataques que a Fé em Jesus Cristo e a Igreja nascente, sofriam todos os dias.

E hoje não é assim?
Não sofre a Fé em Deus Uno e Trino, não sofre a Igreja Católica, (e sobretudo Esta entre todas as igrejas), ataques permanentes, consertados, não só dos meios de comunicação social, mas também de pensadores, de políticos, de “fazedores de opinião” e até infelizmente de alguns que se dizem católicos e que até têm responsabilidades na própria Igreja, mas teimam em interpretar a Doutrina da Fé ao seu gosto e arrogante convicção?

Como queremos nós ter conhecimentos, ter argumentos, ter força e ânimo, para responder a tais ataques, (não com violência ou destempero), mas com um testemunho sereno e convicto, por palavras e obras, se não procuramos esses conhecimentos, esses argumentos, essa força e esse ânimo, no único sítio onde nos são dados e que é em comunhão na Igreja Católica?

«Eram assíduos ao ensino dos Apóstolos»

Por isso, e passados dois milhares de anos, esta Palavra continua a ser tão actual, (não infelizmente como verdade descrita na maior parte das vezes), mas como caminho e exortação àquilo que o verdadeiro cristão e católico, deve fazer e viver, no caminho como filhos de Deus, discípulos de Jesus Cristo, a que todos somos chamados para nossa salvação e maior glória e louvor de Deus.

Monte Real, 22 de Setembro de 2010
(continua)

Joaquim Mexia Alves

http://queeaverdade.blogspot.com/2010/09/comunidade-modelo-1.html

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