sexta-feira, 13 de maio de 2022

O insulto

Assistimos angustiados ao sofrimento de multidões de ucranianos. Continua a haver numerosas guerras, diz o Papa, «contudo, esta guerra cruel e insensata, como todas as guerras, tem uma dimensão maior e ameaça o mundo inteiro; não pode deixar de interpelar a consciência de cada cristão e de cada igreja». Tantas dezenas de milhar de ucranianos mortos, milhões de ucranianos perseguidos, separados da família, refugiados em países que não conhecem! Os jornais contam um a um os dias que este conflito horrível se arrasta, sem se vislumbrar no horizonte a esperança de que a comunidade internacional consiga travar os russos.


Do lado russo, há milhares de soldados mortos, a economia afunda-se no esforço de conquistar a Ucrânia e ouve-se o estribilho doloroso de uma injúria repetida contra quase todos os habitantes do mundo. Qual a origem deste insulto?


Nazis e soviéticos começaram de candeias às avessas, até ao pacto de 1939 que definiu entre eles a expansão territorial de ambos. A Alemanha ficava com direito a anexar países vizinhos e metade da Polónia; a União Soviética conquistava a Estónia, a Lituânia, a Letónia e partes da Polónia, da Roménia, além de manter em seu poder a Bielorrússia, a Ucrânia, a Chechénia, a Geórgia, etc. Nessa altura em que o pacto foi útil para o alargamento do domínio soviético, os alemães eram os «irmãos nacional-socialistas». O problema surgiu quando, depois de engordar a União Soviética com tantas conquistas, Hitler decidiu invadi-la. Nessa batalha, longa e sangrenta, alguns povos apoiaram a Rússia para se verem livres dos nazis e outros, como a Ucrânia, juntaram-se à Alemanha para se verem livres da Rússia. O resultado do gigantesco conflito cifrou-se em dezenas de milhões de mortos e, como a Alemanha acabou derrotada, os soviéticos apoderaram-se de todos os países do pacto, mais a Hungria, a Bulgária, parte da Alemanha, da Finlândia e falharam, por um triz, a Áustria. Além dos extensos territórios que anexaram a Sul.


Os dois insultos mais fortes do léxico comunista, «nazi» e «fascista», remontam a essa traição dos nazis. Nunca mais se falou de «irmãos nacional-socialistas». Até hoje, todos aqueles que os comunistas combatem são «nazis e fascistas». Não importa se as pessoas não sentem afinidade com o nazismo ou o fascismo. Se são alvo da ira comunista são, por definição, «nazis e fascistas».


Aliás, esse é justamente o ingrediente fundamental de um insulto: atribuir a alguém um conceito que ele rejeita. Se chamarem «russo» ao Putin, ou «ucraniano» ao Zelenskiy, eles agradecem, tal como se chamassem «nazi» ao Hitler, ele respondia alegremente «Heil!» e se chamassem fascista ao Mussolini, este dizia comprazido «Eia, eia, eia! Alalà!». Em contrapartida, qualquer saudação se torna insultuosa quando se aplica à pessoa errada. Se chamarem «ucraniano» ao Putin, ele não acha graça. O mesmo, se chamarem «russo» ou «nazi» ao Zelenskiy. Ou se chamarem «mulher» a um homem, ou «homem» a uma mulher.


Ainda hoje, nos meios ligados à tradição comunista soviética, as palavras «nazi» e «fascista» são as mais usadas para insultar quem quer que seja. Por isso os comunistas de orientação chinesa lhes chamam precisamente «social-fascistas», para os enfurecer maximamente.


Quando o regime comunista implodiu e a Rússia concedeu a liberdade a muitos países —entre eles, a Ucrânia—, trocou o próprio nome de União Soviética para Federação Russa, para significar que abandonava a ditadura e começava uma era de paz e liberdade. Desde 1991 até agora, os ucranianos era um povo-irmão, reconhecido pela Rússia; agora, a Rússia decidiu invadi-los e recuperou o antigo insulto: fascistas! Nazis!


