quarta-feira, 21 de abril de 2010

Tornar Deus próximo

Por ocasião do 5º aniversário da eleição de Bento XVI

Completam-se cinco anos da eleição do Cardeal Joseph Ratzinger como sucessor de São Pedro à frente da Igreja. João Paulo II falecera a 2 de Abril de 2005. As televisões realizaram uma cobertura informativa sem precedentes. E, no meio daquele clima de emoção e de carinho pelo Pontífice falecido, que ainda enchia as ruas de Roma, no dia 19 de Abril de 2005 vimos pela primeira vez a figura amável do novo Papa na varanda central da Basílica de São Pedro.

Como é que Bento XVI vê a sua missão de cabeça da Igreja universal? Na Eucaristia do início do seu Pontificado, explicava que a tarefa do Pastor poderia parecer penosa, mas apresenta-se, na realidade, como una tarefa "aprazível e grande, porque se trata de um serviço à alegria de Deus, que quer estar presente no mundo". E afirmou, nessa mesma ocasião, que "não há nada mais formoso do que ser alcançados, surpreendido, pelo Evangelho, por Cristo", e "nada mais belo do que conhecê-Lo e comunicar aos outros a amizade com Ele" (Homilia, 24-IV-2005). Assim entende o Papa a sua missão: comunicar aos outros a alegria que procede de Deus. Suscitar no mundo um novo dinamismo de compromisso na resposta humana ao amor de Deus.

Nestes cinco anos de Pontificado, não faltaram ao Papa ataques provocados por aqueles que estão empenhados em afastar o Criador do horizonte da sociedade dos homens; nem estiveram ausentes os sofrimentos perante a incoerência e os pecados de algumas pessoas chamadas a ser "sal da terra" e "luz do mundo" (Mt 5,14-16). Nada disso nos deve admirar, pois as dificuldades fazem parte do itinerário normal do cristão, já que o discípulo não é mais do que o mestre, como Jesus Cristo anunciou: "Se me perseguiram a mim, também a vós vos hão-de perseguir." (Jn 15, 20). E, ao mesmo tempo, não esqueçamos o que o Senhor acrescentou: "Se tiverem guardado a minha doutrina, também hão-de guardar a vossa" (idem).

Entre os motivos de gratidão para com Bento XVI, gostaria de realçar a sua acção para dar a conhecer o Deus próximo. Esta expressão — tirada do título de um livro do Cardeal Ratzinger sobre a Eucaristia — é também um modo afectuoso de falar do Criador, que a fé nos mostra amável e próximo, interessado pela sorte das suas criaturas, como afirmava um santo dos nossos dias. Na realidade, São Josemaria recordava com frequência que, no meio da intensa actividade quotidiana, por vezes "vivemos como se o Senhor estivesse lá longe, onde brilham as estrelas, e não consideramos que também está sempre ao nosso lado. E está como um pai amoroso – quer mais a cada um de nós do que todas as mães do mundo podem querer a seus filhos – ajudando-nos, inspirando-nos, abençoando… e perdoando" (Caminho, 267).

Reside aqui o optimismo indestrutível do cristão, animado pelo Espírito Santo, que nunca desampara a Igreja. Historia docet: quantas vezes, ao longo de vinte séculos, se elevaram vozes agoirentas, anunciando o fim da Igreja de Cristo! Contudo, com a força do Paráclito, superadas as provações, logo ela apareceu mais jovem e mais bela, mais cheia de energia para conduzir os homens pelos caminhos da salvação. Assim o temos visto nestes anos: a autoridade moral e intelectual do Papa, a sua proximidade e interesse pelos que sofrem, a sua firmeza na defesa da Verdade e do Bem, sempre com caridade, fortaleceu homens e mulheres de todos os credos. O Romano Pontífice continua a ser uma luz que ilumina as intrincadas vicissitudes terrenas.

No cumprimento do meu múnus episcopal, milhares de pessoas de boa vontade — católicos e não católicos, também numerosos não cristãos — me confidenciaram que as respostas sólidas e plenas de esperança de Bento XVI face aos diversos dramas da humanidade representaram para eles uma confirmação no Evangelho, ou um motivo de aproximação à Igreja e, principalmente, um renovado interesse por uma aproximação ao "Deus próximo" que o Papa proclama. São muitos os que se sentem diariamente enriquecidos por esta alegre pregação de Bento XVI, condimentada pela luz da fé, exposta com todos os recursos da inteligência, com uma linguagem cristalina e com o testemunho da sua relação pessoal com Jesus Cristo. Que o Senhor no-lo conserve por muitos anos como guia da Igreja, para bem de toda a humanidade.

(Fonte: site de São Josemaría Escrivá AQUI)

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