domingo, 28 de agosto de 2022

Amar a Cristo...

Querido Jesus, obrigado pelo Teu filho e Teu santo de nome Agostinho que hoje festejamos, pela sua belíssima conversão, pelo extraordinário relato da sua vida que nos deixou na sua obra maior Confissões, pelos diferentes textos cheios de amor a Ti e de firmeza de fé.

Faz de nós bons Agostinhos e bons conversos, não deixes que o nosso passado se sobreponha ao amor que Te temos e ajuda-nos a evitar o pecado.

Na Tua infinita misericórdia auxilia-nos a sermos nada, para assim sermos tudo em Ti.

JPR

“Tarde Te amei!” - Santo Agostinho

"Et ecce intus eras et ego foris et ibi te quaerebam, et in ista formosa quae fecisti deformis irruebam..."

1. Tarde Te amei, ó Beleza tão antiga e tão nova… Tarde Te amei! Trinta anos estive longe de Deus. Mas, durante esse tempo, algo se movia dentro do meu coração… Eu era inquieto, alguém que buscava a felicidade, buscava algo que não achava… Mas Tu Te compadeceste de mim e tudo mudou, porque Tu me deixaste conhecer-Te. Entrei no meu íntimo sob a Tua Guia e consegui, porque Tu Te fizeste meu auxílio.

2. Tu estavas dentro de mim e eu fora… “Os homens saem para fazer passeios, a fim de admirar o alto dos montes, o ruído incessante dos mares, o belo e ininterrupto curso dos rios, os majestosos movimentos dos astros. E, no entanto, passam ao largo de si mesmos. Não se arriscam na aventura de um passeio interior”. Durante os anos de minha juventude, pus meu coração em coisas exteriores que só faziam me afastar cada vez mais d’Aquele a Quem meu coração, sem saber, desejava… Eis que estavas dentro e eu fora! Seguravam-me longe de Ti as coisas que não existiriam senão em Ti. Estavas comigo e não eu Contigo…
3. Mas Tu me chamaste, clamaste por mim e Teu grito rompeu a minha surdez… “Fizeste-me entrar em mim mesmo… Para não olhar para dentro de mim, eu tinha me escondido. Mas Tu me arrancaste do meu esconderijo e me puseste diante de mim mesmo, a fim de que eu enxergasse o indigno que era, o quão deformado, manchado e sujo eu estava”. Em meio à luta, recorri a meu grande amigo Alípio e lhe disse: “Os ignorantes nos arrebatam o céu e nós, com toda a nossa ciência, nos debatemos em nossa carne”. Assim me encontrava, chorando desconsolado, enquanto perguntava a mim mesmo quando deixaria de dizer “Amanhã, amanhã”… Foi então que escutei uma voz que vinha da casa vizinha… Uma voz que dizia: “Pega e lê. Pega e lê!”.
4. Brilhaste, resplandeceste sobre mim e afugentaste a minha cegueira. Então corri à Bíblia, abri-a e li o primeiro capítulo sobre o qual caiu o meu olhar. Pertencia à carta de São Paulo aos Romanos e dizia assim: “Não em orgias e bebedeiras, nem na devassidão e libertinagem, nem nas rixas e ciúmes. Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo” (Rm 13,13s). Aquelas Palavras ressoaram dentro de mim. Pareciam escritas por uma pessoa que me conhecia, que sabia da minha vida.
5. Exalaste Teu Perfume e respirei. Agora suspiro por Ti, anseio por Ti! Deus… de Quem separar-se é morrer, de Quem aproximar-se é ressuscitar, com Quem habitar é viver. Deus… de Quem fugir é cair, a Quem voltar é levantar-se, em Quem apoiar-se é estar seguro. Deus… a Quem esquecer é perecer, a Quem buscar é renascer, a Quem conhecer é possuir. Foi assim que descobri a Deus e me dei conta de que, no fundo, era a Ele, mesmo sem saber, a Quem buscava ardentemente o meu coração.
6. Provei-Te, e, agora, tenho fome e sede de Ti. Tocaste-me, e agora ardo por Tua Paz. “Deus começa a habitar em ti quando tu começas a amá-Lo”. Vi dentro de mim a Luz Imutável, Forte e Brilhante! Quem conhece a Verdade conhece esta Luz. Ó Eterna Verdade! Verdadeira Caridade! Tu és o meu Deus! Por Ti suspiro dia e noite desde que Te conheci. E mostraste-me então Quem eras. E irradiaste sobre mim a Tua Força dando-me o Teu Amor!
7. E agora, Senhor, só amo a Ti! Só sigo a Ti! Só busco a Ti! Só ardo por Ti!…
8. Tarde te amei! Tarde Te amei, ó Beleza tão antiga e tão nova! Tarde demais eu Te amei! Eis que estavas dentro, e eu, fora – e fora Te buscava, e me lançava, disforme e nada belo, perante a beleza de tudo e de todos que criaste. Estavas comigo, e eu não estava Contigo… Seguravam-me longe de Ti as coisas que não existiriam senão em Ti. Chamaste, clamaste por mim e rompeste a minha surdez. Brilhaste, resplandeceste, e a Tua Luz afugentou minha cegueira. Exalaste o Teu Perfume e, respirando-o, suspirei por Ti, Te desejei. Eu Te provei, Te saboreei e, agora, tenho fome e sede de Ti. Tocaste-me e agora ardo em desejos por Tua Paz!
Santo Agostinho, Confissões 10, 27-29