Por mero acaso, o chefe desses «nazis» é filho de judeus, tão duramente perseguidos pelo regime nazi que Zelenskiy não tem nenhuma simpatia pelo nazismo… Mas é da essência do insulto não se adequar ao ofendido!


Corre pela internet a imagem desta página, retratando humoristicamente os países do mundo tal como o regime russo os classifica, em variantes de nazi-fascismo. Podíamos acrescentar os «neo-fascistas» e mais variantes divertidas. Os epítetos mais cómicos são o da América do Sul («futebolistas nazis») e sobretudo o da Austrália. Como a Austrália está no hemisfério Sul, são nazis de pernas para cima e cabeça para baixo: o insulto escreve-se de pernas para o ar.

José Maria C.S. André

Maio - Fátima

NOSSA SENHORA DE FÁTIMA 13 Maio

Nota Histórica    

No ano 1917, quando o mundo se debatia ainda nas violências e atrocidades da guerra, a Virgem Maria apareceu seis vezes em Fátima a três pastorinhos, Lúcia, Jacinta e Francisco. Por meio deles, a Santa Mãe de Deus recomendou insistentemente aos homens a firmeza da fé e o espírito de oração, penitência e reparação. O culto de Nossa Senhora de Fátima, depois de ter sido aprovado pelo Bispo da diocese e mais tarde confirmado pela Autoridade Apostólica, foi especialmente honrado com a peregrinação do papa Paulo VI ao local das aparições no ano 1967 e João Paulo II nos anos 1982 e 1991.

Maria, Mãe da Igreja e Advogada dos fiéis

Por ocasião das cerimónias religiosas que têm lugar nestes dias em Fátima, Portugal, em honra da Virgem Mãe de Deus, onde acorrem numerosas multidões de fiéis para venerarem o seu coração maternal e compassivo, desejamos mais uma vez chamar a atenção de todos os filhos da Igreja para o inseparável vínculo que existe entre a maternidade espiritual de Maria e os deveres que têm para com Ela os homens resgatados.

Julgamos ser de grande utilidade para as almas dos fiéis considerar duas verdades muito importantes para a renovação da vida cristã.

A primeira verdade é esta: Maria é Mãe da Igreja, não só por ser Mãe de Jesus Cristo e sua íntima colaboradora na nova economia da graça, quando o Filho de Deus n’Ela assumiu a natureza humana para libertar o homem do pecado mediante os mistérios da sua carne, mas também porque brilha à comunidade dos eleitos como admirável modelo de virtude.

Depois de ter participado no sacrifício redentor de seu Filho, e de maneira tão íntima que mereceu ser por Ele proclamada Mãe não somente do discípulo João, mas – seja consentido afirmá-lo – do género humano, por este de algum modo representado, Ela continua agora no Céu a desempenhar a sua função materna de cooperadora no nascimento e desenvolvimento da vida divina em cada alma dos homens remidos.

Mas de que modo coopera Maria no crescimento da vida da graça nos membros do Corpo Místico? Antes de tudo, pela sua oração incessante, inspirada por uma ardentíssima caridade. A Virgem Santa, de facto, gozando embora da contemplação da Santíssima Trindade, não esquece os seus filhos que caminham, como Ela outrora, na peregrinação da fé; pelo contrário, contemplando-os em Deus e conhecendo bem as suas necessidades, em comunhão com Jesus Cristo que está sempre vivo para interceder por nós, deles se constitui Advogada, Auxiliadora, Amparo e Medianeira.

No entanto, a cooperação da Mãe da Igreja no desenvolvimento da vida divina nas almas não consiste apenas na sua intercessão junto do Filho. Ela exerce sobre os homens remidos outra influência importantíssima, a do exemplo, segundo a conhecida máxima: as palavras movem, o exemplo arrasta. Realmente, tal como os ensinamentos dos pais adquirem maior eficácia quando são acompanhados pelo exemplo duma vida conforme as normas da prudência humana e cristã, assim também a suavidade e o encanto das excelsas virtudes da Imaculada Mãe de Deus atraem irresistivelmente as almas para a imitação do divino modelo, Jesus Cristo, de que Ela foi a mais perfeita imagem.

