sábado, 2 de outubro de 2021

Aprender com os gregos

Porque estudamos os gregos e não estudamos tanto outros povos da Antiguidade? Porque tem tanta importância a cultura grega para a nossa cultura actual?

Perguntas como estas são feitas por Ricardo Moreno, autor de um livro muito sugestivo: “Los griegos y nosotros: De cómo el desprecio por la Antigüedad destruye la educación”.

É verdade que na Grécia Antiga se fizeram coisas muito belas. Mas também é verdade que se fizeram coisas lindíssimas tanto no Egipto como na Babilónia. No entanto, os gregos não só fizeram coisas belas, mas reflectiram a fundo sobre o que significa a beleza.

Também desenvolveram a matemática, como o fizeram de um modo parecido no Egipto e na Babilónia. Mas os gregos, além disso, reflectiram sobre a natureza dos conceitos matemáticos. De igual modo reflectiram sobre o amor e a amizade, a paz e a guerra, o heroísmo e a covardia.

Eles não só produziam coisas, mas reflectiam sobre aquilo que faziam. Ou seja, os gregos filosofavam.

E ao reflectirem com calma davam-se conta de que nem sempre a técnica (por muito maravilhosa e inovadora que ela seja) está ao serviço do bem integral do ser humano.

É uma ingenuidade perigosa pensar que a técnica por si mesma significa um progresso do mundo actual. Para que isso seja assim, ela deve estar acompanhada por uma reflexão que marque os seus limites éticos e explore as suas possibilidades mais humanas.

A mesma energia atómica pode servir para curar doenças ou para dizimar populações inteiras.

Duas grandes lições nos ensinaram os gregos: o saber que reflexiona sobre si mesmo (filosofia) e o saber que é um valor em si mesmo à margem da sua utilidade (cultura).

Pe. Rodrigo Lynce de Faria

A eutanásia e a Bíblia

O Papa menciona este quadro e cita este trecho de uma carta de um amigo de S. Jerónimo:  «Totalmente metido na leitura, embrenhado nos livros; não descansa de dia nem de noite; sempre está a ler ou a escrever qualquer coisa».
Roma publicou recentemente três documentos de grande relevância. O mais importante é a nova Encíclica sobre a fraternidade humana, assinada ontem pelo Papa em Assis. Não a apresentamos agora porque só será tornada pública a 4 de Outubro.


Os outros dois documentos são a Carta «Samaritanus bonus» (14 de Julho) e a Carta apostólica «Scripturæ sacræ affectus» (30 de Setembro).


REJEIÇÃO DE TODAS AS FORMAS DE EUTANÁSIA



O primeiro texto é uma afirmação enérgica do valor de toda a vida humana e uma rejeição absoluta de todas as formas de eutanásia. O cuidado de cada pessoa é parte integrante da nossa relação com Deus, mas não é só um imperativo ético para os cristãos: todos os homens têm a obrigação moral de defender a vida.


– «É a dignidade da vida humana que está em jogo!» – clama com força o Papa Francisco.


A recusa do aborto e da eutanásia são fundamentos básicos da ordem social. Em nenhum caso se pode colaborar nestes crimes, ou sequer facilitar que outros os cometam.


A Santa Sé cita a doutrina da Igreja, continuamente defendida ao longo dos séculos, expressa solenemente no Concílio Vaticano II, no Catecismo da Igreja Católica, na Carta «Salvifici doloris» e nas Encíclicas «Evangelium vitæ», «Centesimus annus», «Veritatis splendor» de João Paulo II, nas Encíclicas «Deus caritas est» e «Spe salvi» e em vários discursos de Bento XVI, na Encíclica «Laudato si’» e nas Exortações apostólicas «Evangelii gaudium» e «Amoris laetitia» e em numerosos outros textos do actual Papa, corroborada ainda em intervenções de Pio XII e de autores mais antigos.


O contraste com a apatia intelectual da opinião pública portuguesa não podia ser mais escandaloso. O nosso parlamento ignora preguiçosamente as tomadas de posição em favor da dignidade humana (nem sequer se dá ao trabalho de debater este documento da Santa Sé!) e prepara-se para aprovar mais uma lei iníqua.

 

S. JERÓNIMO E A BÍBLIA


Na passada quarta-feira o Papa publicou a Carta apostólica «Scripturæ sacræ affectus», a comemorar os 1600 anos da morte de S. Jerónimo, conhecido pela monumental tradução da Bíblia para o latim. Graças aos trabalhos preparatórios de grandes génios, como as Hexaplas de Orígenes, e ao apoio de várias pessoas, conseguiu elaborar uma nova tradução da Bíblia de extraordinária qualidade. Além de S. Jerónimo ser um literato exímio em latim e dominar o grego, o hebraico e o aramaico, recorreu a outros especialistas para encontrar a palavra adequada a cada caso. O empreendimento durou muitos anos intensos, mas valeu a pena! Rapidamente a tradução de S. Jerónimo se impôs e foi adoptada pela Igreja durante mais de mil anos. Esta tradução, com algum retoque posterior, costuma designar-se como a versão latina «Vulgata», isto é, a «mais difundida».


A última revisão começou em 1907, por iniciativa do Papa S. Pio X, que confiou o encargo à Ordem Beneditina. O trabalho era tanto que tiveram de convocar outros estudiosos. Em 1933, Pio XI incumbiu a Abadia Pontifícia de S. Jerónimo de dirigir o trabalho e, posteriormente, intervieram muitos outros, sobretudo Jesuítas e Dominicanos. Várias gerações de biblistas trabalharam anos a fio. A obra foi tão meticulosa que só avançava poucas páginas por ano, até finalmente João Paulo II receber o resultado completo e o promulgar em 1979. O texto revisto chama-se «Neovulgata».