Santo Agostinho um dos Santos da minha devoção

Conjuntamente com S. Paulo, Santa Catarina de Sena, São Tomás Moro e São Josemaría Escrivá, recorro em oração frequentemente a Santo Agostinho pedindo-lhe que interceda para que tenha humildade de aumentar o meu amor ao Senhor e consequentemente ser sempre teocêntrico.

Salvaguardadas as devidas diferencias, que começam na minha pouca formação e ignorância, Santo Agostinho teve dois Anjos da Guarda na terra, sua mãe, Santa Mónica, e Santo Ambrósio, Bispo de Milão, pessoalmente não pude, a partir dos dezassete anos de idade, usufruir da intercessão terrena da minha mãe, mas João Paulo II, que me cativou logo na cerimónia da sua coroação quando se levantou para abraçar o seu amigo e mentor o Cardeal Stefan Wyszynski (1901/1981) e posteriormente na dignidade e amor à Igreja como viveu a sua enfermidade, foi o Anjo que me ajudou a abrasar o coração, embora o meu regresso à Igreja se tenha verificado cerca de dezoito meses após a sua partida para a Casa do Pai.

Insistindo, sobretudo por respeito, admiração e veneração, que longe de mim comparar-me a esse grande Doutor da Igreja que foi Santo Agostinho, também à sua semelhança andei totalmente perdido, sendo que no caso dele se pode intuir do seu legado escrito, que sempre procurou a Deus, nem sempre pelas melhores vias, mas a sua alma tinha fome e sede do Senhor, enquanto eu cheio de soberba e fingida sabedoria, que mais não era do que pura e total ignorância, sentia-me “rei” de mim mesmo e do mundo. Que figuras tristíssimas fazem os que assim procedem!

É, penso dentro da minha pouca formação, a sua mais conhecida obra, refiro-me a “Confissões”, que em boa hora perguntei a um Sacerdote amigo se já me encontraria preparado para ler, compreender e absorver, tendo a resposta sido positiva, bem-haja Pe. ASL, porque me fez muito bem à alma e me ajudou e ajuda na minha luta diária para tentar ser digno das promessas de Cristo e consequentemente pela minha santificação. Tanto caminho que ainda me falta meu Deus!

Bem-haja Santo Agostinho, e que por tua intercessão eu possa um dia, se for essa a vontade do Senhor, entrar no Seu Reino para conjuntamente contigo, os Anjos e todos os Santos O poder servir e glorificar.

JPR em Agosto de 2010

Santo Agostinho, Bispo de Hipona, Doutor da Igreja

Nasceu em Tagaste, no ano de 354. Africano da Tunísia, era filho de pai pagão e de mãe cristã. Espírito irrequieto e sedento de verdade, enveredou por várias correntes filosóficas e seitas, até chegar ao cristianismo. Andou também pelos meandros da vida amorosa, e por muito tempo viveu em companhia de uma mulher e ambos tiveram um filho. Esta mulher anónima, que Santo Agostinho amava e por ela era amado, e da qual nem sequer nos legou o nome, retornou à África e certamente não foi menor em sua oblação.

Agostinho converteu-se por volta do ano 387 e recebeu o batismo em Milão. Quem o batizou foi o célebre Bispo Santo Ambrósio que, juntamente com Santa Mónica, trabalhou pela sua conversão. Retornando à sua terra, levou vida ascética. Eleito Bispo de Hipona, por trinta e quatro anos esteve à frente de seu povo, ensinando-o e combatendo as heresias. Além de "Confissões", escreveu muitas outras obras. Constitui-se, assim, num dos mais profundos pensadores do mundo antigo. É por muitos considerado o pai do existencialismo cristão. Morreu em Hippo Regius, no dia 28 de Agosto de 430.

(Fonte: Evangelho Quotidiano)