quinta-feira, 30 de abril de 2009

“Liberdade de educação e objecção de consciência num sistema democrático”

CONFERÊNCIA

No anfiteatro maior (3.2.14) - edifício C3 da Faculdade de Ciências de Lisboa – Campo Grande

Sexta-feira, 8 de Maio 2009, 21H com Tradução simultânea

CONFERENCISTA: José Luis Bazán, Doutor em Direito pela Universidade de Navarra, onde foi professor de Filosófia do Direito e Direito Natural. Foi secretário da revista "Humana Iura" na mesma universidade, onde igualmente trabalhou no instituto de Direitos Humanos. Realizou cursos e conferências em diversas universidades e centros espanhóis e ibero-americanos sobre a sua área de especialização - Protecção Constitucional e Internacional de Direitos Humanos -. Actualmente é professor na Universidade Católica de Paris e coordena a assessoria jurídica de "Profesionales por la Ética".

Plataforma Portuguesa para a liberdade de Educação
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Agradecemos que confirme presença com:
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Mons. Hugo de Azevedo - "Uma lição de S. Nuno"



«Qual é o rei que, estando para entrar em guerra contra outro rei, não pondera primeiro se com 10.000 homens pode enfrentar aquele que vem contra ele com 20.000?» (Lc 14, 31). Esta comparação evangélica é lida muito apropriadamente na festa de S. Nuno Álvares Pereira. Grande cabo-de-guerra, soube derrotar os seus adversários com recursos muito inferiores aos de Castela, e com perdas mínimas do seu lado, usando tácticas modernas e bom sentido estratégico. Mas bem sabemos que isso seria insuficiente, se os seus soldados não estivessem tão motivados como ele para enfrentar os inimigos. Estes atacavam por obediência militar a legítimas ambições - segundo as normas dinásticas - dos seus chefes; os nossos, por amor à Pátria, à independência, à identidade nacional, que é direito superior.

Pensando em aplicar de algum modo o exemplo do santo à vida empresarial, diríamos que a principal superioridade do Condestável consistiu numa união perfeita entre ele e os «subordinados», muito mais estreita do que a dos chefes castelhanos com os seus.

Existe sempre união de interesses entre qualquer empresário e os seus empregados, mas costumam ser interesses diferentes: o empresário deseja enriquecer, ou ter êxito pessoal, ou realizar um projecto útil à sociedade; e os empregados desejam trabalhar e sustentar-se a eles e à família. O empregado procura o patrão que mais lhe garanta o salário, a estabilidade e o progresso na carreira, e por isso o segue e lhe obedece, e até o admirará, mas sem se identificar por completo com ele, e sempre disposto a abandoná-lo quando se lhe apresente outro melhor. Por isso, a autoridade do patrão é naturalmente precária, frágil, por mais qualidades de chefia que possua.

As ambições do empresário podem ser legítimas e, em princípio, são-no:
uma empresa sustentável e lucrativa é, sem dúvida uma riqueza para o país e uma fonte de bem-estar para muitas famílias. Simplesmente, a sua unidade habitualmente é fraca, e tantas vezes a vemos quebrar-se, inclusive nas mais potentes empresas. O ideal seria que os empregados sentissem que a primeira e maior ambição dos chefes eram eles mesmos e os seus lares. Quando os subordinados se revêem no patrão, sentindo-se realmente representados por ele, este não precisa de especiais qualidades de chefia, porque a sua autoridade é natural e indiscutível: a autoridade de quem os serve lealmente. Não se trata de paternalismo, nem de uma simples união de interesses diversos, mas do mesmo interesse, comum a uns e outros, e assumido por todos.

Os cavaleiros, besteiros, lanceiros e peões de Atoleiros ou Aljubarrota não obedeceram ao Condestável pelos seus talentos militares, mas pela determinação com que Nun’Álvares estava decidido a defender Portugal, custasse o que custasse, e ainda que fossem vencidos. Que era um chefe competente, verificou-se depois. Mas nunca o seria sem o mesmo amor à pátria dos que comandava.