É verdade que as diferenças entre a Vulgata e a Neovulgata são relativamente poucas e são questões de pormenor, contudo, a Bíblia é tão importante para a Igreja que o mínimo pormenor é relevante.


Referindo-se a S. Jerónimo nesta Carta apostólica, Francisco sublinha o seu apaixonado amor a Deus, à Palavra de Deus, à Igreja e ao Papa, porque Deus quis revelar-Se através da comunhão com o Povo de Deus. Como diz Francisco citando Bento XVI: «A Bíblia foi escrita pelo Povo de Deus e para o Povo de Deus, sob a inspiração do Espírito Santo. Somente com o “nós”, isto é, nesta comunhão com o Povo de Deus podemos realmente entrar no núcleo da verdade que o próprio Deus nos quer dizer». A Bíblia é um texto que não vive fora da comunhão com a Igreja e com o Papa.


José Maria C.S. André


N. Spe Deus: por dificuldades em entender a nova configuração da plataforma em que o blogue é editado na primeira imagem de São Jerónimo deveria estar a seguinte legenda: 

O Papa menciona este quadro e cita este trecho de uma carta de um amigo de S. Jerónimo:

«Totalmente metido na leitura, embrenhado nos livros; não descansa de dia nem de noite; sempre está a ler ou a escrever qualquer coisa».

Aniversário da fundação do Opus Dei

«Recebi a iluminação sobre toda a Obra, enquanto lia aqueles papéis. Comovido ajoelhei-me - estava só no meu quarto, entre duas pregações - dei graças ao Senhor, e recordo com emoção o tocar dos sinos da paróquia de Nossa Senhora dos Anjos.» Josemaria Escrivá

Aniversário do Opus Dei

No dia 2 de Outubro de 1928, S. Josemaria Escrivá "viu" o Opus Dei: um caminho de santificação no meio do mundo. Oferecemos um vídeo no qual S. Josemaria explica a espiritualidade da Obra.

Andrés Vázquez de Prada, biógrafo de S. Josemaria, relata assim aquele 2 de Outubro de 1928:

"Numa terça-feira de manhã, 2 de Outubro, festa dos Anjos da Guarda, depois de celebrar missa, o Padre Josemaria encontrava-se no seu quarto lendo as notas que tinha trazido consigo. De repente, sobreveio-lhe uma graça extraordinária, que entendeu como a resposta do Senhor àquelas insistentes petições de Domine, ut videam! e Domine, ut sit!

Sempre guardou uma compreensível reserva sobre este maravilhoso acontecimento e sobre as suas circunstâncias pessoais. Justamente três anos mais tarde descreverá o essencial do ocorrido:

Recebi a iluminação sobre toda a Obra, enquanto lia aqueles papéis. Comovido ajoelhei-me - estava só no meu quarto, entre uma prática e outra no retiro - dei graças ao Senhor, e recordo com emoção o tocar dos sinos da paróquia de Nossa Senhora dos Anjos.

Sob a luz potente e inefável da graça mostrou-se-lhe a Obra no seu conjunto; «vi» é a palavra que usava sempre ao definir este acontecimento. Esta inesperada visão sobrenatural absorvia em si todas as parciais inspirações e iluminações do passado, repartidas pelas notas soltas que estava então lendo, e projectava-as para o futuro, com nova plenitude de sentido."

Santos Anjos da Guarda

Os Anjos são antes de tudo os mediadores das mensagens da verdade Divina, iluminam o espírito com a luz interior da palavra. São também guardiões das almas dos homens, sugerindo-lhes as diretivas Divinas; invisíveis testemunhas dos seus pensamentos mais escondidos e das suas ações boas ou más, claras ou ocultas, assistem os homens para o bem e para a salvação. São Gregório Magno diz, que quase cada página da Revelação escrita, atesta a existência dos Anjos. No Novo Testamento aparecem no Evangelho da infância, na narração das tentações do deserto e da consolação de Cristo no Getsemani. São testemunhas da Ressurreição, assistem a Igreja que nasce, ajudam os Apóstolos e transmitem a vontade Divina. Os Anjos preparam o juízo final e executarão a sentença, separando os bons dos maus e formarão uma coroa ao Cristo triunfante. Eles os Anjos, são mencionados mais de trezentas vezes no Antigo Testamento. Além de todas essas referências bíblicas, que por si só justificam o culto especial que os cristãos reservam aos anjos desde os primeiros tempos, é a natureza destes "espíritos puros" que estimula nossa admiração e nossa devoção.

Dizia Bozzuet : "Os Anjos oferecem a Deus as nossas esmolas, recolhem até os nossos desejos, fazem valer diante de Deus os nossos pensamentos... Sejamos felizes de ter amigos tão prestativos, intercessores tão fiéis, intérpretes tão caridosos." Fundamentando a verdade de fé, a Igreja nos diz que cada cristão, desde o momento do batismo, é confiado ao seu próprio Anjo, que tem a incumbência de guardá-lo, guiá-lo no caminho do bem, inspirando bons sentimentos, proporcionando a livre escolha que tem como meta Deus, Supremo Bem. A liturgia do dia 29 de Setembro, que celebramos São Miguel, São Gabriel e São Rafael, lembra ao mesmo tempo todos os coros angélicos: os Anjos, os arcanjos, os Tronos, as Dominações que adoram, as Potestades que tremem de respeito diante da Majestade Divina, os céus, as virtudes, os bem-aventurados serafins e os querubins.

(Fonte: Evangelho Quotidiano)