domingo, 5 de setembro de 2021

Que o Senhor nos dê a Sua graça para exaltar a Santa Cruz

Em setembro, gostava de vos recordar dois pontos cardeais da existência cristã, inseparavelmente unidos entre si, e que devem fundamentar as nossas vidas pessoais: a Cruz e a alegria. Não existe uma alegria profunda se não se baseia na entrega de Jesus no Madeiro da Cruz. Assim o manifesta a liturgia com a festa da Exaltação da Santa Cruz, no próximo dia 14, ao lembrar-nos o cumprimento das palavras de Nosso Senhor: Eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a Mim [1].

Precisamente nessa festa, em 1938, S. Josemaria anotou: Pedi ao Senhor, com toda a força da minha alma, que me dê a Sua graça para exaltar a Santa Cruz nas minhas faculdades e nos meus sentidos… Uma vida nova! Um sinete para dar firmeza à autenticidade da minha missão… Josemaria, na Cruz! Veremos, veremos [2]. Unidos ao pedido de S. Josemaria, supliquemos sinceramente ao Senhor que nos conceda a graça de colocar bem alta a Santa Cruz na nossa alma e no nosso corpo, nas nossas potências e sentidos e, sem medo! Porque estar muito perto da Cruz – com Cristo na Cruz, como S. Josemaria repetiu – enche de paz e serenidade, mesmo que resistamos talvez um pouco, num primeiro momento. Nessa altura é muito oportuno recordar aquele ponto de Caminho: Tu o queres, Senhor? Eu também o quero![3]

Esforcemo-nos por transmitir esta aspiração com a palavra e com o compor¬tamento: amando o sacrifício, também quando aparecer de forma inesperada, e procurando-o de forma ativa nas pequenas coisas do dia-a-dia: In laetítia, nulla dies sine cruce. Senhor, não queremos deixar passar nenhum dia sem Cruz, sempre com alegria e paz.

Consideremos como procuramos embeber-nos desta realidade. Naquelas alturas em que o nosso eu se levanta rebeldemente, e vemos a necessidade de nos negarmos a nós mesmos, fazemo-lo com alegria? Compreendemos que essa atitude, necessária para servir os outros por Deus, é sinal seguro do verdadeiro amor? Entendemos que para seguir Jesus de perto precisamos de ir superando todas as manifestações do pensar demais em nós próprios?

[1]. Jo 12, 32.
[2]. S. Josemaria, Apontamentos íntimos, n. 1587 (14-IX-1938); em A. Vázquez de Prada, “Josemaria Escrivá - Fundador do Opus Dei”, vol. II, p. 256-257.
[3]. S. Josemaria, Caminho, n. 762.

(D. Javier Echevarría na carta do mês de agosto de 2015)
© Prælatura Sanctæ Crucis et Operis Dei

Carta do Papa João Paulo II à Madre Teresa de Calcutá

À dilecta Filha
Irmã Teresa de Calcutá

Com vivo apreço fui informado de que, por ocasião do XX aniversário da inauguração da Faculdade de Medicina e Cirurgia da Universidade Católica do Sagrado Coração, as Autoridades Académicas decidiram unanimemente conferir-Lhe o doutoramento "honoris causa" em Medicina e Cirurgia, como reconhecimento pelos méritos excepcionais por Si adquiridos levando o alívio da medicina aplicada e da assistência às várias formas de sofrimento humano.

A iniciativa parece particularmente feliz. Ela assume, de facto, o valor de um gesto simbólico, mediante o qual a Faculdade de Medicina e Cirurgia pretende indicar o sentido último do próprio esforço de estudo e de pesquisa nos diversos campos da ciência: isto é, o sentido de um serviço ao homem, serviço que, animado pelo amor, não se limita ao corpo, mas atinge o espírito, para nele suscitar a chama da esperança no mundo transcendente dos valores cristãos.