Mais forte, portanto, do que a união de interesses é o interesse comum.


Mons. Hugo de Azevedo

In Praise of Folly (Louvor à Loucura)

by John Berwick

In New York Times - 28. 04. 2009
http://www.nytimes.com/2009/04/28/opinion/28iht-edberwick.html?_r=1&scp=1&sq=in%20praise%20of%20folly&st=cse


The Vatican spokesman Federico Lombardi has good reason to feel nervous. On May 8, Pope Benedict XVI begins an eight-day visit to the Middle East. The pope doesn’t think much of spin doctors. But when he makes waves, it’s his director of communications who has to bail water out of the boat.

The pope has already caused Father Lombardi a number of headaches. In a press conference on the papal flight to Brazil last May, Benedict appeared to suggest that legislators who support laws allowing abortions should be excommunicated. That sparked a torrid debate in the world’s largest Roman Catholic country. The furor overshadowed the whole trip.

Not surprisingly, when the pope flew to Africa in March, Father Lombardi said firmly: No in-flight press conference. But en route to Cameroon, the pope told journalists that the distribution of condoms was contributing to the AIDS pandemic. International health organizations were enraged.

Benedict XVI made his first major blooper in September 2006, one day after the fifth anniversary of the 9/11 terrorist attacks. The former theology professor speculated that there might be a correlation between the subordinate role of reason in Islam and the violence committed in its name. His comments were intended as an invitation to inter-religious dialogue, based not on the feel-good approach of his predecessor John Paul II but on frank discussion of the differences between Islam and Christianity.

Perhaps nobody was more surprised and shocked than he when radical Muslims in the West Bank responded by burning down Catholic churches.

But that wasn’t the end of the story. An international group of 138 Islamic scholars wrote to the Vatican, requesting an opportunity to make their case. The pope met them and apologized for hurting Muslim sensibilities. Two years later an unprecedented Catholic-Muslim summit was held at the Vatican. It resulted in the creation of a permanent interfaith forum.

The work of this group, which includes scholars and leaders representing every Muslim country and every major school of Islam, has hardly been noticed by the media. And that’s probably a good thing. The discussions are delicate, and any progress will likely be incremental. But its mere existence is a sensation. This is the first time in their thousand years of coexistence that the world’s two largest monotheistic faiths, represented by high-ranking scholars, are discussing their differences in a spirit of mutual respect and genuine inquiry. And without Benedict XVI’s disparaging remarks in Regensberg, foolish by any standards of diplomacy, it wouldn’t have happened.

The pope’s second monumental blooper was lifting the excommunication in January of four ultra-conservative Catholic bishops, including that of Richard Williamson, who had denied the Holocaust. Jewish groups reacted with fury; many Catholics, with incredulity. In an unprecedented move, Chancellor Angela Merkel of Germany publicly asked the pope for “clarification” of his actions. Once again, Father Lombardi was bailing water for all he was worth.

The Vatican spokesman explained that the bishops had not been “fully reinstated,” that the lifting of excommunication was simply “a gesture of compassion,” an invitation to dialogue. Archbishop Robert Zollitsch, chairman of the German Catholic Bishops Conference, added that it was Benedict’s “nightmare” that the ultra-conservatives might take the final step and break with the Church during his pontificate.

There are no grounds for supposing that this pope will have any truck with anti-Semitism. He has actively promoted Catholic-Jewish relations for decades and publicly said there can be no place for anti-Semitism in the Church.

Nevertheless, his obsessive desire to preserve Church unity in this case was foolish — as foolish, in fact, as that shepherd in the Parable of the Lost Sheep, who left 99 of his flock to go in search of the one that had strayed. Incidentally, as the great 16th century Catholic Humanist Erasmus of Rotterdam pointed out, the Gospels are full of such foolishness.

