sexta-feira, 16 de abril de 2010

CONHECER BENTO XVI - Amigo do Papa há 40 anos fala de Joseph Ratzinger

Padre Noronha Galvão faz parte do círculo mais estrito de amigos e ex-alunos do actual Papa. Nesta entrevista, partilha algumas das suas memórias do homem que conhece há quatro décadas.

O primeiro contacto do padre Noronha Galvão com o teólogo Joseph Ratzinger foi através do seu livro “Introdução ao Cristianismo”. Algum tempo mais tarde, o padre português foi enviado para a universidade de Ratisbona pelo então Cardeal Cerejeira, onde foi aluno do actual Papa.

“Procurei-o. Foi muito amável, falámos logo sobre o tema que me interessava, que era sobre o conhecimento de Deus em Santo Agostinho. Era exigente, mas também muito flexível e muito compreensivo. Compreendia a situação das pessoas”, explica.

Esta característica de Bento XVI é ilustrada por uma história que se passou com um então colega do padre Noronha Galvão. “No exame da tese de doutoramento, ele bloqueou. Não era capaz de falar; então, Ratzinger começou a expor e a falar do assunto até que ele finalmente se soltou e foi capaz de tomar a palavra”.

O padre Noronha Galvão faz parte do círculo de 46 ex-alunos de doutoramento de Ratzinger, conhecido como o Schulerkreis, que ainda reúne todos os anos com Bento XVI para discutir assuntos teológicos.

Muito ao contrário da imagem que pode passar, de um homem rígido, severo e sem tempo para os outros, o verdadeiro Joseph Ratzinger é, segundo o seu ex-aluno, um homem sempre disponível e pronto para ajudar os outros. “Recordo-me que formámos um grupo que se reunia regularmente e discutia questões de teologia. E, a dada altura, começámos a ter algumas objecções às ideias de Ratzinger. Elaborámos uma série de questões e pedimos para discutir. Ele convidou-nos para ir a sua casa e, à noite, lá expusemos o assunto. A primeira coisa que ele disse foi 'essas questões são muito difíceis'. Não deu uma resposta rápida que nos podia arrumar, mas esteve ali connosco a reflectir sobre todos os aspectos da questão, para nos deixar a pensar também.”

Na memória dos seus alunos, fica a ideia de um homem que aliava uma “grande profundidade de pensamento, uma grande espiritualidade, mas ao mesmo tempo tinha um grande gosto pela vida". "Aliava uma grande exigência no trabalho científico a uma exigência de espiritualidade e também o saber saborear as coisas boas da vida”.

(Fonte: site Rádio Renascença, título da responsabilidade de JPR)

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