sábado, 30 de maio de 2009

A primazia de Cristo – Editorial do Director

Bento XVI voltou a Montecassino, onde tinha ido tantas vezes antes da eleição à Sé de Pedro, para repetir que nada se deve antepor ao amor de Cristo: nihil amori Christi praeponere, segundo a bela e essencial expressão da Regra beneditina que o novo Papa recordou para explicar a escolha do nome assumido como Romano Pontífice. Um nome bem-ditoso e pacífico que há mais de noventa anos não era usado nas sucessões papais, e que desta forma era explicado sobretudo em referência à primazia absoluta de Cristo. Esta primazia não é um conceito abstracto nem sequer uma ideologia, mas a consequência de um encontro como afirma o Papa na sua primeira encíclica na vida quotidiana do cristão. De Joseph Ratzinger, como na de todos os fiéis, segundo um "programa" declarado com clareza no início do seu pontificado: isto é, o "de não fazer a minha vontade, de não perseguir as minhas ideias, mas de me pôr à escuta, com toda a Igreja, da Palavra e da vontade do Senhor e deixar-me guiar por Ele". Através da busca de Deus, aquele quarere Deum ensinado pelo pai do monaquismo ocidental e que Bento XVI em Paris, no memorável discurso pronunciado no Collège des Bernardins, indicou como origem da cultura maturada no continente europeu.

O programa beneditino de nada antepor a Cristo realiza-se todos os dias com gestos concretos. E neste ritmo do dia repetiu o Papa a vida monástica tem um valor exemplar para cada fiel, seja homem ou mulher. Antes de tudo, no espaço reservado à oração, "caminho silencioso" que conduz a Deus, e portanto autêntico "respiro da alma".

Depois vem o trabalho, realidade sempre difícil e que neste tempo de crise mundial com frequência se reveste de preocupação e de angústia para indivíduos e famílias, enlaçando-se com a questão da imigração. E ainda, a cultura, que não diz respeito a âmbitos circunscritos, mas significa também e sobretudo educação das novas gerações e responsabilidade em relação a elas. Estes são temas que preocupam os bispos italianos e que não por acaso estão presentes hoje nas palavras do cardeal presidente da conferência episcopal.

Voltar a Montecassino foi assim para Bento XVI uma nova ocasião para recordar a atenção sobre as prioridades da vida. E para invocar mais uma vez a paz aliás, o dom da paz e o compromisso para a realizar de um lugar pacífico e de civilização que foi inutilmente destruído pela barbárie da guerra moderna, aquela assustadora tragédia na qual a Europa começou a afundar há setenta anos.

Também por isto Paulo vi, precisamente de Montecassino, proclamou São Bento padroeiro do velho continente, resumindo na cruz, no arado e no livro a obra secular dos seus monges. Para ressaltar a responsabilidade dos cristãos que visivelmente devem testemunhar a profundidade e a eficácia das suas raízes. Também na Europa, no contexto global e na busca racional do bem comum.


Giovanni Maria Vian

O Papa num gesto de profunda, mas não surpreendente humildade

Vídeo em espanhol


Bento XVI dirigindo-se hoje às crianças da Obra Missionária referindo-se à sua eleição pelo Conclave, “Não entendi como Deus me escolheu a mim, mas aceito-o embora me pareça ser algo que vai muito para além das minhas forças, mas também sei que o Senhor me ajuda”


(Fonte: “Corriere della será” online em http://www.corriere.it/esteri/09_maggio_30/papa_dio_ha_scelto_me_35ac1656-4d07-11de-82fb-00144f02aabc.shtml com tradução de JPR)

Comentário ao Evangelho de Domingo feito por:

São Bruno de Segni (c. 1045-1123), bispo

Do Pentecosts judaico ao Pentecostes cristão

O Monte Sinai é o símbolo do Monte Sião. [...] Reparai até que ponto as duas alianças se ecoam uma à outra, com que harmonia a festa de Pentecostes é celebrada em cada uma delas. [...] O Senhor desceu ao Monte Sião no mesmo dia e de maneira muito semelhante a como tinha descido ao Monte Sinai. [...]

Escreve Lucas: «Subitamente ressoou, vindo do céu, um som comparável ao de forte rajada de vento, que encheu toda a casa onde se encontravam. Viram então aparecer umas línguas à maneira de fogo, que se iam dividindo, e poisou uma sobre cada um deles» (Act 2, 2-3). [...] Sim, tanto num como noutro monte se ouve um ruído violento e se vê um fogo. No Sinai, foi uma nuvem espessa, no Sião o esplendor de uma luz muito forte. No primeiro caso, tratava-se de «imagem e sombra» (Heb 8, 5), no segundo caso da realidade verdadeira. No passado, ouviu-se o trovão, hoje discernem-se as vozes dos apóstolos. De um lado, o brilho dos relâmpagos; do outro, prodígios por todo o lado. [...]