At present it looks as though the pope’s “compassionate gesture” will not bear the desired fruit. But, paradoxically, it has focused attention on Nostra Aetate, a decree of the Second Vatican Council, which marked a new beginning in Catholic-Jewish relations in the mid-20th century. It teaches that Judaism has not been replaced by Christianity; God’s covenant with the Jewish people is eternal. And therefore Judaism has a special place alongside Christianity.

Some conservative elements within the Church have disputed that Nostra Aetate is binding because it is “merely” a decree, not a constitution or a declaration. That sophism is now exposed. And without Benedict XVI’s foolish gesture of goodwill toward Bishop Williamson, it might never have been.

Perhaps we should be less worried about the pope’s bloopers than the arbiters of political correctness would have us be. In his classic “Praise of Folly,” Erasmus concluded: “All men are fools, even the pious ones. Christ himself, though he was the wisdom of the Father, took on the foolishness of humanity in order to redeem sinners. Nor did he choose to redeem them in any other way but through the folly of the cross and through ignorant, sottish disciples.”

There’s no accounting for folly, except to recognize that it’s perhaps the most endearing and creative human quality. And in the long run, it can be a lot more productive than prudent diplomacy.

Reunião europeia da pastoral do turismo

Teve início nesta quarta-feira, na sede do Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes, a Reunião europeia da Pastoral do Turismo hoje, 40 anos depois do Directório "Peregrinans in terra". O encontro tem a finalidade de reunir os bispos promotores e os directores nacionais da Pastoral do Turismo na Europa para analisar – juntamente com alguns especialistas e representantes de outros continentes – a situação actual do turismo na Europa, e para estudar uma resposta pastoral da Igreja cada vez mais actualizada. Para dar maior força ao evento, fez-se coincidir o encontro com o dia 30 de Abril, data na qual se celebra o 40º aniversário do primeiro Directório sobre o tema, intitulado Peregrinans in terra, publicado em 1969. Esta ocasião é também aproveitada para apresentar uma publicação Conselho Pontifício relativo ao Magistério pontifício e aos documentos da Santa Sé sobre a Pastoral do Turismo (de 1952 até hoje), que será publicada em Disco Compacto. Neste encontro participam representantes de 21 países europeus, cerca de 40 pessoas que ampliarão e aprofundarão a análise, o estudo e a perspectiva do tema."

Quais são hoje, na Europa, os desafios que se apresentam á Igreja na Pastoral do Turismo?Responde o arcebispo Agostinho Marchetto secretário do conselho pontifício para a pastoral dos migrantes e itinerantes:

"A Igreja, com a sua específica pastoral neste sector, deve procurar estar cada vez mais presente pastoralmente, embora isso pareça uma coisa óbvia. Deve colaborar com as entidades civis para oferecer aos visitantes um acolhimento de qualidade, além de um acolhimento espiritual, estando mais atenta aos desdobramentos sociais e éticos e, ao mesmo tempo, respeitosa do ambiente. Deve ainda prestar uma maior atenção especialmente ao chamado turismo religioso, ou seja, voltado a destinos muito queridos pela tradição eclesial, como podem ser edifícios de culto, museus diocesanos, pinturas, objectos sagrados, e outros, a fim de que seja respeitado o sentido original do lugar e das coisas. Ademais, cabe a nós estudar como melhor formar e ajudar os nossos turistas cristãos a fim de que sempre e em todos os lugares se comportem coerentemente com a própria fé e respeitem as pessoas que encontram, as culturas e as religiões, sem perder a identidade cristã."


(Fonte: site Radio Vaticana)


Permito-me salientar haver uma diferença entre Turismo Religioso, que comporta todos os aspectos referidos na notícia, e Peregrinação, a qual deverá respeitar igualmente a cultura e a ecologia, mas que tem como principal motivação a concretização da fé em locais particulares, desde logo a Terra Santa, berço do cristianismo, além dos Santuários Marianos e outros próprios de devoções particulares, e.g., uma visita à Turquia, à semelhança da Terra Santa, com o objectivo de seguir os passos de Paulo, deverá ser considerada uma Peregrinação.

