Festa de S. Pio X. Sobre este Santo Pontífice escreve em Cristo que passa: “Peço desculpa de contar de novo uma recordação da minha infância, desta vez relativa a uma imagem que se difundiu muito na minha terra, quando S. Pio X impulsionou a prática da comunhão frequente. Representava Maria a adorar a Hóstia Santa. Hoje, como então e como sempre, Nossa Senhora ensina-nos a falar e a conviver intimamente com Jesus, a reconhecê-Lo e a encontrá-Lo nas diversas circunstâncias do dia e, de um modo especial, nesse instante supremo - o tempo une-se com a eternidade – do Santo Sacrifício da Missa, em que Jesus, com gesto de sacerdote eterno, atrai a si todas as coisas, para as colocar divino afflante Spiritu, por intermédio do sopro do Espírito Santo, na presença de Deus Pai”.
domingo, 21 de agosto de 2022
Catequese de Bento XVI sobre São Pio X
De facto foram numerosas as iniciativas de Pio X: a reorganização da Cúria Romana, o inicio dos trabalhos para a redacção do Código de Direito Canónico, a revisão dos estudos e o “iter” de formação dos futuros padres, com a fundação de vários seminários regionais. Teve muito a peito a formação doutrinal do Povo de Deus e desde os anos em que era pároco tinha redigido um catecismo e durante o seu episcopado na diocese italiana de Mântua tinha trabalhado para que se chegasse a um catecismo único, senão universal, pelo menos italiano.
Como pastor autentico compreendera que a situação da época, também devido ao fenómeno da emigração, tornava necessário um catecismo ao qual cada fiel pudesse referir-se, independentemente do lugar e das circunstancias da vida.
Como pontífice preparou um texto de doutrina cristã para a diocese de Roma, que se difundiu depois na Itália e no mundo. Este Catecismo, chamado de Pio X, foi para muitos um guia seguro para aprender as verdades da fé pela linguagem simples, clara e precisa e pela eficácia de exposição.
Notável atenção dedicou também à reforma da Liturgia, em particular da Musica Sacra para levar os fiéis a uma vida de oração mais profunda e a uma participação nos Sacramentos mais plena.
Ele afirma que o espírito cristão autentico tem a sua primeira e indispensável fonte na participação activa nos sacrossantos mistérios e na oração publica e solene da Igreja. Por isso recomendou o abeirar-se frequentemente dos Sacramentos favorecendo a frequência diária na Sagrada Comunhão, bem preparados, e antecipando oportunamente a Primeira Comunhão das crianças, por volta dos sete anos, quando a criança começa a raciocinar.
Fiel à tarefa de confirmar os irmãos na fé, São Pio X, perante algumas tendências que se manifestaram em âmbito teológico em finais do século XIX e inicio do século XX interveio com decisão, condenando o “Modernismo”, para defender os fiéis de concepções erróneas e promover um aprofundamento cientifico da Revelação em consonância com a Tradição da Igreja. Em 1909 fundou o Instituto Bíblico Pontifício. Os últimos meses da sua vida foram funestados pelo deflagrar da guerra.
O apelo aos católicos do mundo inteiro, lançado a 2 de Agosto de 1914 para exprimir a dor da hora presente, era o grito sofredor do pai que vê os filhos alinhados uns contra os outros. Morreu dali a pouco a 20 de Agosto e a sua fama de santidade começou a difundir-se imediatamente junto do povo cristão.
Mas o que é que São Pio X nos deixa hoje?
São Pio X ensina-nos que na base da nossa acção apostólica, nos vários campos onde actuamos, deve estar sempre uma intima união pessoal com Cristo, que deve ser cultivada, e deve crescer dia após dia: este é o núcleo do seu ensinamento e do seu empenho pastoral. Somente se estivermos enamorados do Senhor, seremos capazes de levar os homens a Deus e abri-los ao Seu amor misericordioso e assim abrir o mundo á misericórdia de Deus.
(Bento XVI na Audiência em Castelgandolfo de 18.08.2010)
São Pio X (1835-1914) - "restaurar as coisas em Cristo"
Seu nome de batismo era José Melquior Sarto, oriundo de família humilde e numerosa, mas de vida no seguimento de Jesus Cristo e da Santa Madre Igreja. Nasceu numa pequena aldeia de Riese, na diocese de Treviso, no norte da Itália, no dia 2 de Junho de 1835.
Desde cedo, José demonstrava ser muito inteligente e, por causa disso, seus pais fizeram grande esforço para que ele estudasse. Todos os dias, durante quatro anos, ainda criança muito jovem caminhava com os pés descalços por quilómetros a fio, tendo no bolso apenas um pedaço de pão para o almoço. E desde criança manifestou sua vontade de ser Padre.
Quando seu pai faleceu, sua mãe, Margarida, uma camponesa corajosa e pia, não permitiu que ele abandonasse o caminho escolhido para auxiliar no sustento da casa.
Ficou no seminário e, aos vinte e três anos, recebeu a Ordenação Sacerdotal com mérito nos estudos.Teve uma rápida ascensão dentro da Igreja. Primeiro, foi vice-vigário em uma pequena aldeia, depois vigário de uma importante paróquia, Cónego da Catedral de Treviso, Bispo da diocese de Mantova, Cardeal de Veneza e, após a morte do grande Papa Leão XIII, foi eleito seu sucessor, com o nome de Pio X, a 4 de Agosto de 1903 com 55 votos em 60.
No Vaticano, José Sarto continuou sua vida no rigor da simplicidade, modéstia e pobreza. A este propósito, quando reparou que às refeições lhe abriam sempre uma garrafa de vinho da qual apenas ingeria um copo, ordenou que lhe passassem a pôr na mesa e servir as garrafas até terem terminado.
Surpreendeu o mundo católico quando adoptou como lema de seu pontificado "restaurar as coisas em Cristo".
Tal meta traduziu-se em vigilante atenção à vida interna da Igreja. Realizou algumas renovações dentro da Igreja, criando bibliotecas eclesiásticas e efectuando reformas nos seminários, tendo reformado também, o breviário.
Pelo grande amor que dispensava à música sagrada, renovou-a.
A sua intensa devoção à Eucaristia permitiu que os fiéis pudessem receber a comunhão diária, autorizando, também, que a primeira comunhão fosse ministrada às crianças a partir dos sete anos de idade.
Instituiu o ensino do Catecismo em todas as paróquias e para todas as idades, como caminho para recuperar a fé, e impôs-se fortemente contra o modernismo.
Outra importante característica de sua personalidade era a bondade suave e radiante que todos notavam e sentiam na sua presença.
Pio X não foi apenas um teólogo. Foi um Pastor dedicado e, sobretudo, extremamente devoto, que sentia satisfação em definir-se como "um simples pároco do campo".
Ficou muito amargurado quando previu a Primeira Guerra Mundial e sentiu a impotência de nada poder fazer para que ela não acontecesse.
Possuindo o dom da cura, ainda em vida intercedeu em vários milagres. Consta dos relatos que as pessoas doentes que tinham contacto com ele se curavam. Discorrendo sobre tal facto, ele mesmo explicava como sendo "o poder das chaves de São Pedro". Quando alguém o chamava de "Padre Santo", ele corrigia sorrindo: "Não se diz santo, mas Sarto", numa alusão ao seu sobrenome de família.
Pio X faleceu no dia 20 de Agosto de 1914, aos setenta e nove anos. O povo, de imediato, passou a venerá-lo como um santo.
A 29 de Maio de 1954 ele foi oficialmente canonizado pelo Papa Pio XII
(Diversas fontes com edição e adaptação de JPR)