Com esta finalidade foi fundada há 20 anos esta Faculdade. Desejou-se, nessa ocasião, criar um Centro no qual, quem se sentisse chamado à nobre arte da Medicina, pudesse receber não só uma profunda preparação científica mas também uma sólida formação cristã, que o tornasse capaz de testemunhar Cristo mesmo no exercício da profissão sanitária. Quis-se, então, dar vida a uma Instituição na qual — para empregar as palavras do próprio Fundador da Universidade Católica — o jovem fosse orientado a "imprimir à própria actividade uma fisionomia bem característica, a do crente que julga e valoriza cada coisa e cada acontecimento do ponto de vista cristão" (cf. Vita e Pensiero XLI, 1958, n. 1).

À luz destes ideais, a Faculdade de Medicina da Universidade Católica procurou caminhar com constante empenho e dedicação nestes 20 anos de vida. E a celebração hodierna é-me propícia para exprimir — ao mesmo tempo que me uno de coração à comemoração desta data — vivo apreço pelas metas alcançadas e sinceros votos de progresso crescente na irradiação da sua obra, inspirada e apoiada pelo amor fraterno e pela fé profunda.

A fé cristã, aliás — a caríssima Irmã oferece dela amplo testemunho com a sua vida — não altera nem reprime, mas pelo contrário ilumina com reflexos superiores aquele serviço à vida humana, que é tarefa específica da Medicina. De facto, como não reconhecer a nova riqueza de motivações, que a tal serviço propicia a capacidade de descobrir, na fé, o fulgor da imagem divina, impressa na face de cada homem, que  dela extrai a intangibilidade do próprio ser e a dignidade transfigurada das próprias enfermidades?

Sei bem como tal conhecimento tenha animado constantemente o seu empenho e o das pessoas generosas que, em número crescente, se foram unindo a Si, compartilhando o ideal de doação total a cada categoria de doentes, de pobres, de marginalizados, de pessoas que trazem no corpo e no espírito o sinal ardente do sofrimento. Com o seu exemplo demonstra, Madre Teresa, como as palavras evangélicas: "Tive fome e destes-me de comer, tive sede e destes-me de beber; era peregrino e recolhestes-me, estava nu e destes-me de vestir, adoeci e visitastes-me, estive na prisão e fostes ter comigo" (Mt 25, 35 s.) valem para abrir, perante o coração do crente, horizontes novos, nos quais a realidade do sofrimento humano se põe como "sacramento" da presença transcendente de Cristo.

Renovo, portanto, a expressão do meu apreço pela oportuna iniciativa académica, que A vê hoje merecidamente premiada e, ao mesmo tempo que invoco sobre Si e sobre a sua atividade copiosa efusão de favores celestes, concedo-Lhe de coração a propiciadora Bênção Apostólica, que de bom grado faço extensiva aos Professores e aos Alunos da querida Universidade Católica e a todos os que participaram na significativa cerimónia.

Do Vaticano, 10 de Dezembro de 1981, quarto de Pontificado

JOÃO PAULO PP. II

Santa Teresa de Calcutá

Agnes Gonxha Bojaxhiu nome de batismo da que ficou mundialmente conhecida por Madre Teresa de Calcutá, nasceu na Albânia (então Macedónia) e tornou-se cidadã indiana, em 1948. Prémio Nobel da Paz em 1979. Oriunda de uma família católica, aos doze anos já estava determinada a ser missionária. Começou por fazer votos na congregação das Irmãs de Nossa Senhora do Loreto, aos 18 anos, na Irlanda, onde viveu. A sua vida na Índia começou como professora. Só ao fim de dez anos sentiu necessidade de criar a congregação das Irmãs da Caridade e dedicar a sua longa vida aos pobres abandonados e mais desprotegidos de Calcutá. Entre as suas prioridades estava matar a fome e ensinar a ler aos "mais pobres entre os pobres", bem como a leprosos, portadores de SIDA/AIDS e mulheres abandonadas. Depois do Prémio Nobel, em 1979, passou a ser muito conhecida e as Irmãs da Caridade estão em centenas de países do Mundo. O seu exemplo de dedicação sem temer contrair doenças contagiosas, a sua vida exemplar, sempre na sua fé católica deram-lhe, em vida, a certeza de que era santa. Foi canonizada em Roma pelo Papa Francisco no dia 4 de setembro de 2016..

(Fonte: Evangelho Quotidiano)