segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Um sim ao verdadeiro amor

Viviam juntos. Para quê esperar pelo casamento se já se amavam? No fundo, estavam convencidos de que casar-se era somente uma cerimónia exterior. Algo tradicional, com um grande valor simbólico, mas que não acrescentaria absolutamente nada ao seu mútuo amor. Dentro de poucos meses talvez pusessem as coisas em ordem. Quando? Quando fosse possível. Sem excessivas pressas, que só complicam desnecessariamente a vida de uma pessoa.

Respondi-lhes que aquele modo de comportar-se não estava bem. Eles eram totalmente livres. Uma manifestação disso é que estavam a fazer exactamente aquilo que queriam. Ninguém os obrigava a mudar de atitude. Eu também não.

Os mais interessados de verdade em mudar de situação eram eles próprios. Ou entendiam isso, ou nem valia a pena tentar. Tinha de ser uma manifestação da sua liberdade responsável. De quem não se deixa levar pelo mais fácil, mas deseja de verdade construir um edifício sólido. De quem está convencido de que uma felicidade sem esforço não costuma durar muito.

Fiz-lhes ver que aquele modo de agir não era um bom alicerce para a sua futura vida matrimonial. Estavam a deixar-se levar pelo imediato, sem pensar com sinceridade e realismo no dia de amanhã. E não resolvia nada chamar a essa atitude uma manifestação de amor. Era verdade que se amavam. No entanto, esse amor devia ser fortificado. Não podia confundir-se com um sentimento vago de que, por enquanto, tudo estava a correr bem.

Expliquei-lhes que a falta de respeito era a primeira das causas que fazia naufragar tantos casamentos. Quando o verdadeiro amor falha antes do casamento, falha depois. Mas onde é que o amor estava a falhar? Estava a falhar porque não era maduro. Não era um amor provado com o sacrifício, com a capacidade de renúncia. Era um amor que corria o risco de ser “sufocado” pela fortíssima atracção mútua que procede dos instintos mais básicos.

Que exactamente porque se amavam saberiam esperar. Que essa espera revelava a profundidade do seu afecto desinteressado. O contrário não provava nada, porque era obviamente o caminho mais fácil. Dizer que não antes do casamento, coisa a que ninguém hoje em dia os obrigava, era uma manifestação de generosidade, de capacidade de entrega. Facilitava a aprendizagem do auto domínio, base fundamental para a futura fidelidade matrimonial.

Um namoro sem capacidade de sacrifício, a grande maioria das vezes, não gera nenhum casamento. E se o gera, é um casamento instável. Cedo ou tarde, marido e mulher ou aprendem a negar-se a si mesmos pelo outro, ou acabarão por perder o respeito mútuo no qual se fundamenta o seu compromisso.

Vale a pena dizer que não antes do casamento. Um não livre, maduro, de quem não se deixa arrastar pelo mais imediato. Um não que exige esforço, mas que não é negativo. Porque no fundo é um sim ao verdadeiro amor.

Pe. Rodrigo Lynce de Faria

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