Quando acabaram as perseguições
mais duras, no século IV, a Igreja decidiu que o dia 25 de Dezembro se prestava
a celebrar o nascimento de Jesus Cristo, o verdadeiro invencível. Os dados
disponíveis situam esse nascimento à volta do ano 7 ou 5 antes de Cristo, na
cidade de Belém, origem da dinastia de David, mas desconhece-se o dia ou o mês
em que Jesus nasceu.
A festa do Natal adquiriu rapidamente
tradições encantadoras, que ajudam a contemplar o amor de Deus por nós. Quando
o próprio Deus Se faz homem para viver connosco, que se pode acrescentar a esta
mensagem tão eloquente, dita sem palavras? A sensibilidade cristã juntou ao Natal
o costume de dar prendas às crianças, de decorar as casas de luzes, de saborear
bolos e vinhos, de cantar melodias, especialmente comoventes na sua
simplicidade.
O Sol invencível não foi destronado
por um meteorito maior do que ele, ou engolido pelo frio da noite, foi
suavemente posto de parte por um bebé adorável, que nestes dias cobrimos de
beijos e de mimos, porque nasceu para desafiar a nossa iniciativa de amar.
O Imperador Aureliano homenageava
o seu ídolo proclamando-lhe uma espécie de triunfo militar. Tão longe do estilo
de Deus! O contraste não poderia ser mais flagrante!
Este Jesus Menino, frágil e
pequenino, vence sem palavras as batalhas que contra Ele travam os grandes da
História, para O expulsar das nossas vidas, até para purificar a moral ou a
religião.
Por exemplo, em 1640, o tirano
inglês Oliver Cromwell proibiu o Natal e substituiu-o por uma jornada de jejum
e penitência, para combater o deleite e a ternura que o Natal inspiram. Esse
intitulado «Protector do Povo», que condenou tanta gente à morte, confundiu a
mensagem de Jesus com o reino da miséria. Só 20 anos mais tarde os ingleses se
viram livres deste furor de religiosidade puritana e recuperaram o seu Natal.
Noutros casos, a loucura exprime-se com condescendências cómicas. Em França, o Conselho Superior do Audiovisual (CSA, Conseil supérieur de l’audiovisuel) decidiu não condenar uma pequena cadeia de televisão, a C8, por ter transmitido uma Missa, com o argumento de que não tinha chegado a ocasionar «uma perturbação da ordem pública» e, ao fim de dois meses e meio de intensos estudos, os sábios do CSA também condescenderam em não proibir o filme «Unplanned», que conta uma história real de infelicidade de quem fez abortos, embora tenha criticado a C8 e, por pressão do Governo, tenha sido preciso avisar os telespectadores de que «as mulheres têm direito a dispor do seu corpo como lhes apetecer, conforme garantido pela lei, etc.».
Boa oportunidade para reler a
Carta apostólica «Admirabile signum» do Papa Francisco, sobre o significado do
Presépio (1 de Dezembro de 2019). Jesus, à sua maneira, é o invencível. À sua
maneira.
Feliz Natal!
José Maria C.S. André