segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Terramoto de Itália: universitários com os sinistrados

No passado dia 6 de Abril, um terramoto em Abruzzo (Itália) causou 287 mortos e dezenas de milhares de pessoas sem lar. Este verão, universitários que frequentam Centros do Opus Dei deslocaram-se a diversas povoações para ajudar os sinistrados e aprender com eles.

Noutros Verões, estes universitários reuniam-se para debater questões académicas e tendências culturais. Não foi o caso este ano. Este ano, um terramoto assolou a região de Abruzzo (Itália) e desde então milhares de pessoas vivem em tendas de campanha, chorando algum familiar ou amigo, com saudade da sua vida anterior, sofrendo o calor terrível destes dias e suportando esta tensão no dia a dia com tantas outras famílias.

"A Itália e os italianos responderam com eficácia a este sinistro, sem perder um minuto. Nós, jovens universitários de todo o país, queremos responder a este apelo de auxílio e, de acordo com a Protecção Civil, organizamos diversas actividades, especialmente dirigidas a crianças e idosos". É assim que Giorgio Fozzati, director da Academia de Ponti (Florença), um dos organizadores desta iniciativa, explica esta iniciativa.

Os universitários, coordenados pela Associação Centro Elis, fizeram companhia a 110 idosos da localidade de Fontecchio. Organizaram também uma escola de verão para as crianças de várias aldeias próximas do epicentro do terramoto: San Felice d'Ocre, San Martino d'OCre e Succiano.

"O Dario, é estudante de Engenharia e preparou um dispositivo para que as crianças percebam o poder da energia eólica. Com brincadeiras didácticas tentaremos que recuperem os meses de aulas perdidos até agora", explica Fozzati.

Os universitários têm também as suas sessões, de formação cultural e de formação cristã. "Assim com esta centena de universitários conseguimos uma mistura de ensinar e de aprender, de teorizar e de meter as mãos na massa".

Ettore Cristoni é um dos universitários que participa nestas jornadas. "Fiquei muito impressionado com a realidade que estas pessoas vivem, muito diferente da que se possa imaginar através dos meios de comunicação. O seu dia a dia nas 'tendópolis' (cidades de tendas de campanha) é bastante dura: o calor, a vizinhança, o não ter nada que fazer, a incerteza sobre o futuro...".

"O facto de realizar esta actividade solidária com outros universitários italianos deu-me azo e facilitou-me fazer amizades incríveis. Ajudar juntos pessoas que estão a sofrer e assistir a cursos sobre questões de actualidade deram um rumo inimaginável às minhas férias", conclui Ettore.

UNIVERSITÁRIAS EM OVINDOLI

Da mesma maneira, diversos grupos de universitárias italianas, centraram o seu trabalho solidário noutros lugares afectados pelo terramoto, próximos das povoações de Ovíndoli e L'Aquila. "Estes dias deixaram uma marca em cada uma de nós – explica Anna Sartea. Viemos de Milão, de Nápoles, de Roma e de outras cidades para ajudar as famílias, sacrificando uma parte das nossas férias e quando se entra nas suas tendas apercebemo-nos de que essas pessoas são heróicas".

"Recebem-nos com uma amabilidade surpreendente. E ainda que vivam na mesma tenda 10 ou 12 pessoas, não deixava de nos surpreender o ânimo com que aguentam esta situação", continua.

"O nosso trabalho centrou-se nas crianças com idades entre os 6 e os 13 anos, embora também tenhamos feito companhia aos idosos e passado longos bocados com adultos que necessitavam de desabafar. Diziam-nos: 'muito obrigado pela vossa ajuda, obrigado por brincarem e ajudarem os nossos filhos. Vocês só têm um defeito... estão aqui menos tempo do que o que queríamos. Não podem mesmo cá ficar mais tempo?"

"Brincámos com os miúdos, lemos-lhes livros, ajudámo-los a fazer puzzles...", relata a Anna. São crianças contentes, mas a marca do terramoto é profunda. "Uma menina, a Antonella, entregou-nos um desenho com casas que choravam; pouco mais tarde, uma das mães confiou-nos que o seu pequenito de 6 anos, desde a tragédia, come com dificuldade... De todas as formas, estas pessoas não se renderão".

"Voltarei a casa, mudada - explica a Laura, de 17 anos. Não ter a sua própria casa, as suas coisas, a sua intimidade... é duro. Partilhámos uma pequena porção da sua dor, inclusive ontem, quando assistimos ao funeral de uma criança atropelada por um camião. A cerimónia foi na praça porque a igreja está destruída desde o terramoto. E ali estávamos nós, com as nossas T-shirts amarelas de voluntárias".

"É uma situação difícil – conclui a Laura – mas depois destes dias aqui, ontem percebi que para o ano que vem voltarei e continuarei a ver a esperança nos rostos destas pessoas".


(Fonte: site do Opus Dei em Portugal AQUI)

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