segunda-feira, 3 de maio de 2010

O hábito de pensar (excerto)

Se o País vive um momento de aperto, é preciso diagnosticar a situação, confrontar a causa, procurar a saída. Cada um, ao seu nível, tem de suportar o sofrimento e enfrentar a dificuldade. Foi assim que ultrapassámos problemas muito maiores. Assim venceremos este. Pôr-se a lamentar bloqueios, bramar contra culpados remotos, insultar o País ou cair na autocomiseração não se deve à recessão. Vem da falta de carácter.

Este nosso problema é uma manifestação de um diagnóstico já antigo e muito mais vasto que a dívida lusitana. "A grande tradição intelectual que chegou até nós, desde Pitágoras e Platão, nunca se interrompeu ou perdeu com bagatelas como o saque de Roma, o triunfo de Átila ou todas as invasões bárbaras da idade das trevas. Apenas se perdeu após a introdução da imprensa, o descobrimento da América, a fundação da Royal Society e todo o progresso do Renascimento e do mundo moderno. Foi aí, se o foi em qualquer parte, que se perdeu ou se quebrou o longo fio, fino e delicado, que vinha desde a antiguidade remota. O fio dessa rara mania dos homens - o hábito de pensar" (G. K. Chesterton, 1933, St. Thomas Aquinas, cap. III).

João César das Neves

(Fonte: DN online excerto artigo publicado com data de hoje e que pode ser lido na integra AQUI)

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