«Moisés mandou sair o povo do acampamento, para ir ao encontro de Deus, e pararam junto do monte» (Ex 19, 17). E, nos Actos dos Apóstolos, lemos que «ao ouvir aquele som poderoso, a multidão reuniu-se e ficou estupefacta» (v. 6). [...] O povo de toda a Jerusalém reuniu-se aos pés da montanha de Sião, ou seja, no lugar onde Sião, a imagem da Santa Igreja, começou a ser edificado, a colocar os seus fundamentos. [...]

«Todo o Monte Sinai fumegava, porque o Senhor havia descido sobre ele no meio de chamas», diz o Êxodo (v. 18). [...] Como poderiam deixar de arder aqueles que tinham sido abrasados pelo fogo do Espírito Santo? Assim como o fumo assinala a presença do fogo, assim também, pela segurança dos seus discursos e pela diversidade das línguas que falavam, o fogo do Espírito Santo manifestou a Sua presença no coração dos apóstolos. Felizes os corações que estão cheios deste fogo! Felizes os homens que ardem com este calor! «Todo o monte estremecia violentamente. Os sons da trombeta repercutiam-se cada vez mais» (vv. 18-19). [...] Assim também a voz dos apóstolos e a sua pregação se tornaram cada vez mais fortes, fazendo-se ouvir cada vez mais longe, até que «por toda a terra caminha o seu eco, até aos confins do universo a sua palavra» (Sl 18, 5).


(Fonte: Evangelho Quotidiano)

O Evangelho de Domingo dia 31 de Maio de 2009 - Pentecostes


São João, 26-27; 16, 12-15

«Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, que procede do Pai, e que Eu vos hei-de enviar da parte do Pai, Ele dará testemunho a meu favor.

E vós também haveis de dar testemunho, porque estais comigo desde o princípio.» «Tenho ainda muitas coisas a dizer-vos, mas não sois capazes de as compreender por agora. Quando Ele vier, o Espírito da Verdade, há-de guiar-vos para a Verdade completa. Ele não falará por si próprio, mas há-de dar-vos a conhecer quanto ouvir e anunciar-vos o que há-de vir.

Ele há-de manifestar a minha glória, porque receberá do que é meu e vo-lo dará a conhecer. Tudo o que o Pai tem é meu; por isso é que Eu disse: 'Receberá do que é meu e vo-lo dará a conhecer'.»

S. Josemaría Escrivá nesta data em 1974

“Temos de sentir desejos de que o Amor seja amado, e temos de agradecer-lhe que se nos tenha dado, porque por aí não lho agradecem, e nós – tu e eu – não o agradeceremos bastante. Cortai as rosas do caminho – essas rosas que também têm espinhos –, e levai-as ao Senhor: fora a sensualidade – que corta as asas do amor –, fora o egoísmo, fora o comodismo…!”, comenta em 1974.Cheios do Espírito Santo, como bêbados estavam os Apóstolos (Act., II, 13). (…) Tu e eu, depois de ajudarmos os Apóstolos na administração dos baptismos, louvamos a Deus Pai por seu Filho, Jesus, e sentimo-nos também ébrios do Espírito Santo”.


(Fonte: http://www.pt.josemariaescriva.info/showevent.php?id=1680 )

Quénia - Aluno nonagenário baptiza-se depois de ler a Bíblia

Um bisavô queniano de 90 anos, que é o mais velho aluno primário do mundo, pediu para ser baptizado depois de ter lido pela primeira vez a Bíblia.

Mal aprendeu a ler, o ancião começou a estudar a Bíblia, com a ajuda do padre local e converteu-se à religião cristã. No passado fim-de-semana foi baptizado na Igreja Católica, tendo passado todas as provas de catequese a que os catecúmenos são sujeitos.

Kimani Ng’ang’a Maruge entrou para o Guinness por ser a pessoa mais velha a matricular-se numa escola primária, aos 84 anos, aproveitando o facto de o Governo ter tornado gratuito o acesso ao ensino primário. Foi, durante alguns anos, colega de turma de dois dos seus 30 bisnetos.

“Dedico a minha vida a Deus, a partir de agora e até ao fim”, afirmou Kimani. O queniano adoptou ainda o nome Estêvão, o primeiro mártir cristão: “É um nome daqueles que enfrentaram dificuldades, como eu”, afirmou este homem que continuou os seus estudos apesar de ter tido que ir para um campo de refugiados em 2008.

Kimani, ou Estêvão, chamou a atenção do mundo pela sua escolha de começar os estudos tão tarde na vida. Em 2005 foi para Nova Iorque falar numa cimeira das Nações Unidas sobre a importância do ensino gratuito, e a sua história está a ser adaptada ao cinema.


FA/Zenit


(Fonte: site RR)

Bento XVI – “A actual crise pode transformar-se em catástrofe humana”


Vídeo em espanhol

“Esta crise pode transformar-se em catástrofe humana para os habitantes de numerosos países frágeis” – advertiu Bento XVI, recebendo nesta sexta-feira, em audiência conjunta, oito novos Embaixadores junto da Santa Sé, de diversos continentes: da África – Benim, República Sul-africana, Burkina Faso e Namíbia; da Ásia – Índia e Mongólia; da Europa – Noruega; e da Oceânia – Nova Zelândia. O Santo Padre recordou também a importância de uma abertura recíproca entre as religiões e as sociedades, a bem da paz e de um futuro positivo para a humanidade.