Embora a Peregrinação possa englobar partes de Turismo Religioso, uma Peregrinação a Fátima de um estrangeiro que chega de avião a Lisboa, pode e deve incluir visita aos locais históricos relacionados com a nossa cultura cristã, seja na cidade de Lisboa, como na Batalha, Alcobaça ou Tomar.

Para terminar, saliento poder-se dizer, que a Peregrinação, como sendo a forma mais antiga de fazer turismo, pois desde sempre os cristãos se deslocaram a locais de culto específicos para aí se entregarem em devoção.


(JPR)

São Josemaría Escrivá nesta data em 1968


“Neste mês de Maio, que amanhã começa, quereria que cada um de nós começasse a fazer mais um pequeno sacrifício, um tempo mais de estudo, um trabalho mais bem acabado, um sorriso...; um sacrifício que seja um esforço da nossa piedade e uma prova da nossa entrega. Com generosidade, meu filho, deixa-te levar por Ela. Não podemos deixar de querer cada dia mais e mais ao Amor dos amores! E com Maria poderemos consegui lo, porque a nossa Mãe viveu docemente uma entrega total”.


(Fonte: http://www.pt.josemariaescriva.info/showevent.php?id=1442 )

A péssima fé

Sou ateu (por convicção), assisti a duas missas (por favor) e nunca falei com um padre (por acaso). Por isso acho graça a certas pessoas que fazem questão de exibir desprezo pelas opiniões da Igreja e passam os dias a escrutinar as opiniões da Igreja, de modo a dedicar-lhes fúria ou galhofa. E desprezo, claro. Imagino que, à semelhança de uma temporada num spa, o exercício tenha efeitos retemperadores. Desde logo, permite aos iluminados pela descrença confrontarem o seu "progressismo" com a tradição religiosa e sentirem-se imensamente "modernos", "racionais" e, vamos lá, superiores.

É por isso que essa gente aguenta calamidades sem se distrair do essencial: se Lisboa sofresse um terramoto de magnitude oito, os fundamentalistas ateus estariam no meio dos escombros, a criticar nos respectivos blogues as últimas declarações de um bispo qualquer sobre a homossexualidade. Não conheço católicos assim atentos à doutrina eclesiástica.

Ainda há dias, as notícias de que a economia nacional afocinhou para níveis quase inéditos foram, em alguns meios, ignoradas em favor de uma frase do cardeal patriarca acerca dos contraceptivos. Disse D. José Policarpo: "O preservativo é falível".Num ápice, as caixas de comentários on line encheram- se de comentários furiosos com a irresponsabilidade e o reaccionarismo do homem. Inchados com o seu íntimo esclarecimento, nenhum dos comentadores desmentiu um simples facto: o preservativo é falível.

A polémica, aliás, limitou-se a reproduzir à escala caseira a anterior polémica global que envolveu o Papa. O Papa disse: "Combater a sida (em África) com preservativos pode agravar o problema." Seguiram-se indignação, protestos e acusações de que Bento XVI aspira ao extermínio dos africanos. Nenhum dos indignados ouviu as inúmeras vozes locais que invocaram especificidades (culturais, económicas, sexuais, clínicas, etc.) para defender uma tese (naturalmente discutível): combater a sida em África com preservativos pode agravar o problema.

E, de qualquer modo, ninguém notou a irrelevância de tudo isto num continente em que os próprios políticos (e as políticas que produzem) chegam a recusar a existência de doenças venéreas. Na África do Sul, onde vive quase um terço dos africanos infectados com Sida, o presidente recém-eleito viu-se em 2006 julgado por violação de uma portadora de VIH. Acabou absolvido e a proclamar que o vírus mal contamina os homens e que, se contaminar, sai com um duche. Já o antecessor de Jacob Zuma, Thabo Mbeki, negava o vírus e nomeava ministras da Saúde avessas a medicamentos e crentes nas virtudes curativas do alho e do limão.