Mas nem a graça do divino Redentor nem a poderosa intercessão de sua e nossa Mãe espiritual poderiam conduzir-nos ao porto da salvação, se a tudo isso não correspondesse a nossa perseverante vontade de honrar Jesus Cristo e a Virgem Mãe de Deus com a fiel imitação das suas sublimes virtudes.

É, pois, dever de todos os cristãos imitar religiosamente os exemplos de bondade que lhes deixou a Mãe do Céu. É esta a segunda verdade sobre a qual nos agrada chamar a vossa atenção. É em Maria que os cristãos podem admirar o exemplo que lhes mostra como realizar, com humildade e magnanimidade, a missão que Deus confiou a cada um neste mundo, em ordem à sua eterna salvação e à do próximo.

Uma mensagem de suma utilidade parece chegar hoje aos fiéis da parte d’Aquela que é a Imaculada, a toda santa, a cooperadora do Filho na restauração da vida sobrenatural das almas. A santa contemplação de Maria incita-os, de facto, à oração confiante, à prática da penitência, ao santo temor de Deus, e recorda-lhes com frequência aquelas palavras com que Jesus Cristo anunciava estar perto o reino dos Céus: Arrependei-vos e acreditai no Evangelho, bem como a sua severa advertência: Se não vos arrependerdes, perecereis todos de maneira semelhante.

Comemorando-se este ano o vigésimo quinto aniversário da solene consagração da Igreja a Maria Mãe de Deus e ao seu Coração Imaculado, feita pelo Nosso Predecessor Pio XII no dia 31 de Outubro de 1942, por ocasião da Rádio-Mensagem à Nação Portuguesa – consagração que Nós mesmo renovámos no dia 21 de Novembro de 1964 – exortamos todos os filhos da Igreja a renovar pessoalmente a sua própria consagração ao Coração Imaculado da Mãe da Igreja e a viver este nobilíssimo acto de culto com uma vida cada vez mais conforme à vontade divina, em espírito de serviço filial e devota imitação da sua celeste Rainha.

(Da Exortação Apostólica Signum magnum do Papa Paulo VI, Dia 13 de Maio de 1967: AAS 56, 1967, 4-473, 475)

Visitar um Santuário Mariano

«Como dizia Bento XVI num santuário mariano: para o homem em busca, este convite transforma-se sempre de novo num pedido espontâneo, um pedido que se dirige em particular a Maria, que nos deu Cristo como seu Filho: “Mostra-nos Jesus!”. Assim rezamos hoje com todo o coração. E assim rezamos também, para além deste momento, interiormente, em busca do Rosto do Redentor. “Mostra-nos Jesus!”. Maria responde, apresentando-O diante de nós, antes de mais, como Menino. Deus fez-se pequenino para nós. (Homilia no Santuário de Mariazell, 8-IX-2007).

Excerto carta de Maio 2009 de D. Javier Echevarría

A mais profética das aparições modernas

«Decorre hoje o nonagésimo aniversário (2007) das Aparições de Nossa Senhora em Fátima. Com o seu veemente apelo à conversão e à penitência é, sem dúvida, a mais profética das aparições modernas. Vamos pedir à Mãe da Igreja, Ela que conhece os sofrimentos e as esperanças da humanidade, que proteja nossos lares e nossas comunidades».

(Bento XVI - Regina Caeli – 13/V/2007 – Santuário de Aparecida)

«No dia 13 de Maio recordamos uma daquelas manifestações: a primeira apari­ção da Santíssima Virgem Maria em Fátima. Que ressoe nos nossos ouvidos a mensagem de oração, de conversão, de reparação pelos pecados, que com tanta força se difunde daquele santuário mariano. Como é lógico, agradeçamos especialmente a protec­ção que Nossa Senhora dispensou ao Papa João Paulo II, salvando a sua vida do atentado de 13 de Maio de 1981. E recordemos também, com agradecimento, as muitas vezes que S. Josemaría se prostrou perante Ela na capelinha, impetrando o seu auxílio maternal para a Igreja, para a Obra, para todas as almas. Repetiu frequentemente que aquele lugar era o seu ‘refúgio’».

(D. Javier Echevarría, excerto carta de Maio de 2008)