Começando por recordar “o compromisso ao serviço da paz e o fortalecimento de relações fraternas entre as nações” que se encontra bem no centro da missão dos diplomatas, o Papa observou que, “na crise social e económica que o mundo conhece, é urgente tomar uma consciência renovada de que há que promover, de modo eficaz, um combate para estabelecer uma paz autêntica, visando construir um mundo mais justo e mais próspero para todos”. As injustiças entre as nações ou no interior delas, assim como os processos que contribuem para suscitar divisões entre os povos ou marginalizá-los – advertiu o Papa – constituem perigosos atentados contra a paz, criando sérios riscos de conflito”.

“Uma das vias mestras para construir a paz é uma mundialização que tenha como objectivos os interesses da grande família humana. Contudo, para gerir desse modo a mundialização, é preciso uma forte solidariedade global entre países ricos e países pobres, assim como no seio de cada país, mesmo se é rico. Não se pode construir a paz sem procurar corajosamente eliminar as disparidades geradas por sistemas injustos, a fim de assegurar a todos um nível de vida que permita uma existência digna e próspera”.

Estas disparidades têm-se vindo a tornar ainda mais acentuadas em razão da actual crise económica e financeira – fez notar o Papa, que referiu expressamente algumas das suas manifestações, que constituem outras tantas causas de agravamento da situação já débil de tantos países pobres:

“… o refluxo dos investimentos estrangeiros, a queda da procura de matérias primas e a tendência à diminuição da ajuda internacional. A isso se junta a regressão do envio de fundos às famílias que ficaram na terra, da parte dos trabalhadores emigrados, vítimas da recessão que afecta também os países que os acolhem. Esta crise pode-se transformar numa catástrofe humana para os habitantes de numerosos países frágeis”.

Bento XVI recordou que o aumento da pobreza tem consequências graves, eventualmente irreversíveis para as pessoas, a começar pelas crianças. E gera por vezes situações de desespero, acompanhadas de actos individuais ou colectivos de violência que podem desestabilizar as sociedades. Daqui um apelo:

“Faço apelo a um suplemento de fraternidade e solidariedade, e a uma generosidade global realmente vivida. Esta partilha exige aos países desenvolvidos que reencontrem o sentido da medida e da sobriedade, na economia e no modo de viver”.

A concluir o seu discurso aos oito novos Embaixadores, Bento XVI deteve-se sobre “novas formas de violência” que se têm manifestado nos últimos anos, apoiando-se, “infelizmente, sobre o Nome de Deus” para pretender “justificar essas práticas perigosas”. Este fenómeno tem por vezes levado a considerar as religiões como uma ameaça para as sociedades. Atacaram-se e desacreditaram-se assim as religiões, consideradas como não sendo factores de paz. Neste contexto, o Papa considera que “os responsáveis religiosos têm o dever de acompanhar os crentes e de os esclarecer para que possam progredir em santidade e interpretar na verdade as palavras divinas. Estabelecer-se-á assim uma correcta abertura e relação entre religião e sociedade:

“Há que favorecer o emergir de um mundo onde as religiões e as sociedades se possam abrir umas às outras, e isso graças à abertura que praticam no seu seio e entre si. Dar-se-ia assim um autêntico testemunho de vida. E criar-se-ia um espaço que tornaria o diálogo positivo e necessário.

Dando ao mundo o seu próprio contributo, a Igreja católica deseja testemunhar uma visão positiva do futuro da humanidade. Estou convencido da função insubstituível da religião para a formação das consciências e da contribuição que ela pode dar, juntamente com outras instâncias, para a criação de um consenso ético fundamental, na sociedade”.

Para além deste discurso geral aos novos Embaixadores, o Santo Padre entregou a cada um deles uma sua outra intervenção, apropriada à situação dos diversos países.


(Fonte: site Radio Vaticana)

O Evangelho do dia 30 de Maio de 2009

São João 21, 20-25

Naquele tempo,
Pedro, ao voltar-se,
viu que o seguia o discípulo predilecto de Jesus,
aquele que, na Ceia, se tinha reclinado sobre o seu peito
e Lhe tinha perguntado:
«Senhor, quem é que Te vai entregar?»
Ao vê-lo, Pedro disse a Jesus:
«Senhor, que será deste?»
Jesus respondeu-lhe:
«Se Eu quiser que ele fique até que Eu venha,
que te importa? Tu, segue-Me».
Divulgou-se então entre os irmãos o boato
de que aquele discípulo não morreria.
Jesus, porém, não disse a Pedro que ele não morreria,
mas sim: «Se Eu quiser que ele fique até que Eu venha,
que te importa?»
É este o discípulo que dá testemunho destes factos
e foi quem os escreveu;
e nós sabemos que o seu testemunho é verdadeiro.
Jesus realizou muitas outras coisas.
Se elas fossem escritas uma a uma,
penso que nem caberiam no mundo inteiro
os livros que era preciso escrever.