Talvez a sida se resolva mesmo com alho e limão, não sei. Sei que muitos profissionais da racionalidade não condenam o ANC, dono e senhor do território, pelo genocídio calculado de que acusam com furor uma religião sem poder real e seguida (ou "seguida") por 7% dos sul-africanos. Exotismo? Paternalismo? Oportunismo? Ideologia? Mandela? Seria útil perceber o critério que decide entre a aflição humanitária e a indiferença, mas suspeito tratar-se, ironicamente, de uma questão de fé. Boa ou má-fé, de acordo com o ponto de vista.


Alberto Gonçalves


(Fonte: DN online em http://dn.sapo.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=1212680 )

A fé na vida dos polacos


O principal semanário católico da Polónia, "Niedziela", com sede em Czestochowa, publicou recentemente uma pesquisa sobre a importância da fé e sobre a defesa do ensinamento da Igreja por parte dos católicos polacos, no debate público e na vida quotidiana. A pesquisa foi realizada pelo instituto de Estatística da Igreja Católica sob a direcção do Padre Witold Zdaniewicz, a pedido do semanário católico. Segundo os resultados da pesquisa, enviados à Agencia Fides, para os católicos da Polónia a problemática da fé e a problemática moral que apresenta a Igreja tem grande importância e a fé não está relegada à esfera privada, mas tem uma dimensão pública.

Os sociólogos do Instituto de Estatística da Igreja Católica fizeram três perguntas principais aos católicos polacos: como apresentam os ensinamentos da Igreja sobre o aborto, como apresentam os ensinamentos da Igreja sobre a questão da fecundação "in vitro" e como apresenta a problemática da restituição dos bens da Igreja que o Estado confiscou durante o regime comunista.

64,9% dos entrevistados declaram que conhecem a argumentação e os ensinamentos da Igreja sobre o tema do aborto. 28,4% não sabe como expô-los no debate público e na vida quotidiana. 42, 5% dos entrevistados conhece a posição da Igreja sobre a questão da fecundação "in vitro". 43,4% não sabe sempre como explicar a argumentação da Igreja a esse respeito. Sobre a questão da restituição dos bens da Igreja confiscados pelo Estado durante o regime comunista, 53,5% dos católicos polacos não sabe como defender a posição da Igreja no debate público. Do relatório emerge que para a maioria dos católicos na Polónia a fé tem sua importância na vida pública e não se reduz somente à esfera privada.


(Fonte: H2O News com edição de JPR)

Comunicar as próprias convicções - III

Ensaio de Ángel Rodríguez Luño – publicação subdividida em V partes

Ética e política

Nas questões éticas, a consciência abre-se à verdade, que tem um evidente poder normativo sobre as próprias decisões; está em jogo a relação da consciência pessoal com a concepção que se tem do bem humano, às vezes relacionado com princípios religiosos; por sua vez, o âmbito jurídico e político refere-se às relações entre pessoas ou entre pessoas e instituições, que – enquanto reguladas pelas leis – estão submetidas ao poder coactivo que o Estado e os seus representantes podem usar legitimamente.

Estes dois âmbitos – ético e político – estão muito relacionados, e muitas vezes têm um desenvolvimento paralelo. O homicídio intencional, por exemplo, tem ao mesmo tempo uma grave culpa moral e um crime que o Estado tem o dever de perseguir e punir. Mas ainda neste caso, os dois âmbitos apresentam diferenças significativas. Basta pensar, por exemplo, no perdão. Uma coisa é o perdão da culpa moral e outra, bem diferente, o perdão do crime: é desejável que os parentes da vítima de um homicídio perdoem cristãmente ao culpado, mas não seria admissível que o Estado seguisse sistematicamente uma política de impunidade do homicídio intencional. Afirmar o contrário seria um abuso ideológico ou uma grave ofensa contra o bem comum.

