quarta-feira, 28 de janeiro de 2009
Bento XVI – Audiência geral de hoje debruçou-se além da catequese sobre vários temas relevantes
Um premente apelo ao respeito da Escritura e da Tradição foi feito pelo Papa Bento XVI durante a audiência geral desta quarta-feira na catequese dedicada às Cartas de São Paulo a Timóteo e a Tito.
Ao dar indicações aos seus dois colaboradores, enviados por São Paulo para lugares como Macedónia e Dalmácia, naquela época novos contextos culturais onde surgiam doutrinas erróneas, São Paulo – recordou o Papa – salienta a necessidade de uma leitura inteligente das Escrituras e a necessidade de referir-se sempre ao bom depósito de quanto foi transmitido pelas gerações precedentes.
Escritura e Tradição – disse o Papa citando o Apóstolo Paulo, são os fundamentos sólidos lançados por Deus. É portanto necessário permanecer agarrados á palavra segura e conforme á doutrina. Neste contexto – concluiu Bento XVI – a Igreja nascente enraíza-se nos princípios de verdade e universalidade, conformando-se como uma “casa de Deus” da qual o Bispo representa o “pai”.
A saudação do Papa em língua portuguesa :
A todos os peregrinos de língua portuguesa, especialmente aos brasileiros provindos de diversas partes do País, envio uma afectuosa saudação, rogando a Deus que este encontro com o Sucessor de Pedro vos leve a um sempre maior compromisso com a Igreja reunida na caridade e, como “membros da família de Deus”, saibam servi-la com generosidade para a edificação do Reino de Deus neste mundo. Com a minha Bênção Apostólica.
No final da audiência geral, na Aula Paulo VI, o Papa quis exprimir, em palavras compassadas, a sua posição sobre três factos da actualidade: a eleição do novo Patriarca de Moscovo, a “remissão da excomunhão” aos bispos lefebvrianos e a questão da Shoa.
A primeira das comunicações finais da audiência disse respeito à eleição do novo patriarca de Moscovo:
“Foi com alegria que recebi a notícia da eleição do metropolita Kirill como novo Patriarca de Moscovo e de todas as Rússias. Sobre ele invoco a luz do Espírito Santo, para o generoso serviço da Igreja ortodoxa russa, confiando-o à especial protecção da Mãe de Deus”.
Bento XVI afirmou que, nestes dias em que se celebra a Shoah, lhe vêm à memória as imagens colhidas nas suas repetidas visitas a Auschwitz, “um dos lagers (disse) (Nota de JPR: O Papa referia-se aos campos de concentração e fê-lo na sua língua materna) em que se consumou o feroz morticínio de milhões de hebreus, vítimas inocentes de um cego ódio racial e religioso”.
“Ao mesmo tempo que renovo com afecto a expressão da minha plena e indiscutível solidariedade com os nossos irmãos destinatários da primeira Aliança, faço votos de que a memória da Shoah leve a humanidade a reflectir sobre a imprevisível potência do mal, quando conquista o coração do homem.
Seja a Shoah, para todos, uma advertência contra o esquecimento, a negação ou o reducionismo, porque a violência feita contra um só ser humano é uma violência contra todos. Nenhum homem é uma ilha, escreveu um conhecido poeta.Às velhas e às novas gerações a Shoah ensina especialmente que só o árduo caminho da escuta e do diálogo, do amor e do perdão, conduz os povos, as culturas e as religiões do mundo à desejada meta da fraternidade e da paz na verdade. Que nunca mais a violência humilhe a dignidade do homem!”
Foi às relações com os lefebvrianos que o Papa dedicou a segunda das suas breves comunicações especiais, no final da audiência. Recordando o comentário que na homilia do início do pontificado tinha feito à parábola da pesca milagrosa, aplicando-a à permanente busca da unidade da Igreja, Bento XVI sublinhou que foi “precisamente no cumprimento deste serviço da unidade” que decidiu conceder, há dias, “a remissão da excomunhão em que tinham incorrido os quatro bispos ordenados em 1988 por Mons. Lefebvre sem mandato pontifício”.
“Realizei este acto de misericórdia paterna por aqueles prelados me terem repetidamente manifestado o seu profundo sofrimento pela situação em que se encontravam. Faço votos que a este meu gesto se siga o solícito empenho, da parte deles, de darem os ulteriores passos necessários para realizar a plena comunhão com a Igreja, testemunhando assim autêntica fidelidade e verdadeiro reconhecimento do magistério e da autoridade do Papa e do Concílio Vaticano II”.
(Fonte: site Radio Vaticana com edição de JPR)
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