Neste tipo de diferença torna-se necessário distinguir o plano ético do plano político no que se refere aos princípios morais do Evangelho. Para evitar más interpretações, há que oferecer um fundamento ético às mensagens de tipo moral, explicitando que tal verdade não pretende impor-se mediante o uso do poder político de coação; isto é compatível com a existência, noutro tipo de verdades éticas, de uma dimensão ético-política ou ético-jurídica. Nestes casos, deverá ser oferecida, além disso, uma justificação política ou jurídica, ou seja, deverá ser demonstrado não somente que o comportamento em questão é moralmente equivocado, mas também que existem razões específicas pelas quais o Estado a tem que proibir e punir. Razões que não são idênticas às razões éticas, porque não é missão do Estado perseguir a culpa moral, mas promover e tutelar o bem comum, prevenindo e punindo aquelas condutas que o lesionam (que prejudicam a segurança pública, a liberdade e os direitos dos outros, as instituições de interesse social como a família, etc.).


(Fonte: site Opus Dei - Portugal)

Comentário ao Evangelho do dia feito por:

São Francisco de Sales (1567-1622), Bispo de Genebra e Doutor da Igreja

«Os vossos pais comeram o maná e morreram; mas quem come o pão do céu não morrerá»

O maná foi saboreado por todos aqueles que o comeram, mas diferentemente, segundo a diversidade do apetite daqueles que o tomaram, e nunca foi saboreado na sua totalidade, porque havia maior diversidade de sabores do que de gostos entre os israelitas (Sb 16,20-21). No céu, veremos e saborearemos toda a Divindade, mas nem os bem aventurados todos juntos O verão ou O saborearão totalmente. [...]

Assim, os peixes desfrutam a incrível imensidade do oceano, mas nenhum peixe, nem mesmo toda a multidão dos peixes, viu todas as praias ou molhou as suas escamas em todas as águas do mar; e os pássaros perdem-se a seu belo prazer na vastidão do ar, mas nunca nenhum pássaro, nem mesmo todo o conjunto dos pássaros, voou por todas as regiões do ar e nunca nenhum chegou à suprema região deste. Os nossos espíritos, à sua maneira e segundo toda a extensão dos seus desejos, nadarão no oceano e voarão no ar da Divindade, e rejubilarão eternamente por ver que este ar é tão infinito, este oceano tão vasto, que não pode ser medido pelas suas asas; e, rejubilando sem reserva nem excepção em todo este abismo infinito da Divindade, não poderão contudo igualar o seu gozo a esta infinitude, a qual permanece sempre infinitamente infinita acima a sua capacidade.


(Fonte: “Evangelho Quotidiano”)

O Evangelho do dia 30 de Abril de 2009

São João 6, 44-51

Naquele tempo,
disse Jesus à multidão:
«Ninguém pode vir a Mim,
se o Pai, que Me enviou, não o trouxer;
e Eu ressuscitá-lo-ei no último dia.
Está escrito no livro dos Profetas:
‘Serão todos instruídos por Deus’.
Todo aquele que ouve o Pai e recebe o seu ensino
vem a Mim.
Não porque alguém tenha visto o Pai;
só Aquele que vem de junto de Deus viu o Pai.
Em verdade, em verdade vos digo:
Quem acredita tem a vida eterna.
Eu sou o pão da vida.
No deserto, os vossos pais comeram o maná e morreram.
Mas este pão é o que desce do Céu,
para que não morra quem dele comer.
Eu sou o pão vivo que desceu do Céu.
Quem comer deste pão viverá eternamente.
E o pão que Eu hei-de dar é a minha carne
que Eu darei pela vida do mundo».